POR TERESA RAQUEL BASTOS
GLOBO RURAL
Um estudo do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Vegetal (Sindiveg) com as universidades Unesp e UFScar aponta que 70,8% das abelhas usadas na amostragem apresentam resíduos de agrotóxicos, principalmente das substâncias pirazol (64,7% dos casos), neonicotinoides (29,4% das ocorrências) e a combinação de pirazol + triazol (5,9%).
A iniciativa chamada Colmeia Viva quer descobrir a relação entre a aplicação de agrotóxicos e a mortalidade de abelhas no Estado de São Paulo. O resultado foi divulgado nesta segunda-feira (10/10). Veja o relatório completo clicando aqui.
Para a análise, os pesquisadores coletaram de agosto de 2014 a junho de 2015 abelhas da espécie Apis mellifera (a mais comum no Brasil), que estavam moribundas ou que tivessem morrido até 24 horas antes da coleta, além de colmeias que tenham perdido mais de 20% do enxame. Ao todo, foram 1742 colmeias observadas pelo projeto. Destas, 62,5% estavam dentro da mata e 37,5% no limite da lavoura.
As análises das amostras de abelhas são realizadas por laboratório reconhecido pelo Inmetro e capaz de identificar resíduos de vários tipos de defensivos agrícolas em uma mesma análise.
Causas
Segundo a entidade, o resultado indica que a relação da mortalidade de abelhas com a aplicação de defensivos agrícolas está relacionada com o uso incorreto em 100% dos casos analisados. Entre as más práticas estão dosagens acima das recomendações indicadas em rótulo e bula, falta do cumprimento das exigências legais para a aplicação dos produtos químicos, emprego incorreto da modalidade de aplicação sem a autorização ou registro de produtos para cultura agrícola e até outros usos dos produtos sem relação direta com atividade agrícola.
O estudo diz ainda que nos casos de mortalidade de abelhas não foram observados no Brasil os sintomas característicos da Síndrome do Desaparecimento das Abelhas (CCD, em inglês), que são colmeias desorganizada, sujas e abandonadas, ou declínio da população de abelhas, sem a presença de abelhas mortas.
A iniciativa dará origem a um Plano de Ação Nacional voltado às boas práticas de aplicação dos defensivos agrícolas para uma relação mais produtiva entre agricultura e apicultura.
Participação
Por meio do número 0800 771 8000, agricultores, apicultores e suas associações têm um canal de comunicação para sinalizar os casos de perda de colmeia. “Os agricultores participam quando encontrarem colmeias não identificadas em sua propriedade, em caso de dúvida na ocorrência de um incidente por aplicação de defensivo agrícola e se precisarem de orientação sobre boas práticas de convivência entre as atividades agrícola e apícola”, informa o projeto.
“Já os apicultores, quando verificarem perdas de colmeias e abelhas em seus apiários, se necessitarem de suporte no entendimento das causas de perda de colmeias, sobre o que fazer em caso de possível incidente com abelhas e também se necessitarem de orientação sobre boas práticas de convivência entre agricultura e apicultura”.