19 ago. 2021
Precisamos de outras lógicas para o país – quebrar narrativas e deixar de comprar pelo preço que apresentam. O caso Cantareira e a falta de água em SP é emblemático. (Por Alcides Faria, diretor executivo da Ecoa)
Outras equações do Cantareira
Recuperar os 88 mil hectares de pastos existentes no Sistema Cantareira diminuiria a quantidade de sedimentos que chegam nos cursos d’água anualmente em 30%, o que equivale a 78 mil toneladas. Caso as matas ciliares entrassem na dança da recuperação a diminuição seria de 44%, ou 114 mil toneladas – 3.800 carretas com 30 toneladas cada. São dados de pesquisa da Unicamp (matéria abaixo)
Fiz uma busca rápida de custos de recuperação de pastagens e encontrei valores entre 500 e 3 mil reais.
Posterior – o valor médio que usei abaixo (2 mil reais)para recuperação de um hectare está alto. Continuarei pesquisando.
Supondo que no Cantareira esse valor chegue a R$ 2 mil, a recuperação dos 88 mil hectares seria de apenas R$ 176 milhões, muito menos que os bilhões de investimentos anunciados por Alkimin e Dilma para trazer água para São Paulo.
Considerando que cada hectare recuperado produza apenas mais 40 quilos de carne anualmente, teríamos mais 3,52 mil toneladas de carne disponíveis e, importante, próximo de grandes mercados consumidores. Calculo semelhante pode ser feito para o leite. Ganhos por todos os lados.
Sobre os ganhos ambientais e o prolongamento da vida dos reservatórios, creio desnecessário comentar.
– Todos os anos, mais de 260 mil toneladas de sedimentos vão para o fundo dos reservatórios, rios e córregos que formam o Cantareira. A sedimentação implica a piora da qualidade de água, diminuição do tempo de vida útil dos reservatórios e ampliação dos custos de tratamento da água.
– Caso haja a recuperação de 88 mil hectares de pastos, que ocupam 38% da área total do sistema, a taxa de sedimentação cairia 30%.
– Se, além da pastagem, as matas ciliares, aquelas localizadas às margens dos rios, também fossem recompostas, a taxa cairia 44%.
Recuperação de pastos pode melhorar Cantareira, diz pesquisa
Criado em 10/05/15 14h49 e atualizado em 10/05/15 14h50
Por Camila Boehm – Repórter da Agência Brasil
Pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) mostra que a existência de água no Sistema Cantareira depende diretamente da recuperação de áreas de pastagens no local.
Segundo o autor da pesquisa, Oscar Sarcinelli, paisagens cobertas por vegetação têm maior capacidade de proteger o solo contra o impacto da chuva.
“O objetivo da pesquisa foi analisar medidas direcionadas à conservação da água na região do Sistema Cantareira”, explicou Sarcinelli. “Há várias propostas: recuperar as matas ciliares, construir novos reservatórios, fazer transposição dos reservatórios do rio Paraíba do Sul para o Cantareira”, disse ao se referir às propostas que exigem muito dinheiro e tempo. Os pastos são uma realidade da região e, por isso, sua melhoria foi uma das alternativas estudadas por ele.
Terreno sem vegetação propicia erosão e deslizamento de sedimentos. Todos os anos, mais de 260 mil toneladas de sedimentos vão para o fundo dos reservatórios, rios e córregos que formam o Cantareira. A sedimentação implica a piora da qualidade de água, diminuição do tempo de vida útil dos reservatórios e ampliação dos custos de tratamento da água.
Segundo Sarcinelli, caso haja a recuperação de 88 mil hectares de pastos, que ocupam 38% da área total do sistema, a taxa de sedimentação cairia 30%. Se, além da pastagem, as matas ciliares, aquelas localizadas às margens dos rios, também fossem recompostas, a taxa cairia 44%.
