///

Iprodione: o fungicida que está matando as abelhas

4 minutos de leitura

Via Greenme

A nova ameaça para as abelhas é um fungicida, o iprodione, usado amplamente em pomares frutíferos, hortas e produções de leguminosas, plantas ornamentais, jardins e gramados. Ou seja, é hoje o fungicida mais usado mundo afora, seja puro ou misturado com outros e, mata as abelhas mesmo quando usado em diluição significativa.

As abelhas e outros insetos polinizadores, fundamentais para as plantas que são polinizadas por insetos para poderem gerar frutos (para nossa alimentação), estão morrendo em uma taxa anual que beira os 30% da população, chegando ao ponto de se inviabilizar a reposição natural de colônias. As causas de morte dos polinizadores são variadas e vão desde as alterações climáticas ao uso de pesticidas diversos.

O iprodione é só o mais novo inimigo: este fungicida tem como missão acabar com o ataque fúngico aos pomares de amendoeiras e seu uso está indicado contra Botrytis, Minilia, Rhizoctonia, Sclerotinia. Mas, não só as abelhas serão afetadas já que o iprodione pode causar problemas pulmonares para quem está perto dos locais de pulverização, e ainda problemas hepáticos, renais, de baço, de testículos e próstata para além de problemas endócrinos. É possível também que seja carcinogênico para os seres humanos.

Tudo isso está explícito aqui na PPDB – Base de dados de propriedades de pesticidas da Universidade de Herdfordshire. Mesmo assim, este fungicida foi classificado pela OMS e a US-EPA como “ligeiramente tóxico”.

O que significa “ligeiramente tóxico”?

É difícil de se entender o que significa “ligeiramente tóxico” quando este fungicida vem matando as abelhas das regiões onde é pulverizado (e abelhas não são fungos, ao que me parece), em efeito direto (e, até 48 h da pulverização) e em efeito residual (em até 10 dias da pulverização) e que este efeito é ainda mais nefasto (rápido e extenso) quando ocorre sinergia com outros fungicidas, o que é comum.

Veja aqui o estudo “Os Efeitos Sinérgicos dos Fungicidas de Proteção de Amêndoas em Abelhas de Mel (Hymenoptera: Apidae) Sobrevivência de Forrageiros” que fala desse assunto, realizado em uma universidade do Texas proximamente.

Ah! Mas sabe o que é pior nisso tudo? É que não adianta você, no seu quintal ou sítio, cuidar das abelhas, não usar agrotóxicos, etc, se o entorno pulveriza.

Então, a luta é ampla, meu caro. Temos que conseguir que todo mundo pare de usar qualquer tipo de agrotóxico pois, não há sustentabilidade em ilhas – ou o planeta é sustentável ou a humanidade sucumbirá (primeiro que outras formas animais, sabia?).

Iasmim Amiden

Jornalista e Coordenadora do Programa Oásis da Ecoa.

Deixe uma resposta

Your email address will not be published.

Mais recente de Blog

Em novembro de 2023 a Ecoa participou de reunião com o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, apresentando a necessidade de o Banco tivesse especial atenção para a América do Sul quanto à questão climática. A região precisaria do BID para apoiar projetos voltados para a mitigação de eventos climáticos extremos em diferentes territórios. As cidades “biomas” precisam de apoio especial para medidas básicas como a arborização adequada a esses novos tempos.

Hoje tivemos a alegria de receber na Ecoa, o produtor rural Nelson Mira Martins, criador da RPPN Água Branca – nova reserva reconhecida oficialmente pelo ICMBio, que garante a proteção definitiva da segunda maior cachoeira de Mato Grosso do Sul, no município de Pedro Gomes.Seu Nelson foi recebido pela pesquisadora Fernanda Cano, e Alcides Faria, diretor institucional e um dos fundadores da Ecoa, e conversaram sobre as possibilidades que se abrem com a preservação da cachoeira e a criação da RPPN.

Hoje tivemos a alegria de receber na Ecoa, o produtor rural Nelson Mira Martins, proprietário da