▸ Seca afeta rio Paraguai e conexão entre Brasil e Bolívia, o que ameaça comércio internacional entre países
▸ Nível baixo de água no Canal Tamengo e Laguna Suárez prejudica escoamento da produção boliviana
▸ Rio Paraguai tem pequena recuperação, mas o nível ainda não permite navegação
▸De 2018 para 2021, houve redução de 1,713 milhão de toneladas de produtos na via, avaliados em R$ 907 milhões
O comércio internacional entre Brasil e Bolívia está ameaçado pela seca que afeta uma importante conexão entre os dois países. O Canal Tamengo, que é afluente da Laguna Cáceres, localizada em Puerto Suárez, enfrenta drástica redução do nível de água, o que inviabiliza a navegação via Hidrovia Paraguai-Paraná.
Há cerca de um ano, a Laguna Cáceres sofre com a seca que também reduziu o nível do rio Paraguai. Em períodos mais cheios, a lagoa chega a ter 200 km². Hoje, possui apenas 26,5 km² e grande parte da sua extensão está coberta por vegetação rasteira. Atualmente, o nível do rio Paraguai apresenta um lenta recuperação. Apesar disso, a situação ainda não viabiliza a navegação e gera preocupação diante do risco de incêndios em 2022.
A condição no local se agravou por volta de setembro de 2021 e atingiu níveis críticos em novembro do ano passado. Foi no período que as embarcações bolivianas também pararam a navegação já que não havia mais altura na lagoa e no canal. Além do período de seca, o problema é agravado por sedimentação e falta de manutenção da via.
Porto Jennefer, considerado o mais importante da Bolívia, depende da Laguna Cáceres para poder operar. O porto, que fica a 6 km da fronteira com o Brasil, é responsável por captar até 70% do comércio boliviano e despachar a produção tanto para o território brasileiro como encaminhar cargas para o Oceano Atlântico por meio da Hidrovia Paraguai-Paraná. Obras de dragagem estão sendo realizadas no Canal Tamengo pela empresa responsável pelo porto para tentar minimizar o problema.
Segundo dados do Observatório Nacional de Transporte e Logística da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), entre janeiro e outubro de 2021, foram transportados 1,889 milhão de toneladas de produtos avaliados em R$ 647 milhões. Em anos anteriores, sem influência da pandemia e da seca, o transporte pela via atingia números relativamente maiores. Em 2018, foram escoados 3,602 milhões de toneladas de produtos avaliados em R$1,554 bilhão.
Com informações do Correio do Estado