06 ago. 2021
O Climainfo informa que o Governo brasileiro solicitou estudos sobre retenção de água em barragens e sinaliza preocupação com abastecimento
“O agravamento da crise hídrica no Brasil forçou o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) a solicitar a realização de estudos sobre medidas para preservar mais água nos reservatórios de hidrelétricas durante o período úmido e sobre as condições de atendimento eletroenergético na transição do período seco para a temporada de chuvas de 2021. O objetivo dessas análises é ter mais insumos sobre os cenários de disponibilidade hídrica e geração hidrelétrica em 2022. Ao mesmo tempo, o CMSE também autorizou ações adicionais para aumentar a retenção de água nos reservatórios para garantir o suprimento de energia elétrica no país.”
Aqui no Diário já informamos que barragens de Jupiá e Porto Primavera no rio Paraná já retêm água por determinação governamental. Situação na Argentina deve agravar-se.
06 ago. 2021
Situação das pastagens em algumas regiões é de total desespero
– É preciso práticas conservacionistas.
O pesquisador Júlio Palhares, da Embrapa, consultado pelo Canal Rural, afirmou o seguinte sobre a situação das pastagens e a crise da água: “A situação em algumas regiões das quais temos relatos é de total desespero, pois não existe água para os animais ou para qualquer prática pecuária. Os estudos indicam que as mudanças climáticas devem tornar esses eventos mais frequentes e intensos, então nós temos que ser muito preventivos e se preparar para esses eventos. Isso envolve desde práticas conservacionistas na questão de solo, o menor uso de água na sala de ordenha, uma irrigação eficiente, com preceitos técnicos, e a própria nutrição do animal tem uma influência direta no consumo de água do animal. Uma nutrição bem feita reverte-se no consumo adequado de água e, logo, uma maior preservação do sistema de produção.”
05 ago. 2021
Mandaram gastar os reservatórios e isso pode levar a apagões
Matéria do site do “ O Tempo”, de Minas Gerais, sobre a situação crítica de reservatórios de usinas das Centrais Elétricas de Minas Gerais traz declaração do diretor-presidente da Enecel Energia, Raimundo de Paula Batista Neto, sobre o manejo determinado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Afirma que os reservatórios foram recuperados devido ao menor consumo de energia em 2020 devido a Pandemia, “mas veio o ONS e mandou usar todos os reservatórios. Aquele mau uso do ano passado está fazendo falta agora. Em 2020, estávamos nessa época com alguns reservatórios em 80%, em quatro meses o ONS jogou alguns para níveis bem baixos. Com o auxílio do governo em gastar os reservatórios estamos numa situação gravíssima, que vai piorar, com os reservatórios podendo chegar próximo de zero. Vai ser preciso equilibrar a operação do sistema para assegurar que não tenhamos déficit de energia por algumas horas, os famosos blecautes, apagões”.
O mapa abaixo mostra o nível mínimo do reservatório da UHE Emborcação, localizada no rio Paranaíba, triângulo mineiro, afluente da bacia do rio Paraná. Fonte: CEMIG.
04 ago. 2021
Cerrado em colapso, um risco para o Brasil
Um grupo de 12 cientistas brasileiros publicou na Global Change Biology estudo que mostra que o Cerrado brasileiro pode entrar em colapso em 30 anos.
Alguns dos principais pontos do estudo:
– O desmatamento está ampliando os efeitos das mudanças climáticas no bioma Cerrado brasileiro, tornando-o muito mais quente e seco. Os pesquisadores observaram aumentos mensais de 2,24 ° C (4,03 ° F) nas temperaturas máximas médias entre 1961 e 2019. Se essa tendência persistir, a temperatura poderia ser 6 ° C mais alta em 2050 com relação a 1961.
– A umidade do ar do Cerrado está diminuindo e isto se deve em parte à remoção de árvores, as quais trazem água de até 15 metros abaixo do solo para realizar a fotossíntese durante a estação seca.
– A substituição da vegetação nativa por plantações também reduz a absorção da luz solar pelas plantas e leva ao aumento da temperatura.
– Até o orvalho, a única fonte de água para plantas menores e muitos insetos durante a estação seca, está sendo reduzido devido ao desmatamento e ao aumento das secas.
– O desaparecimento de polinizadores que dependem do orvalho pode provocar um efeito em cascata, impactando negativamente a biodiversidade do bioma.
– O Cerrado é a “caixa d’água” do Brasil : é a origem de oito das 12 bacias hidrográficas brasileiras. O iminente colapso do bioma e o agravamento das secas acarreta menos água para as populações rurais e urbanas e para a agricultura. A menor vazão dos rios também afetará a geração de energia hidrelétrica, com provável escassez.
