Na Área de Proteção Ambiental (APA) Baía Negra, localizada em Ladário (MS), os quintais são espaços importantes para a produção de alimentos e da existência dos seus moradores. As fortes secas e os incêndios que atingiram a região em 2020, chegaram também a esses espaços, contribuindo para prejudicar ainda mais a segurança alimentar de quem vive nesta Unidade de Conservação. As consequências do fogo são sentidas pela comunidade até hoje e manifestas em suas falas.
Com o objetivo de combater a degradação ambiental na área, a Ecoa está executando o projeto Restauração estratégica e participativa no Pantanal: APA Baía Negra”, em várias frentes de atuação, como a recuperação de zonas totalmente degradadas pela mineração e o controle das leucenas (Leucaena leucocephala), uma espécie invasora no Pantanal.
Uma terceira operação do projeto, que está em andamento desde o mês passado, é a implantação de Sistemas Agroflorestais (SAF) com mudas frutíferas nos quintais das casas da comunidade. Os moradores locais são os protagonistas nesta ação, tendo em vista que são profundos conhecedores do lugar e têm com seus quintais uma relação vital, concebendo este espaço como uma extensão de sua casa.
Dona Branca, residente da APA, está muito entusiasmada com o plantio das mudas e fala em como a flora é importante para ela. “Se você não tem uma planta dentro de casa, você não tem vida”. Dona Branca é idosa e mora há mais de 30 anos na região. Para ela, ter frutas no local em que reside é uma necessidade básica. “Eu sei que vou colher agora, é isso que eu queria! É nosso sustento porque se você não pode ir ali comprar, você tem aqui”.
O projeto “Restauração Estratégica e Participativa no Pantanal: APA Baía Negra” é uma iniciativa coordenada pela Ecoa no âmbito do Programa da agência Global Environment Facility (GEF), com o apoio do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO). Pesquisadores do Laboratório Ecologia da Intervenção da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (LEI/UFMS) e alunos dos cursos de gradução em Gestão Ambiental e Biologia,da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), sob orientação do professor Joelson, também são parceiros e contribuem para que o projeto alcance os resultados esperados.
Além de contribuir para o combate da crise climática, a restauração com árvores frutíferas promove uma melhora na dieta alimentar dos moradores e no aumento da renda familiar.