A pesquisa ressalta que a existência de vegetação traz um grande benefício: boa parte da água da chuva se infiltra no solo, o que alimenta os lençóis freáticos. Mais tarde, quando não houver chuva, a água subterrânea continuará fluindo para as represas.
Sarcinelli concluiu que o simples manejo dos pastos tem papel importante, e de menor custo, para a conservação dos reservatórios do Sistema Cantareira. O emprego de uma pecuária mais intensiva, com menos área para criação do rebanho, e pastagens mais densas, não só contribuiriam para a sustentabilidade dos reservatórios, como aumentariam a produtividade do setor.
19 ago. 2021
A crise hidrica somado ao ar seco tem várias consequências muito graves
O site H2Foz informa que a Companhia de Energia Elétrica do Paraná (Copel) registrou “116 desligamentos no estado causados por queimadas junto à rede de distribuição de energia elétrica, de janeiro a julho deste ano – um aumento de 30% na comparação com o mesmo período em 2020. A seca atual aumenta o risco de incêndio e muitas pessoas insistem em atear fogo inclusive nas áreas perto da fiação. Com vegetação seca nesta época do ano, o fogo pode alastrar-se muito rápido. Segundo a companhia, julho passado concentrou 33 ocorrências, sendo o mês em que se registrou mais queimadas até o momento. Esse número é o dobro dos atendimentos no mesmo mês do ano anterior.”
18 ago. 2021
Frente à crise hídrica, governo começa por racionar informações (Climainfo)
Em linha com a falta de transparência deste governo, desde janeiro de 2019 não se divulga o “risco de déficit” hídrico. Segundo o Estadão, o MME disse que não há uma métrica para se decretar um racionamento e, sim, o acompanhamento mensal do CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico) e que o “risco” divulgado anteriormente era ineficaz. Não haver divulgação é certamente pior, pois força empresas e o próprio governo a tomar decisões no escuro. Para a consultoria PSR, há um risco de racionamento entre 10% a 40% neste segundo semestre, dependendo da recuperação da economia.
Segundo o Poder 360, Vicente Andreu, ex-diretor-presidente da ANA (Agência Nacional de Águas), disse em audiência pública na Câmara Federal na 3ª feira, que “o ONS (Operador Nacional do Sistema elétrico) aumentou sistematicamente, mês a mês, mesmo as chuvas não chegando, a operação da geração hidráulica no Brasil, e reduziu, de maneira irresponsável, a geração térmica, provocando artificialmente um esvaziamento dos reservatórios” e acrescentou que “é um padrão que leva à fabricação artificial de crise no final do período chuvoso, gerando uma explosão de tarifas”. Diretores da Aneel confirmaram que a conta, de fato, pode subir ainda mais. Depende, segundo a diretora Elisa Bastos, da “chegada de chuvas” e de os consumidores reduzirem seu consumo, seja por causa do custo ou por entender os recados do governo. Esse aumento pode passar de 16% no ano que vem. A Folha e a Exame acompanharam a audiência.
Enquanto isso, o ministro de minas e energia, almirante Bento Albuquerque, segue alheio a uma crise hídrica histórica e a um relatório sobre a gravidade da crise climática. Ele foi aos EUA atrair investidores para a exploração de petróleo e gás. Na semana passada, lançou o Plano do Carvão Sustentável. O site do ministério e O Globo falaram da viagem.
18 ago. 2021
Os empresários e a crise da água
“Com o país atravessando uma grave crise hídrica, empresários estão preocupados com a possibilidade de apagão e consequentemente com os custos maiores na conta de luz. É o que aponta um levantamento feito pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) com 572 empresários brasileiros. De acordo com a pesquisa, 83% dos empresários apontaram que o maior medo é o aumento no custo da energia; 63% se dizem preocupados com o risco de racionamento e 61% afirmam estar receosos com a possibilidade de instabilidade ou de interrupções no fornecimento de energia.” (UOL)
17 ago. 2021
Geração hidrelétrica e outras fontes
Em 2001, o Brasil sofreu interrupções no fornecimento de energia, o chamado “apagão”. A geração de fonte hidrelétrica era responsável por 95% da matriz, sendo, ao longo do tempo, reduzida aos 63,5% de hoje.
