Neri Kaspary, Correio do Estado
As fortes chuvas que provocaram estragos e causaram prejuízos ao setor de turismo principalmente em municípios como Bonito, Jardim e Bodoquena estão sendo comemoradas por empresários do setor da pesca ao longo do Rio Miranda, principalmente no Passo do Lontra.
Rogério Iehle Walter, que administra um pesqueiro e uma pousada com capacidade para abrigar até 55 pessoas à beira do Rio Miranda no Passo do Lontra, diz que as simples notícias de que está chovendo muito na cabeceira já elevaram em 30% as reservas.
“O pessoal do país inteiro fica sabendo das chuvas e já faz reserva para vir pescar. Agora, começo de março, já tenho muito mais reservas que em todo o primeiro semestre do ano passado”, comemorou ele.
Neste sábado o rio estava em 7,14 metros na régua de Miranda e a previsão, segundo Rogério, é de que estas águas cheguem até o Passo do Lontra em cerca de três semanas. Ele acredita que o rio transborde e alague até mesmo a estrada parque. Se isto se confirmar, “aí sim que teremos o retorno dos turistas. Pantanal é sinônimo de água e sem ela, não tem fartura de peixe e nem de animais para serem apreciados pelos turistas”, lembra Rogério.
Por enquanto falta cerca de meio metro para o Miranda transbordar no Passo do Lontra, mas com a experiência de 32 anos de vida no Pantanal, ele tem “quase certeza” de que o rio vai se esparramar pela planície da região, até porque o Rio Paraguai já subiu bastante e vai começar a represar a água do Miranda, lembra ele.
Na régua de Ladário, o nível do Rio Paraguai estava em 1,95 metro na manhã deste sábado, maior nível dos últimos quatro anos para esta época do ano e quase 40 centímetros acima da medição na mesma data de 2022.
Além disso, destaca ele, o Rio Aquidauana e o Rio Salobra também estão com muita água nas últimas semanas e tudo isso vai ajudar a inundar o Pantanal naquela região.
Ao longo da BR-262, entre Miranda e o chamado Buraco das Piranhas, o Pantanal já está tomado pela água e já é possível ver uma enormidade de jacarés e outros animais típicos da região, conforme Rogério.
Mas só em algumas semanas deve chegar à estrada parque, que é uma rota paralela à BR-262 e sem asfalto pela qual é possível chegar até Corumbá, cruzando o Rio Paraguai de balsa. E é esta a principal via turística da região. “Mas, sem abundância de água, vira uma estrada qualquer”, diz ele.
E não é só no Passo do Lontra que a abundância de água é comemorada. Na cidade de Miranda, onde famílias estão ilhadas e outras tiveram de abandonar suas casas, a cheia também é motivo de festa.
“Para o turismo isso é ótimo. Água é vida. Faz anos que o Rio Miranda estava seco, dava até dó em ver o rio deste jeito”, afirmou na manhã deste sábado Amarildo Arguelho, chefe da Defesa Civil de Miranda.