/

Diário da crise hídrica – 19 a 23 de julho de 2021 – subsídio governamental para atender à crise, redução de vazão no rio Paraná e mais

21 minutos de leitura

23 jul. 2021

Crise hídrica na Argentina: governo cria fundo para atender localidades afetadas pelo baixo nível do rio Paraná

O governo argentino anunciou a criação de um “fundo de emergência hídrica” de um bilhão de pesos (cerca de 54 milhões de reais) para atender as províncias e localidades afetadas baixo nível do rio Paraná. O governo ordenou também a implementação dos procedimentos previstos no Sistema Nacional de Gestão de Riscos Integrais (Sinagir). Um “Comitê de Crise” foi formado para acompanhar a situação.
Uma das questões que se apresentam é se o quadro pode agravar-se com a retenção de água no Brasil nos reservatórios a montante, como determinado pelo governo brasileiro para as usinas de Jupiá e Porto Primavera.

 

23 jul. 2021

Governo brasileiro reduz vazão de reservatórios de usinas no rio Paraná.
Itaipu e Yacyretá com produção de energia reduzida.
No leito do rio Paraná estão os reservatórios de cinco grandes usinas: Ilha Solteira, Jupiá, Porto Primavera, Itaipu e Yacyretá. Itaipu é a última em território brasileiro, sendo compartida entre Brasil e Paraguai e Yacyretá entre Paraguai e Argentina.
Em junho, o governo brasileiro determinou a redução da vazão, a partir de julho, das usinas de Jupiá e Porto Primavera. Para Jupiá a redução de vazão foi de 3.300 m3/s para 2.300 m3/s e para Porto Primavera de 3.900 m³/s para 2.700 m³/s. Tal medida reduz a quantidade de água que chega nas represas de Itaipu e Yacyretá.
A usina de Itaipu reduziu de 20 para 12 turbinas em operação e Yacyretá está operando com 50% de sua capacidade, segundo o site Página 12.

 

22 jul. 2021

Por Climainfo.

Crise hídrica: geração hidrelétrica cai 20% e térmica fóssil aumenta 30%

Foto: Alexandre Marchetti / Divulgação / Itaipu

Na última 2ª feira, as hidrelétricas, que costumam suprir – em média – 65% da eletricidade consumida pelo país, geraram 50%. Enquanto isso, as térmicas fósseis, que geram, em média, 25% da eletricidade, responderam por 32%. Como a energia  destas últimas é mais cara, as contas de luz subiram e deverão ficar pelo menos 5% mais altas até novembro. Até lá, haverá um custo adicional de R$4 bilhões em relação ao previsto no começo de junho. O aumento na conta de luz foi responsável por 25% da inflação no mês passado, conforme informa André Borges no Estadão.

Para evitar que esta crise hídrica se torne perene, especialistas recomendam cinco grupos de ações. Giulia Fontes conta no UOL que será preciso diversificar mais a matriz de geração para depender menos da (falta de) chuvas. Como o Nordeste tem um potencial imenso de geração eólica e fotovoltaica a desenvolver, será preciso investir no sistema de transmissão, para distribuir essa energia nova por todo o país.

Também será preciso achatar a curva, expressão que se tornou popular durante a pandemia. A demanda de eletricidade tem um pico acentuado na segunda metade das tardes; uma distribuição melhor dessa demanda, reduziria a pressão sobre os reservatórios. O planejamento do setor e da operação do sistema precisam incorporar mais e melhor os impactos das mudanças climáticas.

Também será necessário atualizar os dados de capacidade dos reservatórios, que andam superestimados. Finalmente, há a recomendação de dar liberdade a todos os consumidores para que escolham de quem querem comprar eletricidade.

Como é de costume, nenhum dos entrevistados lembrou de falar de medidas e equipamentos mais eficientes, que geram o mesmo serviço consumindo menos do que hoje em dia. Aquela que deveria ser a primeira “fonte” de geração, é sistematicamente esquecida.

Com a conta de luz mais alta, os painéis fotovoltaicos instalados em telhados residenciais, do comércio, serviços e indústrias mais atraentes. Se antes da crise, eles se pagavam por volta de 10 anos, agora o retorno se dá entre 3 a 6 anos, dependendo de onde no país o painel é instalado. Stephanie Tondo, n’O Globo, traz mais números e informações a respeito.

Em tempo: O país está perdendo tempo e oportunidades ao não acompanhar a expansão dos veículos elétricos que acontece na China e nos países mais ricos. Talvez uma frota elétrica trouxesse problemas nesse momento de crise. Mas reduziria as emissões e, provavelmente, mitigariam crises hídricas futuras. Apesar do país e várias cidades terem planos de eletromobilidade, quase todos nunca saíram do papel. O presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Adalberto Maluf, conversou com Mário Sérgio Venditti, do Estadão, a esse respeito.

