O novo relatório da ONG Global Witness mostrou que o Brasil foi um dos quatro países que mais registraram episódios de violência contra ativistas e lideranças ambientais em todo o mundo. Em 2020, 20 pessoas foram mortas no Brasil por defenderem suas terras e o meio ambiente, quatro a menos que no ano anterior – mas, ainda assim, suficiente para colocar o país no 4º lugar do ranking internacional, atrás apenas de Colômbia (65), México (30) e Filipinas (29). A maior parte das mortes no Brasil aconteceu na Amazônia, onde pelo menos dez indígenas foram assassinados no ano passado.
A América Latina concentrou a maioria das mortes: 165 dos 227 óbitos registrados globalmente. “A América Latina tem sido, de forma consistente, a região mais afetada por essas questões. Com muita frequência, as pessoas que defendem sua terra e nosso planeta sofrem criminalização por parte de governos, intimidação em suas comunidades e assassinatos”, explicou Mariana Commandulli, da Global Witness.
Em média, quatro ativistas ambientais foram mortos por semana no mundo desde a assinatura do Acordo de Paris, no final de 2015. Esses dados podem ser ainda piores, já que restrições à atividade jornalística em muitas das áreas críticas do globo limitam o levantamento das mortes violentas associadas a questões ambientais. “Essa violência sistêmica é resultado de décadas de impunidade para agressores e, entre esses, empresas que colocam a extração e o lucro acima da vida humana e do meio ambiente”, explicou Mariana.
Quase um terço dessas mortes estava diretamente relacionada à exploração de recursos naturais, como extração de madeira, mineração, agronegócio e obras de infraestrutura. O documento destaca o apoio dado pelo governo de Jair Bolsonaro à exploração econômica de áreas indígenas, que impulsionou uma nova onda de invasões e ataques aos Povos Tradicionais, bem como o impacto da má gestão federal da pandemia nessas comunidades.
CNN Brasil, Deutsche Welle, Folha, G1, O Globo, Poder360 e UOL repercutiram esses dados no Brasil. O relatório também teve destaque no exterior, com manchetes em veículos como AFP, BBC e Guardian.