Nota da Ecoa
Muitas das conclusões dos cientistas sobre os efeitos da destruição do Cerrado já manifestam intensamente há vários anos. A bacia do rio Paraná (Argentina, Paraguai e Brasil), território em que grande parte da vegetação original era o Cerrado e onde estão a maioria dos reservatórios das usinas hidrelétricas, sofre desde a metade da década passada com crises persistentes de falta de água para seus vários usos, dentre eles a geração de energia, a navegação e o abastecimento de cidades. Este quadro agravou-se em 2020 e 2021 com várias regiões da bacia frente a um quadro de crise jamais visto. Na Argentina foi decretada uma “emergência hídrica” e no Brasil as represas das usinas estão com níveis muito baixos e várias cidades estão sob racionamento.
04 ago. 2021
Dramática situação do rio Paraná na Argentina. O El País, o principal diário da Espanha publicou o seguinte texto sobre a o rio Paraná na Argentina: “El río Paraná, el segundo más largo de Sudamérica, sufre una bajada de las aguas histórica. En su delta, en el este de Argentina, los humedales se ven amenazados por la sequía y por incendios, a menudo intencionales para ganar tierras a la ganadería. En 2020, se quemaron más de 300.000 hectáreas de pastizales y bosques en la zona y arrasaron con fauna y flora autóctona. Este año, con las aguas a su nivel más bajo de los últimos 77 años, el riesgo es aún mayor sobre este rico ecosistema, clave como reserva de agua dulce y también para filtrarla y evitar inundaciones.”
03 ago. 2021
Crise da água se agrava nas cidades da bacia do rio Paraná
– Poluição, lençóis subterrâneos sem vazão e desperdício somam-se a desmatamento e degradação dos solos como causas.
– No estado de São Paulo a cidade de Tietê adotará o racionamento de água a partir do dia 9/8/21.
– A cidade de Tietê é atravessada pelo rio Tietê, mas não capta água do rio para tratá-la devido a extrema poluição.
– A água consumida na cidade é captada de lençóis subterrâneos através de poços, mas estes estão com pouca vazão. Tal quadro tem relação com o a falta de chuvas por período maior, mas fundamentalmente com o excesso de extração, o desmatamento e a degradação de solos. O Aquífero que abastece a cidade é o Tubarão, no qual estão instalados 26 poços profundos.
– Na cidade de Rio das Pedras, na região noroeste de São Paulo, os 35 mil habitantes estão sob racionamento desde maio. Na cidade a perda da água distribuída é de 50%, acima da média nacional que gira em torno de 40%.
– Em Sorocaba (700 mil habitantes) as represas abastecedoras estão com volume baixo. A Votorantin Energia opera a usina hidrelétrica de Itupararanga, a qual perdeu mais da metade do seu volume de água em um ano: de 62% em julho do ano passado para 30,7% agora. Ela atende 65% da cidade. A operadora afirma que está liberando o volume mínimo exigido.
Na semana passada publicamos as seguintes informações:
– A crise se abate principalmente na ‘unidade ambiental’ bacia do rio Paraná, distribuída entre Brasil, Paraguai e Argentina.
– No Brasil a cidade de Curitiba, a populosa capital do estado do Paraná, tem graves problemas no abastecimento de água desde 2020, quando foi decretada “emergência hídrica”.
– Mas não é somente a capital do Paraná que enfrenta problemas de falta de água. Santo Antônio do Sudoeste e Pranchita no Paraná e Itu Salto, São José do Rio Preto e Bauru no estado de São Paulo, segundo a BBC Brasil.
– Itu e Salto são atravessadas pelo Tietê, rio que alcança as duas cidades extremamente poluído principalmente por sujeiras da Grande São Paulo, o aproveitamento das águas para o abastecimento público fica prejudicado.
– Na Argentina várias cidades que usam a água do rio Paraná para abastecimento da população, são obrigadas a tomar medidas como furar poços ou buscar outras locais para captação de água. O governo central criou um fundo de emergência para ajudar as municipalidades.
03 ago. 2021
Governança fraca e planejamento desatualizado são os maiores responsáveis pela crise hídrica e elétrica – Climainfo
Os meteorologistas sabiam que as chuvas seriam poucas no verão passado, mas, mesmo assim, o governo faz cara de surpresa. Jennifer Ann Thomas, do Um Só Planeta, conversou com Ângelo Lima, do Observatório das Águas e ouviu que a política de Bolsonaro de desmantelar a governança ambiental se espalhou em vários estados. “Os recursos da cobrança pelo uso da água, que deveriam ser utilizados para implementar programas e projetos, foram desviados para outros fins” pelos governadores. Assim, os principais instrumentos de gestão da água, como os planos de bacias, controle de outorgas e cobrança pelo uso da água estão, em muitos lugares, inoperantes.