Após dois anos de execução, o projeto que identificou e mapeou os eventos climáticos extremos e fenômenos naturais associados que chamaram a atenção para o Pantanal nos últimos seis anos, tanto por suas dimensões, quanto pelos efeitos sobre a economia, ambiente e, principalmente, afetaram as populações pantaneiras, chega ao fim e apresenta os resultados desta iniciativa em um “Plano de Prevenção, Mitigação e Adaptação aos Impactos de Eventos Climáticos Extremos no Pantanal”.
Ao todo, estiveram envolvidas mil pessoas direta e cerca de 3 mil indiretamente em todas as fases da execução deste projeto, além de uma expedição que percorreu – durante quase um ano – todo o Pantanal nos Estados de Mato Grosso do Sul (MS) e Mato Grosso (MT), promovendo o dialogo com as populações locais e realizando aplicação de questionários, oficinas de capacitação e também mobilização das populações tradicionais para a discussão sobre o tema com especialistas e pesquisadores.
Confira as principais vulnerabilidades identificadas com base nos levantamentos de campo que foram realizados:
• Alteração dos Ciclos hidrológicos: são cheias com durações menores, águas que sobem rápidas e fortes, córregos e baias que estão secando. No Pantanal norte, a alteração esta ligada à inconstância das águas, o fato foi relacionado às Centrais Hidrelétricas.
• As temperaturas têm subido em todas as regiões e com elas a sensação térmica de calor, também foi relatada o aumento de queimadas, e maior período de estiagem, o que acarreta no caso do Paiaguás a falta de água para consumo.
• Desbarrancamento das margens tem como causas desde a mudança “natural” do rio, a força da água provoca erosão da margem; além do uso de motores de polpa de alta propulsão e sem normas fluviais para as áreas de porto.
• Assoreamento dos rios Pantaneiros: provoca a diminuição do calado dos rios, corixos e canais; e até mesmo o entupimento de bocas de baias.
• Alteração do estoque pesqueiro: a reprodução está fora do período de defeso; E nos Pantanais do norte a alteração está relacionada aos “pequenos pulsos de inundação” que ocorrem nas regiões afetadas pelas barragens instaladas no Planalto.
• O Pantaneiro vive hoje uma “ausência de condições mínimas de existências”, e o que se verifica é um agravamento desta situação com os eventos climáticos extremos.
• Falta estruturação e diversificação de atividades econômicas que possam viabilizar maior renda familiar, diminuindo a vulnerabilidade socioeconômica, sem colocar em risco o ambiente.