 

22 jul. 2021

A crise se agrava: demanda elétrica em alta e os reservatórios em baixa

O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) registrou aumento na demanda por energia elétrica em todos os meses ao longo do primeiro semestre. A alta foi de quase 7% no mês passado no sistema Sudeste/Centro-Oeste, em relação a junho passado. No país todo, ela subiu 8%. Nos últimos 12 meses, esse crescimento foi de quase 5%, o que é muito olhando para os reservatórios baixando a cada dia. O ONS entende que “a recuperação do setor industrial, principalmente das indústrias voltadas para exportação, aliado ao aumento da confiança nos setores de comércio e serviços foram os principais fatores que influenciaram no avanço da carga”.
A falta de chuvas fez com que Itaipu, uma usina a fio d’água, gerasse, nos primeiros 6 meses do ano, a menor quantidade de energia nos últimos 27 anos – lembrando que em 1994, a usina operava 18 das 20 turbinas atuais. Segundo O Globo, ela gerou 20% menos eletricidade do que no ano passado, um ano que já havia sido considerado ruim. Mais ao sul, no rio Paraná que abastece Itaipu, a Reuters informa que o governo argentino também está tomando medidas para poupar a água do rio e evitar um impacto maior na principal via de transporte da produção de soja e outros produtos agrícolas do norte do país.
Ontem, na região Sudeste/Centro-Oeste, a mais crítica, a capacidade de geração estava em menos de 28% do valor máximo. Para poupar água, o governo tem acionado as caras térmicas fósseis. Segundo a Veja, já se gastou neste ano quase R$ 8 bilhões, mais do que ao longo de todo o ano seco de 2015. Apesar dos custos e do fato de que a mudança climática, uma das causas dessas estiagens, é agravada por elas, há quem defenda aumentar mais a emissão de gases de efeito estufa. Adriano Pires, no Poder 360, inverte a tendência mundial de privilegiar as fontes limpas: “Térmicas a gás natural com 70% de inflexibilidade, bem como nucleares passariam a ser parte da geração prioritária de base, sendo complementada por geração hidráulica de vazão mínima, eólica, solar, hidráulica a fio de água”. Já a EPE (órgão oficial de planejamento energético) publicou uma atualização do seu plano para terminais de gás natural liquefeito, acrescentando mais 4 aos muitos existentes e planejados. Talvez por ironia, um deles ficaria em Itacoatiara, às margens do Rio Amazonas, no coração da floresta.
E, por falar em nuclear, sua associação também está aproveitando a crise para vender seu peixe, como informa a Folha. O argumento é que o preço do urânio é estável e é um recurso nacional.
Em tempo: Por conta da crise, tem gente sugerindo a volta do horário de verão. Roberto Kishinami, do iCS, falou com a CNN Brasil explicando porque a volta não ajudaria em quase nada a reduzir o consumo, cerca de 1% de redução. Mas lembrou que “não usamos a eficiência energética de maneira adequada, só lembramos dela quando está em crise”.

 

22 jul. 2021

Crise hídrica sem alívio nos próximos 3 meses.
O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, indica quadro de “seca extrema” no noroeste paulista, com comprometimento acima de 80% da atividade agropecuária e “risco alto” para a agricultura familiar. O documento do Cemaden diz ainda que “não há expectativas para alívio da crise hídrica atual nos próximos três meses” (El País)

 

22 jul. 2021

A água secou e a roça perdeu o viço. No Estado mais rico do Brasil.
Matéria do jornal espanhol El País, em português, mostra que “Em meio à pior seca em 91 anos, açudes e córregos secam no noroeste de São Paulo”.
No texto a publicação afirma que a região está em uma situação crítica, “sofrendo os impactos da emergência climática que assola o mundo inteiro com efeitos diversos. O que para muitos é uma imagem distante, personificada por gelos derretendo na Antártida, já traz consequências diretas no Estado mais rico do Brasil. O desequilíbrio no clima tem um impacto devastador na hidrologia do país, que provoca contas de luz mais caras nas cidades (uma vez que os reservatórios das usinas hidrelétricas estão vazios, aumentando o uso das termelétricas), enchentes em Manaus (com a concentração de boa parte da pluviosidade em um período curto de tempo), e perda de colheitas para a pior seca dos últimos 91 anos no Sudeste e Centro-Oeste do país. A crise climática também acentua fenômenos atmosféricos como o La Niña, que favorece a estiagem na região”. Texto completo aqui.

 

21 jul 2021

A baixa histórica do rio Paraná na Argentina em duas imagens

“La bajante histórica del Rio Paraná vista desde el espacio.

