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Níveis do rio Paraguai em toda sua extensão, entre Brasil e Paraguai, mostram que a grande seca vai além do Pantanal

3 minutos de leitura
Medição feita na base da Ecoa no Porto Amolar (Imagem: Reinaldo Nogales)
  • De Cáceres, no MT, à confluência com o rio Paraná, entre Paraguai e Argentina, os níveis são muito mais baixos que em 2023.

O rio Paraguai em 2024 mostra níveis muitos baixos em seu curso, desde Cáceres (MT) até alcançar o rio Paraná, entre Paraguai e Argentina. As indicações são de a dinâmica seguirá a mesma nos próximos dias, pois não há previsão de chuvas na bacia.

A seguir apresentamos um quadro com medidas dos níveis em 10 pontos para que tenham a ideia geral de que a falta de chuvas ocorre em toda a bacia e não apenas na parte pantaneira do rio. Tomamos os níveis mostradas pela Dirección de Meteorología e Hidrología del Paraguay e pela Marinha do Brasil. A Marinha brasileira traz medições diárias de Cáceres, ao norte, até Porto Murtinho, na parte sul, localidade considerada a parte final do Pantanal em território brasileiro. Já o órgão paraguaio toma medidas do rio a partir de Ladário (MS), alcançando Pilar, no curso final, antes do encontro com o rio Paraná, na Argentina.

O quadro é crítico em toda sua extensão, com níveis muito abaixo dos observados em 2023 neste mesmo período do ano, como se pode observar no quadro a seguir.

Localidade 2023 2024 Diferença 2023/2024
Cáceres (BR) 1,20 0,68 -0,52
Bela Vista do Norte (BR) * 5,02 3,04 -1,98
Ladário (BR) 4,23 0,66 -3,57
Forte Coimbra (BR)* 3,28 -0,62 -3,9
Baia Negra (PY) —- 2,13 —-
Fuerte Olimpo (PY) 5,62 2,26 -3,36
Porto Murtinho (BR) 4,59 1,62 -2,97
Concepción (PY) 3,4 1,05 -2,35
Asunción (PY) 2,28 -0,18 -2,46
Pilar (PY) 3,08 1,8 -1,28

Referencias dias 25/07/23 e 25/7/24

Porto Amolar: queda no nível se acelera, indicando que chegada de águas do norte/nordeste é muito menor

A Ecoa acompanha o nível do rio Paraguai no Porto Amolar, a montante de Corumbá/Ladário (MS), onde tem uma de suas bases. No local já confluíram as águas da bacia do Paraguai vindas do norte, nordeste e de sub-bacias da Bolívia, a oeste. As mediadas mostram o rio acelerou a queda no nível diário, passando de 1 centímetro para 2 centímetros diariamente desde o dia 22/7.

Consequências

São várias as consequências do baixo nível do rio Paraguai, dentre elas o impacto para a ictiofauna dificultando a sobrevivência dos ribeirinhos, a ampliação de áreas suscetíveis a incêndios e a impossibilidade de navegação dos comboios de barcaças para o transporte de minérios – dos últimos 60 meses apenas 30 deles permitiram o transporte em condições de normnalidade.

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