De importância internacional, o Sistema Paraguai-Paraná, ou Vale Central da América do Sul / Depressão Sub-Andina, abrange o Pantanal, na Bacia do Alto Paraguai e inclui as áreas úmidas do rio Paraguai médio e inferior e o vale aluvial do Paraná médio e inferior até a desembocadura do Rio da Prata. Estrutura-se ao longo de mais de 3.400 km de rios livres de represas, os quais formam o corredor de áreas úmidas de água doce mais extenso do planeta, abarcando Brasil, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai (mapa 01).
Mais de 20 milhões de pessoas habitam esse sistema em comunidades indígenas, tradicionais e áreas urbanas e rurais. Esta região tem extraordinário valor ecológico e econômico, com uma variedade morfológica, climática, biodiversidade, qualidade de solos, recursos aquáticos e diversidade cultural, de características singulares. Muitas áreas ao longo deste Sistema são reconhecidas como Sítios Ramsar, Reserva da Biosfera, Patrimônio Natural da Humanidade, entre outras.
Por sua natural interconectividade e crescente relevância internacional, o Sistema oferece uma oportunidade única para o estabelecimento de processos de integração com base sustentável.
É importante ressaltar que, apesar de imperativa a preservação do Sistema Paraguai-Paraná de Áreas Úmidas, atualmente se registram diversas pressões antrópicas com conseqüências negativas para sua integridade e de suas populações. Dentre os principais problemas enfrentados na região, destaca-se: expansão da fronteira agrícola e da pecuária; desmatamentos da vegetação ciliar e regiões de nascentes; contaminação dos corpos de água por agrotóxicos e efluentes; assoreamento e erosão dos canais fluviais; emprego de tecnologias inadequadas de manejo dos recursos naturais; aumento do número de instalações hidrelétricas; queimadas; transporte fluvial em escala industrial, que promove alterações das condições naturais dos rios; grandes projetos de infra-estrutura; pólos minero – siderúrgicos e gás-químico de alto potencial poluidor, entre outros. A estas questões, soma-se o problema da concentração de renda; a falta de políticas e propostas adequadas para a melhoria da qualidade de vida das populações tradicionais, indígenas e ribeirinhos; a exclusão social; o inchamento das áreas urbanas e a super-exploração dos recursos naturais.
Nas últimas décadas percebe-se uma maior ocorrência de grandes inundações, ligada à diminuição da capacidade de absorção do solo e ao conseqüente aumento da quantidade e da velocidade do escoamento da água, potencializando os efeitos do El Niño. Tanto o regime hídrico quanto a qualidade da água estão sofrendo alterações, o que ameaça seriamente as populações humanas, a fauna e a flora da região.
Este cenário ressalta a necessidade de uma nova e criativa integração entre os países com a finalidade de garantir o desenvolvimento econômico e social das populações que vivem no Sistema Paraguai-Paraná de maneira cultural e ecologicamente harmônica.