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Pantanal: Níveis atuais do rio Paraguai e chuva abaixo do esperado indicam a necessidade de preparação para 2025 quanto à seca

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Dados do Climate Prediction Center, dos Estados Unidos, indicam chuvas entre 25 e 50% do esperado para a Bacia do Alto Paraguai (círculo no centro da imagem) de junho a setembro de 2024.

• Caso continuem, nos próximos meses, as condições climáticas de 2024, com chuvas muito abaixo do esperado, 2025 pode ser problemática, principalmente quanto a incêndios no Pantanal.

Previamente: os cenários que desenhamos para o Pantanal quanto à hidrologia e clima têm margens de incertezas altas, mas são necessários para a preparação em vários campos, incluindo alertas aos governos, registrando que os atuais modelos de informação na área têm o pecado da generalidade, considerando o tamanho do território.

O rio Paraguai atravessa o Pantanal, mantendo um direcionamento geral Norte-Sul, pela borda Oeste, e tem mostrado, nos últimos dias, gradual recuperação de seus níveis em toda a extensão. No território brasileiro, tal quadro pode ser constatado nos registros mostrados pela Marinha do Brasil, a partir de Cáceres (MT), no Norte, até Porto Murtinho (MS), ao Sul. Em Cáceres, o rio estava com 1,23 metros no dia 19/11, 91 centímetros acima do marcado no dia 27/9. Na régua de Bela Vista do Norte, localizada nas proximidades da fronteira entre o MS, MT e a Bolívia, o aumento do nível foi de 40 centímetros em relação a 14/10, quando o rio atingiu seu ponto mais baixo na região. Neste ponto se encontram águas vindas das sub-bacias da Bolívia e de parte do Norte e Leste do Pantanal.

Seguindo pelo rio rumo ao Sul, alcançamos a régua que a Ecoa monitora diretamente, no Porto Amolar, onde está uma das bases da organização no Pantanal. No dia 18/11, ela marcou 2,74 metros, cinquenta centímetros acima do mínimo registrado de 2,24 metros no dia 9 de outubro.

A régua do Porto Amolar tem especial importância por ser uma medida das chuvas ao longo do tempo, e não imediata, nas sub-bacias ao Norte, Nordeste e parte do Leste. Deve-se considerar que por ali passam as águas captadas na grande sub-bacia Cuiabá-São Lourenço. Aviso: são complexos os processos hídricos e climáticos na Bacia do Alto Paraguai e no Pantanal e, por isso, em algumas situações, se faz necessário simplificações para facilitar o entendimento.

A jusante, uma próxima medida importante é em Ladário (MS). No dia 19/10, a régua mostrou 0,05 centímetros, uma recuperação de 64 centímetros frente ao mínimo de -0,69 cms (histórico) do dia 17/10.

Abaixo de Ladário, a régua em Forte Coimbra, no município de Corumbá (MS), registrou 90 centímetros acima da mínima do dia 19 de outubro. Esta régua é importante por ser um ponto em que o rio Paraguai já tem a soma das águas das sub-bacias dos rios Taquari e Miranda.

Gráfico produzido pela Marinha do Brasil mostra o rio Paraguai com níveis em 2024 muito abaixo da média e menores que 2023 desde janeiro.

Em Porto Murtinho, a crescida marcada no dia 19 de novembro foi de 66 centímetros com relação ao ponto mais baixo atingido em 22 de outubro.

Quanto a processos climáticos globais, a Ecoa mantém especial atenção para a divulgação das condições de temperatura nas águas do Pacífico e suas 3 fases – El Niño, La Niña e a Fase Neutra. A observação direta dos dados do Climate Prediction Center indica a possibilidade de alguma correlação entre períodos de seca e a Fase Neutra. Na década de 60 do século passado, na grande seca registrada, prevaleceu claramente essa fase. A condição Neutra ocorre agora em 2024, como na seca anterior, entre 2019 e 2020.

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