Os incêndios no Pantanal fizeram do ano de 2020 o mais trágico para o Pantanal em si, sua biodiversidade e populações urbanas e rurais. Se em 2019, a queima de milhares de hectares na região, somados aos incêndios da Amazônia e do Chaco, cobriu de fumaça parte do país por mais de 30 dias, o que se esperar deste ano que apresenta dados recordes e soma-se a vários fatores que contribuem para o aumento dos incêndios e a devastação da região. São eles:
1 – Impunidade para desmatadores e incendiários.
98% dos incêndios no Pantanal tem origem em ações humanas (Ibama/Prevfogo) que são, principalmente, para a limpeza de pastagens; de material de desmatamentos e das estradas. Com a disponibilidade de imagens satelitárias e a visualização direta é possível identificar autores do crime, mas raramente se tem notícias de sua identificação e de que sejam processados e condenados.

2 – Clima.
A sucessão de anos com poucas chuvas, o vento seco e a baixa umidade do ar na Bacia do Alto Paraguai são fatores também determinantes para a propagação dos incêndios no Pantanal.

3 – Rios com nível muito baixo – Planície com pouca água – exemplo do rio Paraguai.
Os grandes rios da região receberam poucas águas entre 2019 e 2020, o que reduziu suas áreas de inundação, deixando mais espaço para desmatamento, a queima e propagação de incêndios no Pantanal.

Fonte: Centro de Hidrografia e Navegação do Oeste – Marinha do Brasil Fonte: Centro de Hidrografia e Navegação do Oeste – Marinha do Brasil Fonte: Centro de Hidrografia e Navegação do Oeste – Marinha do Brasil Fonte: Centro de Hidrografia e Navegação do Oeste – Marinha do Brasil Fonte: Centro de Hidrografia e Navegação do Oeste – Marinha do Brasil Fonte: Centro de Hidrografia e Navegação do Oeste – Marinha do Brasil
4 – Plano, não existe.
No ano de 2019, foram queimados 3,2 milhões de hectares entre Bolívia, Paraguai e Brasil, nos meses de agosto e setembro. O céu de parte desses países ficou coberto de fumaça por semanas. Nas previsões climáticas para o período mais crítico de 2020, estava claro que a falta de chuvas e o tempo seco seriam marcantes, quadro que deveria ter levado a preparação de um Plano específico para cada estado (MS e MT) e outro conjunto entre os dois, considerando prefeituras, Ibama, Marinha e outros órgãos. Investimentos em fiscalização e formação de brigadistas locais deveria ser prioridade. Na agenda deve estar a proteção de unidades de conservação.

5 – Descoordenação.
Não existe uma coordenação como um Comitê para acompanhar/sistematizar ações entre as diferentes instituições. Diante da situação crítica existente, é urgente a formação de uma coordenação geral com vários setores, incluindo a sociedade civil. Deve-se considerar informações da Bolívia e Paraguai.

6 – Estradas descuidadas.
Iniciam-se muitos incêndios no Pantanal a partir das estradas, principalmente na BR-262 (Campo Grande/Corumbá, MS); Estrada Parque (MS) e Transpantaneira (MT). Não existem ações especiais, preventivas com foco nessas rodovias. Para contenção, é necessária fiscalização e distribuição de brigadas locais, equipadas devidamente. Além disso, a promoção e o fortalecimento de campanhas com outdoors e blitz para orientação e monitoramento.


Foto de Capa: André Zumak