As outras fontes e percentuais: eólica – 11%; gás – 8,8%; biomassa – 8,3%; óleo e diesel – 2,5%; solar – 2,5%; carvão – 1,8% e nuclear com 1,2%.
17 ago. 2021
Corte de água em hidrelétricas do Paraná mata peixes e ameaça piracema (Folha de S. Paulo)
“As primeiras semanas de redução da vazão de hidrelétricas no rio Paraná resultaram em grande mortandade de peixes nas regiões que passaram a receber menos água e geraram alertas sobre efeitos na piracema, o período de desova, que se inicia em novembro. O problema é mais visível na hidrelétrica Porto Primavera, operada pela Cesp, na divisa de São Paulo com o Mato Grosso do Sul. Em um período de cinco semanas, equipes da empresa encontraram 2,3 toneladas de peixes mortos e resgataram 1,7 tonelada que estavam em situação de risco.”
17 ago. 2021
Imagem publicada pela Folha de São Paulo em junho dá uma ideia da gravidade da crise enfrentada pela falta de água nos reservatórios das hidrelétricas brasileiras responsáveis pela geração de mais de 60% da geração de fonte hidráulica no País.
16 ago. 2021
Dezenas de municípios de cinco Estados brasileiros racionam água: problema está concentrado nas bacias do rio Paraná e do rio Paraguai
No Paraná a capital, Curitiba e mais 28 cidades da região metropolitana enfrentam racionamento de água, com 36 horas com abastecimento e outras 36 sem água. Em julho, choveu 14,6 milímetros na região, diante da média histórica de 92,4 mm no mês. Curitiba enfrenta problemas e está sob emergência hídrica há mais de um ano.
No Pantanal, a cidade de Corumbá (MS) enfrenta problemas para captar água do rio Paraguai, pois o nível está muito baixo, comprometendo a ponte de captação, o que leva a necessidade de uso de bombas móveis e outras medidas. Já em Coxim (MS) município que tem parte de seu território no Pantanal, o problema está no abastecimento na zona rural, pois rios secaram e a administração trabalha com caminhões pipa.
Várzea Grande (MT), vizinha de Cuiabá, abriu licitação para a contratar 40 caminhões-pipa.
O problema também alcança Minas Gerais, onde a Grande Belo Horizonte está sob risco. O Rio das Velhas, “responsável por abastecer 60% da região, entrou em estado de alerta no dia 3, segundo o Comitê da Bacia Hidrográfica”.
Aqui no Diário da Crise Hídrica apontamos a situação de outras regiões do Brasil e da Argentina na bacia do rio Paraná.
(Com algumas informações do Estadão e Campo Grande News)
16 ago. 2021
Crise hídrica expõe problemas estruturais do sistema elétrico (Climainfo)
O sistema elétrico nacional foi construído sobre bases que, desde há algum tempo, não mais se sustentam. Pedro Bara, no Valor, descreve como essas bases foram construídas: “Servindo a uma geração hídrica caracterizada por uma sequência sinérgica de reservatórios de regulação, eventualmente complementada por uma reserva térmica fóssil”.
Bara conta que o sistema foi planejado para uma vazão dos rios brasileiros que não existe mais. A entrada das eólicas e fotovoltaicas e as grandes hidrelétricas a fio d’água na Amazônia fragilizam o sistema centralizado que não incorpora os custos reais de transmissão na atual divisão em submercados.
Como a mudança do clima aponta para menos água nos principais reservatórios, Bara diz que não há volta para o passado e que é necessário se repensar o sistema fortemente centralizado, porém frágil.