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Nuvem de cinzas no Pantanal atinge os mais vulneráveis, afirma Diretor Presidente da Ecoa

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Via CNN

Consequência dos incêndios que já consumiram mais de 4,1 milhões de hectares do Pantanal, uma espécie de nuvem de cinzas e fuligem foi registrada por moradores da região de Barra de São Lourenço, perto de Corumbá, no Mato Grosso do Sul.

O fenômeno é resultado da combinação dos fortes ventos comuns para essa época do ano com os resquício das queimadas na região.

Para o diretor presidente da organização não governamental Ecoa, André Luiz Siqueira, a situação trata-se de um “fenômeno dramático que atinge os grupos sociais mais vulnerabilizados, como essa comunidade da Barra de São Lourenço”.

“Precisamos lembrar que há mais de 90 dias essas pessoas estão inalando milhões de partículas de monóxido de carbono durante 24 horas por dia”, ressalta.

“As consequências em relação a saúde já vulnerabilizada vão ser sentidas ao longo de anos”.

Siqueira afirma que esta “cortina” de fuligem não é comum, mas se tornou corriqueira em função das queimadas.

“A frase que define 2020 é: eu nunca vi algo assim. Esse fenômeno apocalíptico, que se assemelha ao que vemos em filmes de ficção, tem sido corriqueiro durante todo o ano de queimadas, que começou em fevereiro e interruptamente tem chegado, até agora, ao seu auge”, lamentou.

Uma nota técnica do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (LASA), da Universidade Federal do Rio de Janeiro, (UFRJ), apontou que mais de 4,1 milhões de hectares do Pantanal foram queimados somente neste ano.

Incêndios na região da Serra do Amolar, Pantanal, em 2020 (Foto: Leonida Aires / Arquivo Ecoa)

Ainda segundo o monitoramento do LASA, as queimadas já consumiram 27% da área do Pantanal, que corre os estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, entre janeiro e o dia 11 de outubro de 2020.

A área corresponde a mais de 26,23% do total do bioma que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), conforme dado de 2019, ocupa 15.692.200 hectares do Brasil.

Para o diretor da ONG, o processo para quebrar esse ciclo de destruição e evitar mais queimadas em 2021 inclui “acabar com a impunidade, dar autonomia e independência a órgãos de comando e controle, além de mudar a forma como estados e municípios veem o fogo como ferramenta”.

“É preciso derrubar algumas narrativas, como a do boi bombeiro, que é completamente absurda”, criticou ele, fazendo referência à declaração da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que disse que mais cabeças de gado poderiam ter minimizado o desastre no Pantanal. A fala foi endossada pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

Siqueira acredita que a visibilidade mundial da tragédia no Pantanal pode ser uma ferramenta para a mudança. “Vamos ter que aproveitar toda essa comoção nacional e internacional para o maior desastre da história do bioma pantaneiro para que, de fato, mudanças profundas possam acontecer agora. Era previsto que iria ocorrer, mas pouca coisa foi feita para evitar a maior tragédia que estamos vendo”, concluiu.

Animais feridos

As queimadas que seguem pelo bioma afetam a biodiversidade considerada como a “savana brasileira”, resultando na perda do ecossistema natural e de animais que compõem o cenário natural do Pantanal.

Para tratar dos animais, ONGs, voluntários e pesquisadores se uniram a fim de pensar em formas de salvar o maior número possível de vidas.

Uma das técnicas é o já reconhecido tratamento com pele de tilápia, uma iniciativa desenvolvida pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e que foi enviada ao Líbano para tratar os queimados da explosão que ocorreu em 4 de agosto deste ano.

(*Com informações de Giovanna Bronze e Gabriel Passeri, da CNN em São Paulo)

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