Paula Isla Martins, bióloga da Ecoa e pesquisadora do Laboratório de Ecologia de Intervenção (LEI) da UFMS, é a autora principal do artigo ‘Áreas prioritárias para prevenção de incêndios florestais e restauração pós-fogo no Pantanal brasileiro’, publicado nesta quinta-feira (13) na revista científica Ecological Engineering.
O trabalho foi desenvolvido por meio de parceria entre o LEI, o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais do Departamento de Meteorologia (LASA) da UFRJ e o Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul.
O artigo se propõe a desenvolver estratégias para evitar que os incêndios se repitam no Pantanal e a mitigar a degradação gerada. Paula explica que, para isso, a equipe de pesquisadoras identificaram áreas prioritárias para intervenção e ação preventiva, além de determinar custos para restauração. “As áreas de intervenção são tanto as que queimaram mais, com risco maior para incêndios, quanto aquelas mais sensíveis, que se forem queimadas vão gerar maior perda para a biodiversidade”. A área identificada pela equipe como ‘severamente degradada’ pelo fogo no Pantanal dos últimos anos é de mais de 3120 km².
Ainda segundo a publicação, a área delimitada como de alto risco para incêndios é de 246 km². Segundo a pesquisadora, donos de propriedades no perímetro de maior risco foram alertados e devem ser acompanhados pelo Ministério Público. “Nosso intuito é orientar os proprietários sobre o risco do fogo e fornecer medidas de orientação de prevenção para que o fogo não se expanda, bem como de restauração para áreas já afetadas.”
Em 2020, incêndios destruíram 4,2 milhões de hectares do Pantanal brasileiro. Já em 2021, o cenário se repetiu e o fogo consumiu 1,3 milhões de hectares. A seca extrema dos últimos anos, ações antropogênicas e impunidade para incêndiários são alguns dos fatores que geram a destruição pelo fogo e potencializam sua propagação.
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Abstract
In 2020, fires in the Pantanal, the world’s largest continuous tropical wetland, made global news. The flames destroyed almost one-third of the biome. Furthermore, 43% of the affected area was burnt for the first time in 20 or even more years. As the combination of extreme drought and anthropogenic actions that caused these extreme wildfires is still prevalent, scientifically informed actions are necessary to prevent catastrophic fires in the future.
Fire prevention, as well as restoration need to be spatially prioritised, as it is unfeasible to plan actions for the whole extent (150,355 km2) of the Brazilian Pantanal. In this study, we identified areas of high fire risk based on meteorological fire risk tendency for 1980–2020, fire intensity, last year with fire, the recurrence of fires for 2003–2020, and remaining areas of natural forest vegetation around watercourses. These native remnants include unburnt areas that can serve as refuges for fire-sensitive species and are important for fire prevention. We identified 246 km2 with high fire risk, i.e., high probability of megafires, with vegetation types that support fire-sensitive plant species. We found that while 179 km2 had high or medium natural regeneration potential, 66 km2 had low potential and needed active restoration. Over 3120 km2 have been severely degraded by recent fires. About 93% of these areas have high or medium potential for natural regeneration, where the suggested actions are passive restoration and Integrated Fire Management. We estimated the cost of post-fire restoration for areas with high and medium potential for natural regeneration to be around 123 million USD. In areas with low regeneration potential (219 km2), we suggest active restoration. The cost to restore these areas using transplanted seedlings or enrichment planting is estimated between 28 and 151 million USD.