Comparación de imágenes del 19 de julio de 2014 con exceso hídrico y el 1 de julio de 2021 con déficit de água. Producto elaborado por la Unidad de Emergencias y Alertas Tempranas de la CONAE (Comisión Nacional de Actividades Espaciales).

Imágenes del sensor MODIS del satélite AQUA, en color RGB, resalta las áreas inundadas y cicatrices de incendios (en marrón claro, en el Delta). La vegetación se ve en verde brillante, el suelo desnudo en rosado. El agua líquida en suelo se ve oscura y azul el agua con sedimentos”.

 

20 jul. 2021

Argentina

“A pior seca do Paraná afeta a vida e a economia Nacional” é o titulo de matéria do La Nación, um dos jornais maios lidos da Argentina.
Na introdução do artigo a publicação resume uma série de questões, incluindo a crise hídrica no Brasil:
“Itaipú producirá un 15% menos de energía este año y Yacyretá funciona al 50% de su capacidad. Como el río tiene un caudal un 40% menor que el promedio histórico los puertos graneleros sobre su vera no se pueden utilizar porque no hay calado para llevar las barcazas. Pescadores comienzan a mostrar preocupación por la salud de la fauna ictícola y solo los contrabandistas aparecen celebrando que haya partes en las que solo hay que atravesar un hilo de agua. En Argentina temen que haya problemas con la energía y el abastecimiento de agua potable. En Brasil, Matto Grosso tiene emitida una alerta y el corazón de la generación energética está en crisis. El gigante hijo del mar de los guaraníes parece decir que algo debe hacerse para protegerlo mejor.” Você pode acessar a matéria aqui.

 

20 jul. 2021

As razões da Associação dos Advogados Ambientalistas da Argentina para promoverem a ação que proibiu o aprofundamento do rio Paraná por dragagem, o que levou à redução de carga transportada pelos navios

“No es intención confrontar con el sector agroportuario, sino que el sector agroportuario de una vez por todas entienda que no puede destruir la cuenca fluvial más importante que tiene nuestro país y que está en absoluta fragilidad en los últimos meses”, dijo Lucas Micheloud. (Infobae)

 

19 jul. 2021

Não tem água para navegar no rio Paraná

Muitos navios cargueiros estão saindo do maior polo agroexportador da Argentina, em Rosário, com menos carga do que o normal devido ao baixo nível do rio Paraná. Esta é a principal hidrovia da Argentina, a qual tem sofrido restrições para dragagem por questões ambientais: se aprofundar o leito retirará águas de outras áreas. “Os navios Handymax estão deixando o porto com 9.250 toneladas de carga a menos do que o normal e os navios Panamax com 11.350 toneladas a menos”, disse Guillermo Wade, gerente da Câmara de Atividades Portuárias e Marítimas, à Reuters na quarta-feira, informa o site Infobae.

 

19 jul. 2021

Centro de Monitoramento Meteorológico.
– Previsão de poucas chuvas na primavera de 2021 e no verão 21/22.
– A situação das represas na bacia do rio Paraná pode agravar-se.
Argentina. O Centro de Monitoreo Meteorológico (SAT) emitiu um Informe especial no qual aponta a possibilidade de poucas chuvas para a primavera e verão próximos na bacia do Paraná, e mesmo em toda a bacia do rio da Prata (rios Paraná, Uruguai e Paraguai).
O prognóstico é que as chuvas provavelmente continuarão abaixo do normal para a estação quente (novembro, dezembro e janeiro) e chuvas significativas podem ocorrer de forma isolada.
Água poluída.
“Uma vazão menor no rio Paraná trará problemas sanitários aos centros urbanos, visto que a água potável é obtida do leito do rio e, por ter menor vazão, será possível ter níveis mais elevados de poluentes dissolvidos”.
Áreas Úmidas.
No informe do SAT é registrado que os ecossistemas de áreas úmidas são afetados diretamente pelos baixos níveis das águas, pois as águas não alcançando lagoas e riachos, os peixes, pássaros, mamíferos, répteis e roedores terão seus nichos ecológicos devastados e terão que migrar para áreas urbanas e rurais, trazendo problemas extras para as atividades agrícolas e urbanas.
Brasil.
O informe do SAT é válido também para o Brasil e, portanto, deveria também servir de alerta para as autoridades brasileiras quanto a situação hídrica em 2022, já gravíssima em 2021. Não devem esperar por um milagre dos céus e considerar a possibilidade de menos água nos reservatórios, nos leitos dos rios e lençóis freáticos menos abastecidos.

 

Deixe uma resposta

Your email address will not be published.

Mais recente de Blog