Texto originalmente publicado em: 07/03/07
O material Valorizando a Biodiversidade no Ensino de Botânica traz diferentes abordagens da flora regional voltadas ao ensino, pesquisa e educação ambiental em escolas, universidades, comunidades ou organizações. O kit é composto por cinco materiais: um livro sobre a vegetação do Pantanal; oito cartões postais com imagens de frutos silvestres comestíveis; um livro de poemas; um pôster sobre as formações vegetais pantaneiras e um caderno de apoio do professor. O lançamento da primeira coleção didática sobre as plantas do Pantanal e do Cerrado aconteceu, dia 9 de março, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul.
A organização da coleção é do professor de prática de ensino de biologia da UFMS, Paulo Robson de Souza, autor de diversas publicações literárias e ambientais, materiais didáticos, brinquedos ecológicos e premiado fotógrafo de natureza. “Desde que assumi as disciplinas de Práticas de Ensino de Biologia e Ciências, em 1992, percebi que era praticamente nula a existência de materiais didáticos regionais para escolas do MS, apesar da sua peculiar biodiversidade. Era preciso fazer a minha parte”, conta o biólogo. A obra, publicada pela Editora UFMS, recebeu apoio da Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul).
O pôster, que apresenta formações vegetais típicas do Pantanal, como paratudal, espinheiral e carandazal, foi idealizado há oito anos pela botânica Ubirazilda Maria Resende. Na época, seria publicado em encarte de uma revista distribuída para escolas de MS. No entanto, a revista não teve continuidade. Já o livro Vegetação do Pantanal, de autoria do professor Cláudio de Almeida Conceição, nasceu de um original entregue há nove anos ao amigo Paulo Robson, voltado ao público jovem. Conceição, que tem dado grandes contribuições para as pesquisas botânicas de MS, também fundou o primeiro herbário do Estado, no campus da UFMS em Corumbá. Na obra, o professor aborda de forma didática as principais espécies da vegetação pantaneira e sua distribuição.
Já os cartões postais, além de dar água na boca, dão frutos no ensino: trazem o jatobá, o acuri, a bocaiúva, o buriti, o maracujá-do-mato, a guavira, o pequi e o caraguatá com informações nutricionais de pesquisadores do Laboratório de Tecnologias de Alimentos da UFMS.
Fiel ao conhecimento científico, mas livre como a inspiração humana, o livro Síntese de Poesias é a metade da laranja de uma publicação anterior de Paulo Robson de Souza, o Poesia Animal, escrito com Sidnei Olívio. Na obra recente, ao invés da temática da fauna, o biólogo se inspirou durante três anos nas plantas do Cerrado e do Pantanal. “Embora seja destinada a professores de Ciências e Biologia, esta publicação também é um excelente material para aulas de literatura e língua portuguesa”, comenta Souza. Professores que trabalham com a técnica da versificação ou querem contextualizar uma obra, encontrão vários estilos e formas poéticas: cordéis, haicais (pequenos poemas de origem japonesa), versos livres, trovas e até letras de músicas no estilo brega e uma moda de viola.
Os renomados botânicos Arnildo Pott, Ângela Lúcia Bagnatori Sartori, Geraldo Alves Damasceno Júnior, Ubirazilda Maria Resende e Vali Joana Pott, a jornalista Maria José Surita Pires de Almeida e a engenheira agrícola Elizabeth Arndt, além do organizador Paulo Robson, assinam artigos e atividades pedagógicas do livro Contextualizando a Botânica. Nele, professores e alunos aprendem sobre a importância dos herbários e como realizar a coleta de uma planta no ambiente natural para permitir sua catalogação e identificação científica. Contribuições para melhorar a qualidade nutricional da merenda escolar e a dieta de comunidades de baixa renda ou mesmo para sobrevivência na mata estão no capítulo de Arnildo e Vali Pott, que listam as principais espécies comestíveis e medicinais do Pantanal. As diferentes formas de se trabalhar didaticamente os cartões postais e o pôster, várias informações científicas sobre as plantas abordadas nos poemas e como as plantas se espalham pelo mundo também são abordados.
Assinam o projeto editorial a jornalista Marília Leite, com design de Lennon Godoi. Já os ícones usados para identificar os volumes da coleção “são fragmentos de desenhos de autoria da professora de Fisiologia Vegetal da UFMS, doutora Tereza Cristina Stocco Pagotto. Utilizando lápis e canetas hidrocor, Tereza faz um mergulho profundo no subconsciente, buscando formas aparentemente desconhecidas, mas certamente encontradas no estudo das plantas – especialmente por aqueles que têm uma sensibilidade maior”.
Por ter recebido recursos públicos da Fundect, 1.250 exemplares estão sendo doados para instituições públicas. Todas as 395 escolas estaduais de Mato Grosso do Sul, por exemplo, ganharam o material didático e já incluíram seu uso nos planos pedagógicos de 2007. Para o público de qualquer faixa etária, a Coleção Valorizando a Biodiversidade no Ensino de Botânica estará à venda com preço reduzido na Livraria Lê, em Campo Grande. Para chegar às escolas das redes privada e municipal o projeto busca parceiros e apoiadores como prefeituras, empresas ou organizações.
O lançamento da obra será nesta sexta-feira (9 de março), durante o Café Cultural da Livraria Lê, das 19h às 21h30. Os autores estarão presentes autografando a coleção e a entrada é franca. O endereço é rua Antônio Maria Coelho, 3.862, próximo à rua Ceará.
Mais informações:
Livraria Lê: (67) 3327 3069
Paulo Robson de Souza: (67) 3345 7329 / 9251 0860
paulorobson.souza@gmail.com
Sobre o organizador:
Paulo Robson de Souza é baiano de Vitória da Conquista, licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Espírito Santo. É mestre em Microbiologia do Solo pela Esalq/USP e professor da UFMS, em Campo Grande, onde atua na formação de professores desde 1987. Atuando desde 1992 como fotógrafo de natureza, é ganhador de prêmio nacional de fotografia científica pela Revista Ciência Hoje, da SBPC, e menção honrosa do concurso Árvores Brasileiras, do BBA. Durante as comemorações de 100 anos de Campo Grande – MS (1999), oito peixes do Pantanal fotografados por Souza estamparam três milhões de selos, com detalhe em holografia, lançados na China.
Paulo Robson também é autor dos trabalhos:
– Bio-memória (jogo ecológico / Editora UFMS);
– Dominó Vertebrados do Pantanal;
– A Casa dos Animais (livro-caixa desmontável / Editora Oak);
– Fotocordel – A Casa do Periquito Quase Invisível (Paulo Robson de Souza e Allison Ishy / Editora Sterna);
– Poesia Animal (Paulo Robson de Souza e Sidnei Olívio / Editora Sterna e UFMS);