O texto a seguir traduz a percepção geral sobre a Estrada Parque Pantanal em tempos normais. Há alguns anos a região enfrenta um quadro de seca extrema, o que afeta toda a rica dinâmica ecológica. Os incêndios em 2020 e 2021 foram devastadores, inclusive destruindo pontes ainda não recuperadas. Ainda assim, é possível transitar pela EPP mesmo sem as pontes e a visita a este local continua totalmente válida.
A Estrada Parque Pantanal (EPP) está longe de ser um caminho convencional. Fatores como sua importância ambiental, turística, histórica e cultural fazem da via um lugar único no Pantanal.
Assim como Compreendendo pelo menos quatro sub-regiões (Paraguai, Miranda, Abobral e Nhecolândia), a EPP está dentro dos municípios de Corumbá e Ladário, no Mato Grosso do Sul.
Ao longo de seus 120 quilômetros sem pavimentação existem 71 pontes de madeira que se transformam em observatórios naturais. Durante os incêndios que devastaram o Pantanal nos últimos anos, algumas dessas pontes chegaram a ser destruídas pelo fogo.
A presença de várias espécies da fauna silvestre, visíveis durante quase todo o ano, é o seu principal atrativo, além da beleza das áreas de inundação e outras paisagens tipicamente pantaneiras. O período de seca (maio a setembro) é o mais frequentado por turistas, já que é possível transitar com maior facilidade e observar animais e paisagens. Seu potencial turístico é reforçado também pela presença de pousadas, pesqueiros e restaurantes ao longo dos seus 120 quilômetros.
População local
Ao longo da Estrada Parque vivem aproximadamente 450 pessoas na região, sendo 250 delas na comunidade do Porto da Manga, 150 na comunidade do Passo do Lontra e as 50 restantes em pousadas, hotéis e fazendas.
O Porto da Manga é uma comunidade que abriga cerca de 40 famílias. Ali vivem funcionários de pousadas, piloteiros, guias, coletores de iscas e pescadores profissionais. O local possui forte significado histórico, pois foi onde o Marechal Cândido Rondon construiu um posto de telegrafia em palafita que resiste até hoje.
A Ecoa desenvolve uma série de atividades na comunidade. Entre elas, destaca-se o apoio ao trabalho das mulheres extrativistas que se dedicam em especial à produção com laranjinha-de-pacu. Em 2016, foi inaugurada a cozinha comunitária e sede da Associação de Mulheres Extrativistas do Porto da Manga. A iniciativa contou foi executado pela ECOA com apoio financeiro do Fundo Socioambiental CASA e Fundo Socioambiental Caixa Econômica Federal.
A cozinha foi projetada com tecnologias construtivas, sustentáveis e de baixo custo, com mecanismos adequados para fazer frente a eventos climáticos extremos e outros fenômenos naturais da planície pantaneira. O projeto Casas Adaptadas para fazer frente aos eventos climáticos extremos no Pantanal, foi um dos 10 finalistas do Prêmio World Habitat Awards, realizado no fim de 2019.
Já a comunidade do Passo do Lontra é constituída por 30 famílias que trabalham na pesca profissional e esportiva. São piloteiros, coletores de iscas e funcionários das pousadas. Essa comunidade está próxima à BR 262, a 100 quilômetros de Miranda e a 130 de Corumbá. No Passo do Lontra está instalada a Base de Estudos do Pantanal, pertencente à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
Histórico
A antiga Rodovia da Integração – MS 228, hoje a Estrada Parque Pantanal, foi traçada pelo explorador Marechal Cândido Rondon que, no final do século passado, trouxe a rede de telégrafo até Corumbá.
Também conhecida como “Estrada Boiadeira” ou “Estrada da Manga”, a Estrada Parque Pantanal ligava o interior da região de Corumbá com a capital do Estado, Campo Grande.
Foi construída sobre aterros, com alturas variando de 1 a 3 metros, numa tentativa de garantir as condições de tráfego em qualquer época do ano. Este objetivo, todavia, não foi totalmente alcançado, pois nas grandes cheias a água invade a estrada em vários pontos, impedindo a passagem.
É pela Estrada Parque que ocorre o escoamento da produção pecuária de muitas fazendas, o que intensifica o tráfego principalmente em dias de leilão. Há também as “comitivas”, quando os vaqueiros percorrem longos percursos a cavalo conduzindo os animais com muita habilidade. Essas viagens podem durar algumas horas ou alguns dias, dependendo das condições da estrada e do tempo.
Em 1993, o governo do estado de Mato Grosso do Sul declarou a EPP como Área Especial de Interesse Turístico, com o objetivo de assegurar e preservar o patrimônio natural e cultural. Assim, a estrada foi a primeira área protegida a ser decretada no Pantanal do MS.
Confira as imagens deste lugar especial
Matéria publicada originalmente em 20 de abril de 2022