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Morre aos 86 o jornalista Washington Novaes, grande referência do jornalismo ambiental

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O jornalista Marcelo Novaes, uma das maiores referência para o jornalismo ambiental (Foto: Marcelo Novaes/Divulgação)

Faleceu na madrugada desta terça-feira (25/08), aos 86 anos, o jornalista brasileiro Washington Novaes, grande referência no jornalismo ambiental. Novaes perdeu a luta contra um câncer no intestino, doença que descobriu em março, mas deixa para as atuais e futuras gerações imenso legado por ter ultrapassado fronteiras na cobertura sobre as questões ambientais no Brasil.

Conforme cita o UOL, o jornalista estava internado há uma semana em Aparecida de Goiânia, na região metropolitana de Goiânia, e na quinta-feira (20) passou por uma cirurgia para a retirada de um tumor no intestino. O site afirma que Novaes sofreu complicações no quadro devido a uma infecção.

Para o Diretor Executivo da Ecoa, Alcides Faria, “o Brasil perde uma referência histórica no trato do jornalismo científico e ambiental”.  “Com grande pesar que soube da morte do jornalista Washington Novaes – o tinha como leitura obrigatória quando escrevia no O Estado de São Paulo. O Brasil perde uma referência histórica no trato do jornalismo cientifico e ambiental – que muitos sigam o seu exemplo”, comentou.

“Em alguns artigos e entrevistas tratou do Pantanal e do desastre da Hidrovia Paraguai Paraná, como em 2005 na revista Caros Amigos: a da hidrovia ‘do Pantanal, que é a Paraguai-Paraná’”, lembra Alcides, sobre um dos mais importantes eixos de atuação da Ecoa.

O Diretor tem na memória os detalhes da publicação.

“Em 1994 foi feito sobre ela um estudo muito interessante, por uma ONG de Brasília. Mostrava o seguinte: se fosse aplicada em infraestrutura de turismo a metade dos investimentos previstos para a hidrovia, seriam gerados três ou quatro vezes mais empregos, com um rendimento médio de no mínimo 50 por cento mais lucros do que os gerados pela hidrovia. A hidrovia, por sua vez, iria estimular o plantio de grãos em regiões absolutamente inadequadas, como é o Pantanal. E para exportação. Quer dizer, de novo aquela história, ficar com os custos aqui dentro e exportar os benefícios”, disse.

O jornalista Washington Novaes (Reprodução/TV Anhanguera)

O Correio Braziliense lembrou a trajetória do jornalista em reportagem especial nesta terça. Cita o percurso inovador na cobertura do meio ambiente, incluindo na Secretaria de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia (Sematec), onde fez breve, mas marcante passagem.

Novaes percorreu diversos veículos de imprensa e foram as questões de meio ambiente e povos indígenas que deram destaque e vários prêmios ao jornalista. Passou por veículos como o jornal O Estadão de São Paulo, além da TV Cultura. Aventurou-se, também, pelo documentário, a exemplo das séries sobre os povos do Xingu e “Amazonas: a pátria da água”, que fizeram da voz e do rosto do jornalista um símbolo nacional sobre o meio ambiente e inspiração aos colegas de profissão.

“Eu não vejo ninguém com a sabedoria dele no jornalismo ambiental. Ele entrou no ramo quando só se falava em desmatamento. E fez diferente, procurou conscientizar sobre as causas ambientais e a defesa do Cerrado”. É o que disse o publicitário Hamilton Carneiro ao Correio Braziliense sobre o trabalho de Novaes, que ele conheceu em 1984 quando o jornalista chegou no estado goiano.

Novaes descobriu o câncer em março e desde então vinha lutando contra a doença. Nesta terça-feira (25), amigos e familiares despediram-se em um velório realizado em Aparecida de Goiânia. De Vargem Grande do Sul (SP), o corpo do jornalista foi encaminhado para a cidade paulista onde será enterrado.

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