- Como o La Niña e El Niño afeta o clima global.
De acordo com a OMM (Organização Meteorológica Mundial), o La Niña pode retornar a partir deste mês de setembro – 50% de chance. As temperaturas devem ficar acima da média em grande parte do planeta. Os fenômenos La Niña e El Niño são as denominações dadas às condições de temperatura nas águas superficiais do oceano Pacífico Equatorial. Entre os dois fenômenos registra-se períodos de ‘neutralidade’. Segundo o NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) dos Estados Unidos, os fenômenos no Pacífico é o que mais afeta o clima global.
O El Niño e o La Niña são, respectivamente, o aquecimento e o resfriamento anormal das águas superficiais do Pacífico Equatorial. Tais fenômenos incidem sobre o clima por afetarem a circulação atmosférica dos ventos alísios.
Durante o El Niño, os ventos alísios, que normalmente sopram de leste a oeste ao longo do Equador, ficam mais fracos ou até mudam de direção. Com seu enfraquecimento as águas quentes do Pacífico não são empurradas para o oeste (em direção à Oceania), e acabam se acumulando na costa da América do Sul. Esse acúmulo de calor altera a pressão atmosférica e a circulação dos ventos em escala global, afetando padrões de chuva, temperatura e até a formação de ciclones. Durante o fenômeno La Niña, os ventos alísios se intensificam — e isso é essencial para o surgimento e manutenção do fenômeno. Eles sopram com mais intensidade do leste para o oeste ao longo do Equador, empurrando águas quentes para o oeste, o que faz com que águas frias das profundas do Pacífico subam à superfície na costa da América do Sul.
Porque interessa a Ecoa dados do La Niña e El Niño
A Ecoa tem como base de trabalho geral a área da bacia do rio da Prata e, mais especificamente, a parte dela onde está o Pantanal. Em tempos de mudanças climáticas globais é preciso ter presente que os efeitos podem ser devastadores para algumas regiões – no Pantanal, as secas e consequentes incêndios de 2020 e 2024 são indicativos.
Dados históricos mostram que a Fase Neutra entre El Niño e La Niña tem coincidido, ao longo do tempo e maneira geral, com a redução das chuvas em partes da alta bacia do rio Paraguai (BAP), abastecedora do Pantanal. Na passagem de 2024 para 2025 e nos primeiros meses de 2025 ocorreu a prevalência do El Niño, coincidindo com chuvas intensas nas sub-bacias do norte da BAP e mínimas nas da parte sul, quadro que se reverteu a partir do mês de maio.
Neste momento a Ecoa monitora se a chegada do La Niña em setembro acontecerá (50% de chance) e, caso sim, qual será sua duração. O Centro de Predição Climática/NOAA dos Estados Unidos, em seu boletim de agosto último, indicava a possibilidade de curta duração para o fenômeno.
No Pantanal o La Niña tem coincidido com chuvas mais intensas, com consequentes menos incêndios. No período recente o La Niña ocorreu do segundo semestre de 2020 até janeiro de 2023 com um interregno de apenas 2 meses no período.
Claro que com relação ao clima e seus efeitos as análises são sempre limitadas para o Pantanal, pois a região carece de estudos climáticos em convergência com processos hidrológicos. Até este momento as indicações são cenário de riscos de incêndios para a parte final do ano, pois semelhanças com 2023 estão presentes.
Aqui a última publicação de Fernanda Cano e Alcides Faria sobre cenário para a parte final do ano: Quadro climático – hidrológico no Pantanal aponta cenário para risco de incêndios na segunda parte de 2025