– As Brigadas Comunitárias são estratégicas para impedir incêndios. Em 2024 já saíram a campo.
A Ecoa tem alertado para o risco de grandes incêndios no Pantanal em 2024 desde o início do ano. O bioma está com águas muito baixas e muito seco, condições que favorecem os incêndios.
Os alertas têm se confirmado. Em junho, imagens de satélite registraram incêndios na fronteira do Brasil (Corumbá – MS) com a Bolívia (Porto Quijarro e Porto Suarez), em Forte Coimbra, a jusante de Corumbá – esse incêndio avançou para a Bolívia – e na fronteira com o Paraguai.
Em março deste ano, como uma das formas de preparação para o combate ao cenário indicado pelas análises e previsões, a Ecoa em parceria com o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) realizou o Curso de SCI (Sistema de Comando de Incidentes) 200 para as instituições parceiras e de resposta aos incêndios florestais no Pantanal, em Corumbá.
Na ocasião o coordenador do Prevfogo (Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais) Ibama em Mato Grosso do Sul, Márcio Yule, destacou as dificuldades de combate aos incêndios no Pantanal: “Nessa área que antes existia água, o que tem de combustível para os incêndios florestais são as turfas, que são resto de raiz, de galhada, matéria orgânica no subsolo de onde sai o incêndio subterrâneo que é um incêndio muito difícil de combater. Você tem que cavar vala ou trincheira, inundar essa área, abrir com ferramentas”. Além disso Márcio aponta as dificuldades de acesso aos locais aos focos de incêndio: “A dificuldade também no Pantanal é o acesso ao fogo, você ter uma logística de combate é extremamente difícil, por meio de navio, de barcos, de avião ou helicóptero”.
Yule também reforçou que além de quem combate o fogo, prestar apoio contribui para a efetividade das ações. ”Em um incêndio florestal todo mundo é importante, não é só a pessoa que bate o abafador ou usa o soprador, mas quem dá apoio com água, com alimentação, quem dá condições para a pessoa poder descansar. Isso também é extremamente importante em uma atividade tão complexa e tão desgastante como é o combate ao incêndio florestal”.
Nesse contexto, para impedir que os focos de fogo evoluam para incêndios florestais, o ataque imediato dos brigadistas é fundamental. Em 2023, as brigadas comunitárias voluntárias coordenadas pela Ecoa atuaram diretamente no combate aos focos iniciais de fogo dezenas de vezes e impediram que se tornassem grandes incêndios. Para isso, o treinamento deve sempre ser atualizado e devem sempre ter seus equipamentos abastecidos.
Além disso, para que os esforços sejam mais eficazes e ordenados, a Ecoa defende a criação de um Centro de Operações Climáticas para o Pantanal, com liderança de cientistas e organismos voltados para previsão e prevenção dos efeitos de eventos climáticos extremos.
O organismo deve congregar forças e ter capacidade de determinar ações estratégicas com a participação de governos municipais, estaduais, federal e comunidades, além de estabelecer conexão com governos com os quais se compartilha territórios.