///

Calor extremo deve servir de aviso para medidas preventivas e de redução de impacto dos eventos climáticos extremos

8 minutos de leitura
(Crédito imagem: Pexels)

Por Alcides Faria, Diretor Institucional da Ecoa.

As temperaturas extremas vividas esta semana pela maior parte da população brasileira; a seca na bacia do rio Amazonas afetando o transporte e o abastecimento de cidades, mais as chuvas no Rio Grande do Sul com pelo menos 50 mortos, são indicações recentes de que o trato das questões climáticas no Brasil deve ter novas abordagens.
Todo o visto recentemente mostra que preciso trabalhar prioritariamente na construção de políticas públicas que tratem da prevenção e da adaptação a situações climáticas extremas, pois novas situações com possibilidade grandes danos sociais estão no horizonte, como amplamente previsto por climatologistas.
Em que devem diferir as políticas públicas climáticas tendo em conta os eventos extremos com os quais passamos a conviver?
Um dos pontos centrais é construí-las tendo como um dos eixos a água – superficiais e subterrâneas – e seus territórios concretos, como bacias hidrográficas, em conexão direta, estratégica, com a preparação das cidades, pois é onde concentra-se a maior parte da população brasileira. Essas políticas para o clima e eventos extremos devem ultrapassar temas com mais visibilidade na área do clima, como a transição energética, de modo a prevenir ou mesmo mitigar danos sociais, econômicos e ambientais.
– Cidades com plano de rearborização e mais áreas verdes;
– Planos de eficiência energética, incluindo economia de energia;
– Redução de perdas de águas e garantia de proteção para zonas produtoras;
– Transportes mais eficientes.
– Campanha de comunicação nacional e local ampla, alcançando diferentes setores.

02 out 2023

Na Amazônia, mais de 100 botos morrem por causa da seca extrema
A mortandade de botos e tucuxis se soma ao drama de comunidades sem água e suprimentos para sua sobrevivência, enquanto a estiagem tende a piorar.
A seca extrema em diferentes pontos da Amazônia que já afeta o transporte hidroviário e o abastecimento de água e alimentos a várias cidades da região também afeta a fauna local. O Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá constatou a morte de 110 botos e tucuxis no lago Tefé, nas imediações do porto da cidade de Tefé (AM), na região do médio rio Solimões.
A contabilização, explica a Folha, ocorreu num período de uma semana, do sábado retrasado (23/9) até 6ª feira(29/9). Equipes do instituto ainda reuniam carcaças dos animais e informaram que pode haver uma quantidade maior de mortes desses golfinhos de água doce.
A morte em massa em tão curto período chocou os pesquisadores, destaca o UOL. Eles agora investigam qual processo resultou em um nível tão alto de mortes de animais, principalmente da espécie vermelha – os chamados golfinhos de água doce amazônicos. Carcaças estão aparecendo a até 8 km de distância do lago, que fica na confluência dos rios Tefé e Solimões.
O ICMBio anunciou que vai apurar as causas das mortes dos botos. O órgão disse que já mobilizou para a região equipes de veterinários e servidores do seu Centro de Mamíferos Aquáticos (CMA) e da Divisão de Emergência Ambiental, além de instituições parceiras para apurar as causas da mortandade, informa o Estadão.
Além dos botos, a seca severa também está dizimando peixes, como registrado em Manacapuru, no Amazonas. Segundo a Reuters, a mortandade de peixes em vários rios está afetando cerca de 111 mil amazônidas que dependem da proteína para a sua subsistência. E, num círculo vicioso, os animais mortos contaminam a pouca água disponível, piorando o abastecimento.
Na 6ª feira (29/9), o governo do Amazonas decretou situação de emergência, após 55 municípios amazonenses serem afetados pela seca severa. O decreto tem duração de 180 dias e pode ser prorrogado, informa o g1. Além disso, o governador Wilson Lima também instalou um gabinete de crise. Segundo ele, a seca já deixou 2.200 alunos sem acesso à escola, relata o g1.
Com o decreto, a gestão pública pode adotar medidas excepcionais e pedir ajuda ao governo federal. De acordo com o Nexo, as ações incluem a dispensa de licitação de contratos de aquisição de bens como cestas básicas; a flexibilização da licença para abertura de poços artesianos; o amparo a produtores rurais; e a suspensão de cobrança em restaurantes do programa Prato Cheio, do governo amazonense.
Mas, afinal, qual é a causa da seca extrema? Para Rodolfo Salm, ambientalista e professor da UFPA, apenas o El Niño não é suficiente para justificá-la. Logo, a explicação está “sem dúvida nas mudanças climáticas, no aquecimento global”, diz ele à Revista Fórum. No entanto, Salm explica que fenômenos climáticos são multifatoriais. No caso da Amazônia, dois outros fatores influenciam no atual resultado catastrófico: o estado avançado do desmatamento e o El Niño.
Agência Brasil, g1, BBC, CNN, ((o))eco, Um só planeta, Guardian, Brasil de Fato, Metrópoles e DW noticiaram a mortandade de botos e a situação de emergência no Amazonas por causa da seca extrema.
Em tempo: A já grave seca amazônica tende a piorar. A estiagem severa que atinge a região neste ano pode bater recorde e se estender até janeiro, segundo previsão do Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN). A situação de diversos rios estratégicos para a região é crítica, com vazões abaixo da média histórica, detalha o g1. Diante disso, o número de municípios afetados pela estiagem deve aumentar até o final do ano, impactando a navegação e o acesso à água, intensificando as queimadas e contribuindo com perdas na produção agrícola familiar.

Via Climainfo

Deixe uma resposta

Your email address will not be published.

Mais recente de Blog