Por Alcides Faria, biólogo e Diretor Executivo da Ecoa.
– Dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA) mostram que 140 milhões de hectares de solos no Brasil estão degradados. Esse número equivale a 16,5% do território nacional.
– Dos 140 milhões, 90 milhões de hectares são de pastagens, segundo a Universidade Federal de Goiás.
– Solos degradados afetam negativamente a quantidade e a qualidade da água para abastecimento humano, para a melhor geração de energia nas usinas e outros usos.
– Solos degradados permitem maior transporte de sedimentos para o leito dos rios, sedimentos estes que terminam levados para os reservatórios das usinas, reduzindo suas capacidades de armazenamento de água.
– Uma das formas de degradação de solos é a compactação através de processos como o pisoteio constante do gado, o que impede a natural infiltração das águas das chuvas e, consequentemente, o abastecimento dos lençóis subterrâneos com redução de seu gradativo “fornecimento” de água para córregos e rios.
– Recuperar microbacias hidrográficas “produz” água pois ocorre infiltração quando das chuvas, recupera economia agrícola, gerando trabalho e renda.
– A compactação pode também maximizar o efeito das chuvas mais fortes, aumentando o poder de arraste de sedimentos pelas das águas, que alcançam mais rapidamente as partes mais baixas das microbacias.
– A degradação impede o abastecimento dos lençóis subterrâneos adequadamente.
– Lençóis subterrâneos são a “caixa” de reserva que liberam gradativamente a água para os rios e reservatórios ao longo do ano, mesmo nos períodos mais secos.
– Se os lençóis subterrâneos não são abastecidos adequadamente, terminam rebaixados na medida em que água é extraída para usos como abastecimento das cidades e a irrigação na agricultura.
– O abastecimento dos lençóis subterrâneos é comprometido também pela destruição das chamadas ‘áreas de recarga’, regiões específicas por onde a água infiltra mais facilmente, suprindo os lençóis. Em geral essas áreas não são protegidas e estão sob a agricultura intensiva e com risco de contaminação por agrotóxicos.
– A cidade de Tietê, em São Paulo, é atravessada pelo rio que lhe dá o nome, mas não pode recorrer a ele para abastecer-se de água devido a poluição extrema. A cidade usa o Aquífero Tubarão, mas mesmo este não resolve o problema de todos, pois está com a vazão reduzida devido às chuvas deficientes dos últimos anos e certamente falta de proteção em áreas de recarga.