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ONU vê necessidade de cortar mais 25% das emissões dos gases-estufa

4 minutos de leitura

Por Daniela Chiaretti

        Valor Econômico

 

O Acordo de Paris entra em vigor na sexta-feira defasado em seu objetivo de limitar o aumento da temperatura bem abaixo de 2°C neste século. O hiato entre o que foi prometido e o que deveria ser feito é um corte de 25% nas emissões globais.

Mantida a trajetória atual de emissões globais de gases-estufa, haveria um excesso entre 12 a 14 gigatoneladas de dióxido de carbono equivalente na atmosfera em 2030.

O hiato foi contabilizado pelas Nações Unidas em relatório lançado esta manhã em Londres – o “Emissions Gap” (“A Lacuna das Emissões”, em tradução livre) do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, o Pnuma.

“O mundo deve acelerar de maneira drástica e urgente suas metas para reduziir cerca de um quarto das emissões mundiais de gases de efeito estufa previstas para 2030, se quiser ter alguma chance de minimizar os impactos da mudança do clima”, diz o comunicado enviado à imprensa.

As promessas de metas previstas no Acordo de Paris, mesmo se forem cumpridas à risca, elevariam a temperatura entre 2,9 °C a 3,4°C neste século.

A meta de se limitar o aumento da temperatura a 1,5°C, um pedido recorrente dos países mais vulneráveis e das pequenas-ilhas e também presente no Acordo de Paris, fica muito distante de ser conseguida, se a revisão dos compromissos e o aumento do nível de ambição não acontecer rapidamente, diz o Pnuma.

Por esta matemática, as emissões em 2030 estarão entre 54 e 56 gigatoneladas de CO2 equivalente, uma métrica que soma todos os gases-estufa e os converte em CO2, o gás de maior volume. O nível necessário, no entanto, para limitar o aquecimento a menos de 2°C teria que ser de 42 gigatoneladas de CO2 equivalente

“Estamos na direção certa: o Acordo de Paris irá atenuar a mudança do clima”, disse Erik Solheim, diretor-executivo do Pnuma, mencionando também a emenda recente ao Protocolo de Montreal, conhecida por “Emenda de Kigali”, que colocou limites a gases-estufa em reunião em setembro. “Ambos os esforços mostram que há um forte compromisso, mas ainda não é bom o suficiente para evitar que a mudança do clima seja séria”, continuou Solheim.
Uma gigatonelada de CO2 equivalente é o que emite todo o transporte da União Europeia, incluindo o aéreo, durante um ano, diz o Pnuma.

Limitar o aquecimento a menos de 2°C neste século reduz a probabilidade de tempestades mais intensas, secas mais prolongadas, a redução das geleiras e o aumento do nível do mar, entre outros impactos.

A próxima rodada de negociações climáticas começa segunda-feira em Marrakesh, no Marrocos. Mas aumentar o nível de compromissos dos países, em relação ao que foi acertado durante a negociação do Acordo de Paris, não está em pauta.

O ano passado foi o mais quente na história, desde que os registros começaram. Os primeiros seis meses de 2016 mantiveram a mesma toada e foram os mais quentes. As emissões de gases estufa continuam crescendo, alerta a ONU.

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