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Notícias do Clima

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A BRIGA DOS RURALISTAS COM SEU PRÓPRIO CÓDIGO FLORESTAL
O Código Florestal foi celebrado pelos ruralistas como uma grande vitória sobre os ambientalistas. Mas desde sua promulgação os ruralistas tentam o tempo todo dinamitar a própria obra. Em Marrakesh, a metralhadora do ministro Maggi, dentre outros alvos, mirou na Reserva Legal. A bola da vez é o Cadastro Ambiental Rural, o CAR. O Cadastro é uma auto-declaração que os proprietários rurais devem fazer georreferenciando os limites da sua área e as áreas de preservação que mantém. O Código prevê que o CAR passaria a ser condição para que o proprietário tivesse acesso aos créditos oficiais. Por pressões dos ruralistas, o prazo para a realização do CAR já foi prorrogado várias vezes. Agora a grita é contra a divulgação dos dados. O presidente da Confederação Nacional da Agricultura quer processar o ministro José Sarney Filho por ter aberto algumas informações do CAR à consulta pública. Só que o Código e as Instruções Normativas que o regulamentam deixam claro quais informações do CAR devem permanecer protegidas e as únicas informações disponíveis são a localização e a área das propriedades. É isto que o ilustre presidente da CNA chama de “ilegal” e que poria em risco a “segurança” da produção agrícola no país. A ameaça real é que vai dar para ver quem cumpre com o Código quanto às áreas de reserva legal e as de proteção permanente. Já é possível ver as tentativas de grilagem de terra indígena, das unidades de conservação e de áreas embargadas. Enfim, vai dar para acompanhar o cumprimento da lei que eles mesmos comemoraram.
http://www.observatoriodoclima.eco.br/cna-diz-que-vai-proc…/
http://www.car.gov.br/publico/imoveis/index

A SECA NA AMAZONIA AUMENTA OS INCÊNDIOS
Por conta das alterações climáticas, a Amazônia está mais seca. Por conta da degradação da floresta provocada por atividades econômicas legais e ilegais, mais inflamável. Em 2015, só na região de Santarém (PA), mais de 7.400 km2 de florestas foram afetados por incêndios, uma área maior do que aquela desmatada em toda a Amazônia Legal no mesmo ano.
Por isto a Rede Amazônia Sustentável recomenda a criação urgente de um sistema nacional de previsão de secas e de alerta e monitoramento de incêndios em tempo real na Amazônia.
https://www.facebook.com/thiago.medaglia.9/posts/10154802143059594
http://simposioamazoniasustentavel.org/…/RAS_PB_Fogo_WEB.pdf

ESTRESSANDO OS IGARAPÉS
A ocupação da Amazônia estressa o bioma de várias maneiras. Além das clássicas como a mineração, grandes estradas e mega-hidrelétricas, a Rede Amazônia Sustentável pesquisou mais uma: o impacto que as estrada menores, vicinais, estão causando nos igarapés. Ora interrompendo, ora desviando ou reduzindo o fluxo dos riachos, acabam alterando o delicado equilíbrio ecológico da região. Foram estudados cerca de 100 igarapés no Pará, entre Santarém e Paragominas. Foram encontradas áreas desmatadas nas quais a temperatura da água estava mais alta, reduzindo inclusive a quantidade de peixes grandes. Este é o primeiro estudo dos igarapés nesta escala. Uma das conclusões é a de que o modelo das Unidades de Conservação, voltado para o ambiente terrestre, não protege a fauna aquática.
http://www.valor.com.br/…/estradas-vicinais-ameacam-igarape…
http://simposioamazoniasustentavel.org/…/RAS_Igarapes_WEB.p…

“O BRASIL É A ARÁBIA SAUDITA DAS FLORESTAS TROPICAIS”
Numa entrevista para o Instituto Escolhas, Plinio Ribeiro, diretor da Biofílica, fala da importância das florestas brasileiras enquanto provedora de serviços ambientais e que os mecanismos de mercado, como o REDD (redução das emissões por desmatamento e degradação) e as CRAs (cotas de reserva legal previsto no Código Florestal), são fundamentais para a preservação delas. Ele faz uma conta simples, mostrando que se metade do passivo de reserva legal for atendido pelas CRAs, o volume de transações pode girar em torno dos bilhões de reais e “isso é (seria) o maior mercado de pagamento por serviços ambientais do mundo”.
http://escolhas.org/entrevista-do-mes-plinio-ribeiro/

A SECA EXTREMA AVANÇA NO NORDESTE
A tremenda seca no Nordeste vai entrar no seu sexto ano. 90% de Pernambuco está criticamente seco. Dois terços dos açudes dos 107 do estado estão com menos de 10% da capacidade. Segundo a Confederação Nacional dos Municípios, os prejuízos no Nordeste como um todo, já passam de R$ 100 bilhões, dos quais R$ 75 bi na agricultura e R$ 20 bi na pecuária.
http://www.envolverde.com.br/…/seca-extrema-avanca-no-norde…
http://www.cartacapital.com.br/…/a-seca-extrema-avanca-no-n…
http://veja.abril.com.br/…/nordeste-brasileiro-enfrenta-a-…/

