A Ecoa encaminhou ontem (27) um ofício para autoridades pedindo providências frente ao grande risco de acidentes envolvendo onças-pintadas e moradores de comunidades ribeirinhas do Pantanal. O alerta foi enviado para o Ministério Público Federal em Corumbá, a Polícia Militar Ambiental e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (SEMAGRO).
No dia 25 deste mês, a Ecoa divulgou um texto elaborado por seus diretores apresentando o aumento da presença de onças pintadas nas proximidades de casas em algumas regiões do Pantanal, nos municípios de Ladário e Corumbá, no Mato Grosso do Sul. Foram relatados diversos casos de cachorros e outros animais domésticos sendo devorados e, pelo menos uma vez, uma onça chegou a invadir a casa de um morador da região.
O intuito da representação é solicitar um maior envolvimento das instituições na proteção das comunidades, com medidas concretas para lidar com o problema, além da investigação das causas da alteração no comportamento desses animais.
Existe grande possibilidade de que tal alteração seja consequência dos incêndios que devastaram o Pantanal nos últimos anos, desestruturando cadeias alimentares. Pesquisadores estimaram a morte de 17 milhões de vertebrados como causa direta dos incêndios. Este número é possivelmente menor que o número real, se considerarmos os impactos indiretos dos incêndios.
Além da Ecoa, representantes da comunidade Barra de São Lourenço, próxima à Serra do Amolar, também protocolaram um ofício no Ministério Público Estadual. Eliane Aires, moradora da comunidade, alerta que a situação está cada dia mais drástica. “Este ano a situação está muito crítica, estamos com muito medo, acabou praticamente com todos os cachorros da região”.
A moradora relembra um incidente envolvendo uma idosa da comunidade chamada Vicentina. “A senhora estava varrendo o quintal de manhã. Quando ela levantou a cabeça uma onça vinha de encontro, veio para cima, ela levou um susto imenso, caiu e chegou a passar mal”. Após o incidente e com o susto, a idosa sofreu um derrame e hoje está em recuperação.
Entretanto, é importante evidenciar: o problema não são as onças.
O alerta feito pela Ecoa tem como foco o risco oferecido aos ribeirinhos e as possíveis causas de alteração no comportamento desses animais. A Ecoa também solicita participação mais ativa de autoridades, assim como investigação das possíveis causas do problema.