A professora e pesquisadora Letícia Couto, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), é a mais nova ganhadora da 16ª edição do “Prêmio Mulheres na Ciência no Brasil”, realizado pela L´Oreal em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) e a Academia Brasileira de Ciências.
Com ela, também foram contempladas: Lilian Catenacci, da Universidade Federal do Piauí; Marta Giovanetti, da Fundação Oswaldo Cruz; Thaísa Michelan, da Universidade Federal do Pará; Ana Cecília Albergaria-Barbosa, da Universidade Federal da Bahia; Ingrid Barcelos, do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais; e Fernanda de Bastiani, da Universidade Federal de Pernambuco.
Letícia orienta a parte técnica de restauração do projeto que a Ecoa desenvolve atualmente na Área de Proteção Ambiental Baía Negra (Pantanal), financiado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO), intitulado “Restauração estratégica e participativa no Pantanal: APA Baía Negra”. Ela também orientou a parte técnica de restauração do projeto desenvolvido pela Ecoa entre 2015 e 2016, o “Ciência cidadã: Assegurando o carbono, a água e a vida na terra“, que desenvolveu o reflorestamento de cerca de 22 hectares do Cerrado Brasileiro na região de Nioaque (Mato Grosso do Sul), no assentamento Andalúcia, e em Miranda (MS), assentamento Bandeirantes, ambas regiões-chave para a conservação do Pantanal.
Com os R$50.000,00 desembolsados pelo prêmio, Letícia irá desenvolver projeto de restauração no Pantanal, que levará em consideração demandas econômicas da sociedade e soluções de sustentabilidade para populações ribeirinhas e indígenas que vivem na região.
Perguntada sobre as atuais condições da mulher na ciência, Letícia reflete que sua atuação ainda é muito baixa. “Estudos apontam que quando chegamos à disputa por financiamentos em pesquisa, somos apenas 36% das agraciadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), por exemplo.”, diz ela. “Dos 100 mil cientistas mais influentes do mundo, apenas 600 são brasileiros, e dentre esses, apenas 11% são mulheres. Dos quase 4 mil mais citados do mundo, apenas 10 são brasileiros e, desses, só 20% são mulheres.”, acrescenta.
Ainda, sobre os desafios que as mulheres enfrentam na ciência, Letícia diz que são necessárias políticas institucionais que incentivem a participação de mulheres, assim como o Prêmio Mulheres na Ciência no Brasil. Para ela seria importante também “ter ouvidoria especial atenta a casos de assédio, atentos às questões de posição hierárquica orientador/orientando e para evitar situações que facilitem diversos tipos de assédio, tais como o assédio moral, assédio racial, assédio sexista, assédio por orientação sexual, assédio por expressão ou identidade de gênero, assédio sexual, assédio materno das meninas. Para as pesquisadoras mães, seria importante que os eventos tivessem fraldários, locais de amamentação, isso só para citar as inúmeras políticas que podem existir para apoiar as mulheres ao longo de suas carreiras.”.