O CICLO DE VIDA DA MATRIZ ELÉTRICA NACIONAL
Um estudo interessantíssimo analisou o ciclo de vida da geração de eletricidade para incluir impactos ambientais desde a construção das usinas, da extração e processamento dos combustíveis até os impactos do descomissionamento das instalações. As categorias de impactos quantificadas compreendem as da mudança do clima, acidificação do solo, eutrofização de água fresca, ocupação de área agrícola, mudança do uso do solo e o consumo primário de energia. No período estudado, de 2006 a 2013, houve um aumento em quase todas as categorias. Por exemplo, ao incluir o ciclo inteiro, as emissões da nossa eletricidade são bem maiores do que comumente divulgados. Posto que as térmicas fósseis entram nas discussões sobre a intermitência das renováveis, estudos como este são importantíssimos para fundamentar as escolhas que o país fará.
http://pagina22.com.br/…/fossilizacao-da-matriz-e-o-ciclo-…/
http://mediadrawer.gvces.com.br/ci…/original/dinato-2015.pdf

O PLANO TRUMP PARA ENERGIA SUJA
O Center for Media and Democracy, uma organização ‘watchdog’ que investiga corrupção e jogo de influências das corporações empresariais sobre a mídia e a democracia, obteve os esboços do plano de energia da futura administração Trump. O documento de três páginas apresenta 14 propostas que mais parecem uma lista de desejos da indústria de combustíveis fósseis e que, se implantado como está, seria devastador para as tentativas de retardar a mudança climática. A agenda inclui a retirada dos EUA do Acordo de Paris, a eliminação do Plano de Energia Limpa de Obama, o aumentando do leasing de terras federais para exploração de carvão, petróleo e gás, a agilização da aprovação de projetos de oleodutos incluindo os malfadados Keystone XL e Dakota Access e a reversão dos padrões de economia de combustível.
http://www.exposedbycmd.org/…/12/04/revealed-trump-energy-p…

EUA SUPERPOTÊNCIA, AGORA EM ENERGIA
Eles são uma superpotência militar e industrial. Mas nos últimos cinquenta anos, foram importadores de energia – e bastante. Só este ano, vão importar mais de 2,5 bilhões de barris de petróleo. Boa parte do complexo militar americano foi e é orientado pela geopolítica do petróleo. As reservas de gás e óleo de folhelho estão transformando o país numa potência petrolífera. No ano que vem, devem se tornar exportadores líquidos graças à exploração e liquefação do gás de folhelho. Isto está mudando todo o planejamento e funcionamento dos dutos de óleo e gás. Os maiores iam do Texas para os estados ricos do Nordeste. Aliás, por conta dos poços no Texas e no Golfo do México, portos como Houston e Nova Orleans se tornaram os principais pontos de entrada do óleo importado. As reservas de folhelho no Texas são importantes, mas a geografia do óleo agora inclui as reservas ao longo do lado leste das Rochosas e a mais importante de todas, ao longo das Apalaches, indo do estado de Nova York ao Kentucky. No ano que vem, o gás desta região irá na contramão nos gasodutos para ser exportado pelos portos do Golfo do México.
Por um lado, o preço deste gás é menor do que o do carvão que o Trump prometeu ressuscitar, mas que dificilmente vai conseguir; por outro, o impacto sobre o clima vai ser tremendo.
https://www.bloomberg.com/graphics/2016-energy-pipelines/

VOLKS VERSUS UBER
A Volks lançou uma nova linha de negócios: serviços de transporte. Com uma plataforma para competir com o Uber e congêneres, a nova divisão, chamada Moia, começa a operar no ano que vem na Alemanha. A visão do futuro dos fabricantes de automóveis é de menos proprietários e mais serviços de transporte, zero de combustíveis fósseis e mais carros elétricos autônomos. Os outros fabricantes já estão testando a ideia mundo afora. Em Fortaleza, a prefeitura está testando um serviço de compartilhamento de carros elétricos. Uma possível sobrevida para a indústria que fabrica o que o jornalista Leão Serva chamou de “cigarro com piteira”.
http://g1.globo.com/…/volkswagen-lanca-nova-divisao-de-serv…
https://www.ft.com/con…/54d7ced2-ba7b-11e6-8b45-b8b81dd5d080
http://www1.folha.uol.com.br/…/1838443-carro-eletrico-e-cig…

GOOGLE OPERANDO SÓ COM RENOVÁVEIS
A Google anunciou que, até o final de 2017, toda eletricidade consumida virá de plantas eólicas e fotovoltaicas. A empresa tem 13 mega-centros de processamento com centenas de milhares de computadores ao redor do mundo. Em 2015, a empresa consumiu 5,7 TWh (o consumo residencial de toda a região Norte foi de 9 TWh). A importância da ação de uma empresa como a Google no mercado elétrico é dupla: primeiro pelo consumo em si que ajuda a baixar o custo das renováveis e, segundo, os contratos de compra de energia com os donos das plantas servem como garantia para os financiamentos de novas plantas.
http://www.nytimes.com/…/google-says-it-will-run-entirely-o…
http://oglobo.globo.com/…/google-quer-usar-apenas-energia-r…

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