Por Luiza Rosa.
A Bocaiuva, cujo nome científico é Acrocomia aculeata é um fruto nativo da região do Pantanal. Seus pés chegam a 25 metros de altura e elas frutificam duas vezes por ano, em meados de julho e em meados de dezembro.
A fruta vem tecendo uma cadeia socioprodutiva na comunidade centenária do Pantanal, Antônio Maria Coelho (município de Corumbá, Mato Grosso do Sul), por meio da Associação de Moradores, que foi criada em 2006, e do Centro de Processamento de Derivados da Bocaiuva, vinculado à Associação. Em 2013, perceberam que a Bocaiuva tinha potencial alimentício. Conheceram seu valor nutritivo com o auxílio da Ecoa, da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
A Associação de Moradores da Comunidade Tradicional Antonio Maria Coelho hoje conta com um grupo de produção, formado por cinco mulheres, que se especializou no processamento artesanal e semi-artesanal da Bocaiuva, da qual extraem polpa fresca, fazem geleias, pão, bolos, castanha, polpa desidratada, farinha e outros alimentos. Desde 2019, vendem polpa fresca para a empresa Dale Sorvetes, que produziu, em 2020, o sorvete e o picolé de Bocaiuva.
Foto: Nathalia Eberhardt Ziolkowski
Por meio do projeto Eccos, a Ecoa pôde comprar três maquinários para a comunidade Antonio Maria Coelho: uma máquina despolpadora de Bocaiuva, uma máquina quebradora de coco, que foram desenvolvidas em parceria com o instituto de Física, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, e duas secadoras solares, baseadas no modelo desenvolvido pela Embrapa Pantanal. Elas serão entregues à comunidade ainda este ano.
Além disso, o projeto garantiu, junto ao Sebrae, a consultoria para elaboração do manual de boas práticas, documento importante para quem tem estabelecimentos que trabalham com alimentos, além da consultoria em gestão, com o curso de Custos e Formação de Preço. Através do projeto Eccos também foram adquiridos rótulos e embalagens, além de poder acompanhar e fortalecer o processo de empoderamento das mulheres produtoras que escreveram projetos e conseguiram levantar recursos junto à Vale, a empresa de mineração que está localizada no entorno da comunidade, para finalizar o centro de processamento da Bocaiuva.
O projeto Eccos é um consórcio interinstitucional coordenado pela Fundación para la Conservación del Bosque Chiquitano (FCBC), na Bolívia, e coordenado pela Ecoa, na parte brasileira. Além dessas organizações, fazem parte do projeto a Fundación Amigos de la Naturaleza (FAN, Bolívia), Asociación para la Conservación de la Biodiversidad y el Desarrollo Sostenible (SAVIA, Bolívia), Bosques del Mundo – Verdens Skove (BdM, Dinamarca) e o Governo Autônomo Departamental de Santa Cruz (GADSCZ, Bolívia). Com financiamento da União Europeia, teve início em 2018 e está sendo encerrado agora, em 2021.
Assista abaixo ao vídeo produzido pela Ecoa, via projeto Eccos, que trata da cadeia socioprodutiva da Bocaiuva junto à comunidade Antonio Maria Coelho, no Pantanal.