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Crise da água. Situação crítica nas bacias dos rios Paraná e Paraguai

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Na seca dos últimos anos, em alguns trechos do rio Paraguai era possível atravessar a pé Imagem: Alíria Aristides/acervo Ecoa
  • Mudanças climáticas, desmatamento e uso inadequado do solo agravam o cenário.
  • É preciso proteger zonas de recarga e recuperar microbacias.

Matéria da jornalista Inara Silva no CG News mostra que as bacias dos rios Paraguai e Paraná enfrentam uma das secas mais graves já registradas. Entre fevereiro de 2024 e julho de 2025, a bacia do Paraguai permaneceu 18 meses consecutivos em “seca excepcional”, nível mais crítico do índice de monitoramento (TSI). A conclusão vem de levantamento da pesquisadora em hidrologia do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), Elisangela Broedel.

Mesmo com mais chuvas em 2025 do que 2024, a má distribuição espacial e temporal impede a recuperação dos aquíferos e mantém os rios em situação crítica. No Pantanal, em Ladário, o TSI-12 chega a –1,80, caracterizando seca hidráulica extrema.

Como a Ecoa registrou algumas vezes, entre final de 2024 e primeiros meses de 2025, nas sub-bacias do rio Paraguai as chuvas foram desiguais, corroborando as conclusões da pesquisadora do Cemaden. Na parte norte ocorreram chuvas intensas, a ponto de fazer com que 5 municipalidades a decretassem emergência. Já na parte sul chuvas significativas ocorreram somente a partir de abril maio. Atualmente vários rios das sub-bacias encontram-se em situação crítica.

Na bacia do Paraná, a situação também é alarmante: desde 2025, as vazões estão muito abaixo da média histórica, rompendo o ciclo regular de cheias que durava até 2019 — impacto visível inclusive no reservatório de Itaipu. Na bacia do Paraná no estado de São Paulo vários municípios estão atualmente sob emergência hídrica. Os reservatórios que abastecem a região metropolitana de São Paulo estão com níveis dentre os mais baixos já registrados.

A causa de partida vem das mudanças climáticas, quadro que é agravado pelo desmatamento, mudanças climáticas e uso inadequado do solo e que comprometem a resiliência dos sistemas hídricos. São necessárias estratégias emergenciais de gestão da água, com integração de dados de monitoramento de instituições como o Cemaden.

Para Alcides Faria, diretor da Ecoa e encarregado da agenda “Águas”, as necessidades que se impõem com urgência são proteção das zonas de recarga dos aquíferos, o disciplinamento mais rigoroso para uso das águas subterrâneas, a ampliação da vegetação ciliar e a essencial recuperação dos solos a partir das microbacias. Aqui vale lembrar que o Brasil possui 177 milhões de hectares de pastagens, das quais 109,7 milhões apresentam algum tipo de problema, o que contribuí para agravar o quadro de eventos hídricos extremos.

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