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Declaração com EUA traz China para o front do metano

3 minutos de leitura

Por Climainfo.

 

China e Estados Unidos, os dois maiores emissores de gases de efeito estufa do planeta, fizeram uma declaração conjunta ontem (10/11) na COP26. Como na quase totalidade das jogadas diplomáticas, há a metade cheia do copo – e a vazia.

Na metade cheia do copo, a declaração joga um balde de água fria em quem apostava que a disputa geopolítica entre China e EUA seria um fator de fracasso das negociações. A declaração em si é uma demonstração de que ambos podem ter divergências em outras frentes, mas estão unidos na questão climática.

Outro ponto positivo é a menção ao acordo de metano, que não havia sido endossado pela China. Na declaração conjunta com os EUA, ela se compromete a desenvolver um plano de ação nacional “abrangente e ambicioso” para reduzir as emissões de metano na década de 2020. A colaboração mútua entre as duas maiores economias do planeta pode acelerar este caminho de mitigação, com efeito positivo no curto prazo devido às características deste gás, que tem mais de 80 vezes o poder de aquecimento do dióxido de carbono.

A menção ao desmatamento, por sua vez, sinaliza que os dois maiores mercados globais não tolerarão mais importações que tragam embutidas a destruição ambiental. Ainda que mencionando apenas desmatamento ilegal, a declaração é um baita alerta para o agronegócio brasileiro, já que 94% do desmatamento na Amazônia e no Cerrado é ilegal.

No lado vazio do copo temos a frustração de quem esperava mais ambição climática. Esta declaração pode ser entendida quase como uma pedra de cal na esperança de que os maiores emissores trariam novidades neste front. Pode também servir de desculpa para outros países que relutam em se comprometer com metas mais ambiciosas.

Mas talvez o ponto mais delicado seja o financeiro. O texto traz uma menção clara ao compromisso de US$ 100 bilhões e, com isso, indica que o maior emissor entre os países em desenvolvimento não lutará por dinheiro novo na mesa.

A declaração dos EUA e China foi repercutida pelo g1, Estadão, O Globo, Valor, BBC, Bloomberg, Financial Times, Reuters e Guardian, entre outros.

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