A Aldeia Água Branca, em Nioaque (MS), agora conta com duas novas brigadas formadas para combate e prevenção ao fogo. São 14 indígenas, entre mulheres e homens, que se voluntariaram para assumir essa importante tarefa em prol da sua comunidade e território.
Para além do combate ao fogo, esses novos e novas brigadistas também atuam na promoção da educação ambiental no local, uma estratégia de prevenção que transforma a comunidade onde essas pessoas vivem.
A formação aconteceu entre os dias 5 e 6 de novembro no centro comunitário da aldeia. A iniciativa é fruto de parceria entre a Ecoa, WWF-Brasil e o Prevfogo/Ibama, responsável pelo treinamento. Ao longo dos dias de treinamento, também participaram brigadistas já formados das Aldeias Limão Verde, em Aquidauana (MS) e Brejão, em Nioaque (MS).
Manuela Nicodemos, assessora de André Luiz Siqueira, Diretor Presidente da ECOA, também é mobilizadora local das novas brigadas e explica que a prevenção é uma parte importante do treinamento.
“A formação permite que os brigadistas compreendam a relação com o meio onde vivem, com a natureza, e valorizem isso. É um conhecimento fundamental na perspectiva de prevenir, da educação ambiental. Isso é importante quando a gente pensa que estamos lidando com incêndios, algo que não quer que aconteça”.
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O treinamento oferecido é dividido em partes teórica e prática. Para discutir a teoria, os(as) brigadistas recebem material didático que aborda questões como Manejo do fogo, Meteorologia, Ecologia do fogo, recuperação de áreas degradadas.
Já na parte prática, os(as) brigadistas aprendem a lidar com os equipamentos de proteção e combate, técnicas de combates, produção de aceiros e estratégicas para fuga.
Para Claudionor do Carmo, presidente da APROAB (Associação de Produtores Indígenas da Aldeia Água Branca) e agora um dos brigadistas da comunidade, o estímulo à consciência ambiental pode evitar tragédias causadas pelo fogo.
“Os incêndios causaram uma preocupação imensa, temos sofrido bastante com queimadas nos últimos anos. Mas agora temos conhecimento sobre estratégias de prevenção e combate ao fogo. Nossa vontade é multiplicar isso dentro da aldeia, levar pra escola, para a comunidade, usar rádio para falar sobre o assunto”.
Joiçara é uma das seis mulheres que se voluntariaram para participar da formação. A brigadista afirma que o treinamento também foi uma oportunidade para perceber que mulheres podem estar nos mais diversos espaços.
“A gente perguntou se poderia ter mulheres no meio e quando confirmaram, decidi encarar. Foi uma experiência boa para mim e para a comunidade. E nós mulheres somos valentes e agora estamos preparadas”.
Nos próximos dias, outras seis brigadas serão formadas nas regiões de Miranda, Passo do Lontra e Taquari, no Pantanal.
Ao fim deste ano, serão 23 brigadas formadas com participação direta da Ecoa, que foi pioneira na promoção dessa estratégia no território pantaneiro, totalizando mais de 50 brigadas em comunidades e fazendas espalhadas pelo Pantanal. Com o sucesso da estratégia, ela passou a ser adotada como política da organização.
Agora mais um passo à frente. Recentemente, teve início a discussão da proposta de criação da Rede de Brigadas Voluntárias de Combate a Incêndios no Pantanal. Nesse processo será fundamental a cooperação com instituições governamentais e não governamentais