Por Luiza Rosa.
A Laranjinha de pacu, cujo nome científico é Pouteria glomerata, é um fruto que se desenvolve no Pantanal à beira do rio Paraguai e de seus afluentes. Ela serve como isca para a pesca, o motivo pelo qual recebeu este nome. Precisa de muita água para frutificar e se tornou parte de uma cadeia socioprodutiva, pela primeira vez, na comunidade do Porto da Manga, localizada no município de Corumbá, a 60 Km do ajuntamento urbano da cidade.
Com o auxílio da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), por meio do projeto “Sabores do Cerrado & Pantanal”, a comunidade do Porto da Manga aprendeu técnicas de processamento alimentício da Laranjinha de pacu e passou a produzir geleias e polpas da fruta.
O acompanhamento da cadeia socioprodutiva da Laranjinha de pacu no Porto da Manga pela Ecoa se deu pela construção de uma cozinha comunitária no modelo palafita equipada com freezer, balança e seladora, esses dois últimos equipamentos comprados por meio do projeto Eccos. Pelo projeto Eccos também foram instaladas telas na cozinha comunitária, foi comprada uma máquina de cortar grama para manutenção do espaço da cozinha, foram feitos rótulos para a geleia com uma logomarca e foi feita uma parceria com o curso de Nutrição da UFMS, que avaliou a geleia produzida pelas moradoras do Porto da Manga. Dessa avaliação resultaram alguns retoques na geleia e uma tabela nutricional que acompanha o produto e a insere em um mercado mais amplo.
O projeto Eccos é um consórcio interinstitucional coordenado pela Fundación para la Conservación del Bosque Chiquitano (FCBC), na Bolívia, e coordenado pela Ecoa, na parte brasileira. Além dessas organizações, fazem parte do projeto a Fundación Amigos de la Naturaleza (FAN, Bolívia), Asociación para la Conservación de la Biodiversidad y el Desarrollo Sostenible (SAVIA, Bolívia), Bosques del Mundo – Verdens Skove (BdM, Dinamarca) e o Governo Autônomo Departamental de Santa Cruz (GADSCZ, Bolívia). Com financiamento da União Europeia, teve início em 2018 e está sendo encerrado agora, em 2021.
É importante destacar que a coleta de Laranjinha de pacu sofreu fortes danos, no ano passado, em decorrência das queimadas e da seca que assolaram o Pantanal. De cerca de 100 Kg de polpa armazenada nos anos anteriores, a comunidade do Porto da Manga conseguiu armazenar apenas 3 Kg no ano de 2020. Isso interfere no atendimento de demandas do mercado.
Outras localidades que também fazem a geleia e a polpa da Laranjinha de pacu são a APA Baía Negra, Porto Esperança e Barra do São Lourenço, todas elas localizadas no Pantanal.
Assista abaixo ao vídeo produzido pela Ecoa, via projeto Eccos, que mostra e valoriza o a cadeia socioprodutiva da Laranjinha de pacu, junto ao Porto da Manga e APA Baía Negra.
A foto da capa desta matéria é de Nathalia Eberhardt Ziolkowski e apresenta Elizete Soares, mais conhecida como Zezé.
