– Tempo no transporte será reduzido em 8,6 horas.
– Saiba sobre empréstimos anteriores, dentre eles um em segurança com automação do sistema.
– Transportar pela Hidrovia Paraguai-Paraná não é mais barato.
– Plano de expansão da Rumo S.A para o Norte de MT aumenta a competitividade nos custos frente a Hidrovia e o transporte rodoviário de grãos.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) “subscreveu R$ 750 milhões em debêntures* de infraestrutura em oferta pública de R$ 1,5 bilhão realizada pela Rumo”, de acordo com matéria publicada pelo jornal ‘O Valor’. A Rumo, empresa de logística do grupo Cosan, é a operadora da Ferronorte, ferrovia que percorre a parte alta da bacia do rio Paraguai – onde está o Pantanal -, desde Rondonópolis, no Mato Grosso, passando por Mato Grosso do Sul e alcançando o Porto de Santos em São Paulo. A malha da Rumo S.A. alcança também o Porto de Paranaguá, no Paraná.
A Ferronorte disputa diretamente cargas de grãos com a Hidrovia Paraguai- Paraná, mostrando-se muito mais viável, sem a necessidade de permanentes investimentos governamentais em dragagens e outras obras, como, inclusive se propõe agora, em 2023.
O recurso será aplicado na malha de São Paulo operada pela Rumo. Essas ferrovias são parte do maior corredor de exportação do agronegócio brasileiro, alcançando os estados de MT, MS, GO e SP, tendo como principais produtos transportados o açúcar, a soja, o milho e fertilizantes.
O BNDES é um apoiador continuado da Rumo S.A. Em 2018, o Banco aportou R$2,86 bilhões de “investimentos no âmbito da concessão de transporte ferroviário de cargas, inclusive na concessão da Rumo Malha Paulista”, informa a Reuters.
Em janeiro de 2023 o Banco aprovou novo aporte de R$ 686 milhões para, dentre outros fins, prover o desenvolvimento do sistema Positive Train Control 2.0 (PTC 2.0), projeto de automação da circulação dos trens capaz de determinar, com precisão, a localização, direção e velocidade das composições ao longo de toda a malha, além de poder atuar na frenagem de composições ferroviárias antes que ocorram acidentes por falhas. O BNDES informa que o custeio destinava-se a ganhos de produtividade em toda a operação Norte da Rumo, permitindo a aproximação dos trens e mantendo a segurança da operação. Espera-se reduzir o tempo médio do trajeto entre Rondonópolis e Santos em 8,6 horas. Também é esperada a redução de cerca de 2% no consumo de combustível, com impacto direto na redução de emissões de CO2.
Transportar por hidrovia é mais barato?
Hidrovia Paraná Paraguai, a Ferronorte e o fator tempo
É comum encontrar cálculos comparativos de custos de transportes por hidrovias versus o transporte rodoviário e ferroviário, apresentando o valor do quilômetro percorrido sem considerações sobre tempo gasto e distâncias percorridas pela carga em questão. Embarques no ponto inicial da Hidrovia Paraguai- Paraná (Cáceres-MT) percorrerão mais de 3.400 quilômetros até seu ponto final no Atlântico, no Uruguai, numa viagem de 15 dias. Caso o embarque seja feito pela Ferronorte, ferrovia que atravessa a parte alta da bacia do rio Paraguai, como informado, a distância será de 1400 quilômetros, atingindo o Atlântico no Porto de Santos (SP) em apenas 84 horas ou cerca de 25% do tempo. Com o projeto aprovado pelo BNDES se reduziria a jornada das cargas para 21% do tempo gasto na hidrovia.
A carga a ser transportada/disputada pela Hidrovia Paraguai- Paraná e pela Ferronorte é basicamente de grãos. Essa alcançará obrigatoriamente os pontos de embarque trazidos por caminhões, fator que deve ser considerado nos cálculos específicos de custos de transporte, tanto para a ferrovia quanto para a hidrovia.
Plano da Rumo S.A aumenta a competitividade frente a Hidrovia e o transporte rodoviário de grãos
O que diz o site da companhia
Com mais de 700 quilômetros de extensão, a Ferrovia Autorizada de Transporte Olacyr de Moraes (F.A.T.O.) vai interligar a região de Cuiabá às cidades do Norte e do Sul do Estado. Dessa forma, amplia-se de maneira expressiva e estruturante o modal ferroviário, abastecendo os municípios mato-grossenses (mercado interno) e transportando a produção agrícola destinada à exportação (via Porto de Santos).
*Um título de dívida que gera um direito de crédito ao investidor