Com informações da Folha de São Paulo
-
Motivo é a degradação dos habitats de água doce como rios, lagos e pântanos.
-
A pesquisa avaliou mais de 20 mil espécies, incluindo crustáceos, peixes e insetos.
-
Risco de extinção é maior para os decápodes (como caranguejos e camarões) e peixes de água doce.
-
Fatores de risco para os habitats naturais são diversos e incluem barragens, poluição e agricultura intensiva entre os principais.
-
Metodologia e dados foram baseados na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza).
Um estudo publicado na revista científica Nature revelou que quase 1/4 (24%) das espécies de fauna de água doce estão ameaçadas de extinção. A pesquisa avaliou 23.496 espécies, incluindo crustáceos, peixes e insetos, apontando que os habitats de água doce, como rios, lagos e pântanos, estão sob crescente ameaça.
Entre os principais fatores de risco estão a construção de represas, a poluição, a agricultura intensiva, a introdução de espécies invasoras e as mudanças climáticas. Esses elementos contribuem diretamente para a degradação e perda desses habitats.
Segundo a publicação, as barragens e a extração de água são responsáveis por 39% das espécies ameaçadas. Além disso, 26% das espécies de peixes de água doce e 30% dos decápodes – como caranguejos e camarões – enfrentam risco significativo de extinção.
👉VEJA MAIS: Barragens podem fazer desaparecer várias espécies de peixes
O estudo, considerado um marco, adverte que estes ambientes são importantes não apenas para a biodiversidade, ajudando a mitigar os efeitos das mudanças climáticas, por exemplo, mas também para bilhões de pessoas que dependem deles como fonte de alimento e água. Por isso reforçam a urgência de ações globais para proteger os ecossistemas aquáticos.
Essa é a primeira vez que pesquisadores analisam o risco global para espécies de água doce.
Barragens na Bacia do Alto Paraguai
Desde os anos 2000, a ECOA, junto com a Coalizão Rios Vivos e a Rede Pantanal, tem investigado os impactos que as represas para geração de energia elétrica na Bacia do Alto Paraguai tem sobre o Pantanal.
Os resultados, alinhados com a pesquisa publicada na Nature, mostram que as barragens interrompem o curso natural das águas, isolando populações de peixes e transformando profundamente os ecossistemas. Elas afetam particularmente espécies migratórias, ao bloquear sua subida para as áreas de reprodução, comprometendo sua sobrevivência e toda a cadeia alimentar.
Um exemplo é o rio Jauru, onde seis represas construídas em sequência criaram barreiras intransponíveis para espécies como Dourado, Pintado e Cachara. Além disso, essas barragens alteraram a qualidade da água e a vazão do rio, afetando diretamente a pesca – uma das principais fontes de renda da região – e colocando pescadores em situação de extrema vulnerabilidade.