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Ilumina analisa artigo da Folha de S. Paulo: “Produção de energia solar em casa traz polêmica para o país”

8 minutos de leitura

– O mundo sabe que energia solar pode ser transformada em eletricidade, mas o Brasil começa a deixar tudo indefinido e ao sabor de interesses empresariais.

– Ocupamos um pedaço ensolarado do planeta e a fotovoltaica traz benefícios para além do dono do telhado.

– Atenção: o pico do consumo é às 15 horas e não às 20 horas, como pensam. Sol brilhando no céu!

– Com placas nos telhados no caso brasileiro (1) o sistema de reservatórios economiza água e (2) as usinas térmicas geram menos energia [e menos poluição].

Só quem não entende o sistema brasileiro é que não percebe que esse é um benefício sistêmico, ou seja, dividido com todos os consumidores. Isso quer dizer que um consumidor com fotovoltaicas no atual cenário brasileiro alivia custos para outros consumidores que não têm telhado!

 

Análise do Ilumina (Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Elétrico) 

Esse é o típico exemplo de que, enquanto o país fica distraído com a polarização “fake” ou “fato”, análises parciais jogam a verdade no lixo.

Enquanto o mundo percebe que grande parte da energia solar pode ser transformada em eletricidade com significativos benefícios para o consumidor e para o planeta, o Brasil já começa a deixar tudo indefinido e ao sabor de interesses empresariais.

A falta de política pública é um grande vexame. Não só porque ocupamos um pedaço do planeta bastante ensolarado, como temos singularidades que fazem as fotovoltaicas provocarem benefícios para além do dono do telhado.

As curvas abaixo mostram a evolução do consumo total de energia elétrica em vários dias de semana de todos os meses de 2016 (Dados do ONS). Nós já tínhamos mostrado outras incoerências antes ao comentar que, ao contrário do que as pessoas pensam, o pico de consumo do sistema está ocorrendo às 15 horas e não mais às 20 horas.

 

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Mas, aqui, o foco é outro. Imaginem que uma parte significativa de telhados sejam cobertos com fotovoltaicas. Além de “refrescarem” os quentes tetos, para o sistema, é como se a consumo passasse a se comportar seguindo a linha azul ao invés da vermelha durante a exposição solar (figura abaixo).

 

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Portanto, a área azul corresponde a uma quantidade de energia economizada do sistema de geração.

No caso brasileiro, essa energia não fornecida pelo conjunto de usinas pode gerar duas consequências, que podem ocorrer separadamente ou em conjunto:

1. O sistema de reservatórios economiza água.

2. As usinas térmicas geram menos energia.

Só quem não entende o sistema brasileiro é que não percebe que esse é um benefício sistêmico, ou seja, dividido com todos os consumidores. Isso quer dizer que um consumidor com fotovoltaicas no atual cenário brasileiro alivia custos para outros consumidores que não têm telhado!

A celeuma descrita abaixo chega a ser totalmente incoerente com outras políticas setoriais, como, por exemplo, as bandeiras tarifárias. Se elas foram criadas como um sinal econômico para os consumidores economizar energia, como um telhado que economiza energia do sistema pode causar algum malefício?

Só há benefícios? Claro que não! Dada a pasmaceira das autoridades brasileiras e a crença quase religiosa que o “mercado” tudo resolve, não conseguiram entender o seguinte problema:

1. Se o Brasil voltar a crescer, vamos precisar de pelo menos novos 2.000 MW médios/ano. São apenas 4 usinas de Furnas, ou ½ Itaipu a cada ano.

2. Quem vai contratar usinas no longo prazo? Como se sabe, não existe investidor que construa uma usina sem ter certeza que vai vender sua energia.

3. Quem contrata no longo prazo no Brasil hoje?  As distribuidoras. O histórico do mercado livre não registra contratos de longo prazo. Com tantas incertezas, alguém acha que elas vão garantir a expansão da oferta?

4. Portanto, além de perderem vendas, para os “com telhado”, assumem um papel que não podem assumir.

5. Os “custos” extras argumentados pelas distribuidoras não se referem ao sistema de distribuição, que, na realidade poderá até ter um alívio.

6. O custo extra está “solto” sem dono. Tudo porque o Brasil acredita ter uma maldição não poder ter um ente estatal sério que faça esse papel. Tem muitas estatais inúteis e não pode ter uma essencial porque o “estado” é confundido com o governo e esse não tem jeito.

Imaginem a contradição. O modelo mercantil em vigor exigiu as seguintes entidades: ONS (operação), CCEE (comercialização), EPE (planejamento) e ANEEL (regulação). São organizações de grande porte que enxergam o problema de modo fragmentado. Chega a ser ridículo que um sistema que já têm tantas tecnocracias não consiga definir uma responsabilidade tão essencial para qualquer uma delas. Sobre esse assunto, nenhuma palavra na reportagem.

Quando se faz uma matéria sem aprofundamento, fica parecendo que os que instalam fotovoltaicas não pagam o uso da distribuição. Falso!

Quando se faz uma matéria sem aprofundamento, fica parecendo que os que instalam fotovoltaicas não pagam consumos mínimos. Falso! A Light, por exemplo, vai cobrar 100 kWh mesmo que não tenha consumido.

Quando se faz uma matéria sem aprofundamento, fica parecendo que a instalação do sistema é fácil e livre de uma burocracia da distribuidora. Falso! Instalações do novo medidor chagam a demorar 4 meses!

Confira aqui o artigo da Folha de S. Paulo

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