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Ecoa encaminha carta a Ministra Marina Silva com proposta do Centro de Operações Climáticas do Pantanal durante sua visita a Campo Grande (MS)

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Imagem: Agência Senado

Diante dos incêndios que ocorrem ano a após ano no Pantanal a Ecoa entende que é necessário um organismo que congregue capacidades para criar a Inteligência Climática especifica para a região, ao tempo que constrói e executa estratégias e ações preventivas frente a eventos climáticos extremos. Deve ser um agregador de forças cientificas, politicas, sociais e operativas para que nunca mais se tenha 4 milhões de hectares destruídos como em 2019/2020.

Em resumo:

A criação de um Centro de Operações Climáticas para o Pantanal, com liderança de cientistas e organismos voltados para previsão e prevenção dos efeitos de eventos climáticos extremos. O organismo deve congregar forças e ter capacidade de determinar ações estratégicas com a participação de governos municipais, estaduais, federal e comunidades, além de estabelecer conexão com governos com os quais se comparte territórios.
Um indicativo dessa necessidade foi a informação de 2022 sobre a chegada de um novo El Niño (aquecimento das águas do Pacifico Equatorial), sem que esse fator estivesse claramente considerado nas políticas de prevenção e mobilizatórias frente a eventos extremos.
– Que as agências de financiamento do desenvolvimento, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), estruturem investimentos estratégicos voltados para os efeitos das mudanças climáticas e os eventos extremos. A base para tal elaboração deve ser territórios concretos como o Pantanal e o Sistema Paraguai Paraná de Áreas Úmidas.
Fortalecer áreas como a de prevenção de incêndios florestais é fundamental.

Leia o documento completo a seguir

Centro de Operações Climáticas para o Pantanal

Proposta.

Criação de um Centro de Operações Climáticas para o Pantanal, com liderança de cientistas e organismos voltados para previsão e prevenção dos efeitos de eventos climáticos extremos. O organismo deve congregar forças e ter capacidade de determinar ações estratégicas com a participação de governos municipais, estaduais, federal e comunidades, além de estabelecer conexão com governos com os quais se comparte territórios.

Um indicativo dessa necessidade foi a informação de 2022 sobre a chegada de um novo El Niño (aquecimento das águas do Pacifico Equatorial), sem que esse fator estivesse claramente considerado nas políticas de prevenção e mobilizatórias frente a eventos extremos.

– Que as agências de financiamento do desenvolvimento, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), estruturem investimentos estratégicos voltados para os efeitos das mudanças climáticas e os eventos extremos. A base para tal elaboração deve ser territórios concretos como o Pantanal e o Sistema Paraguai Paraná de Áreas Úmidas.

Fortalecer áreas como a de prevenção de incêndios florestais é fundamental.

Centro de Operações Climáticas uma urgência para o Pantanal e a Bacia do Alto Paraguai (BAP)

Nos últimos anos eventos climáticos extremos têm ocorrido com frequência em diferentes regiões da América do Sul, incluindo aquelas conectadas diretamente ao território brasileiro, trazendo devastação ambiental, social e econômica, afora desestruturar vidas e comunidades.

O Pantanal é um exemplo de território que regularmente sofre os efeitos de eventos climáticos extremos.  Em 2011 uma grande e devastadora cheia desalojou comunidades e trouxe grandes prejuízos milionários para fazendeiros. Na história recente uma seca prolongada levou a incêndios devastadores em 2020/21, quando mais de 4 milhões de hectares destruídos pelas chamas. Em 2023, com a planície pantaneira ainda não recuperada totalmente dos incêndios anteriores, foram queimados mais de 1 milhão de hectares e o fogo, pela primeira vez, avançou para o mês de novembro na primeira vez na história.

As indicações mais gerais são de que as mudanças climáticas globais e fenômenos que podem estar relacionados a elas, como o que ocorre no oceano Pacífico com aquecimento ou esfriamento de suas águas (El Niño e La Niña), têm consequências para o território brasileiro e, certamente, para o comportamento do clima na Bacia do rio Paraguai (BAP), onde está o Pantanal. Estes processos precisam ser entendidos cientificamente e analisados em conjunto com as ações humanas que degradam a BAP, dentre elas o desmatamento e o mau uso solo.

A percepção de urgência da permanente decifração dos fenômenos climáticos e seus possíveis efeitos em cada território devem ser a base para a construção de cenários que levem à construção de estratégias e consequentes ações a serem aplicadas para a prevenção e mitigação de danos causados por eventos extremos.

Esse núcleo central de urgências/propósitos leva obrigatoriamente à necessidade de um órgão específico que possa operacionaliza-las com autonomia: um Centro de Operações Climáticas, sob liderança cientifica/politica, para a mobilização política, social e de recursos para os investimentos necessários na sua consolidação.

Inteligência Climática, em tempos de mudanças radicais para proteger a economia, a sociedade e a diversidade biológica.

Ocorrem atualmente na Bacia do Alto Paraguai e no Pantanal iniciativas importantes para sua proteção ligadas a contenção processos predatórios e, quando necessário, enfrentando diretamente de casos agudos como os dos incêndios na planície, mas essas iniciativas estão dispersas em uma situação em que o quadro climático se agrava. Apesar dessa dispersão de iniciativas alguns processos apontam na direção correta, com instituições governamentais e não governamentais trabalhando em conjunto, construindo sinergias, como o caso da criação das Brigadas Voluntárias para o combate ao fogo. Distribuídas pelo território, são elas uma ferramenta de educação ambiental quanto ao fogo e de primeiro ataque a ele, impedindo que se tornem grandes incêndios, como aconteceram vários casos em 2023.

Caso já existisse um Centro de Operações Climáticas estas Brigadas poderiam ser fortalecidas com treinamento, novos equipamentos, tendo seu número e espalhamento pela planície pantaneira ampliados.

Outra área importante e que instituições como o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), o Prevfogo/Ibama e a Ecoa que atuam é o de monitoramento por satélite dos focos de calor e incêndios.  No caso do MPMS o trabalho alcança a indicação das áreas de maior probabilidade de incêndios e o Prevfogo opera sob um Plano Federal com destinação de recursos e a contratação brigadistas. A Ecoa lança mão de seus milhares de contatos no Pantanal, da Rede Clima Pantanal e da Rede de Brigadas para indicar medidas preventivas e mobilizar brigadas para o combate direto ao fogo em muitas regiões de seu alcance.

Essa proposta tem por base a larga experiência da Ecoa no desenvolvimento de campanhas contra os incêndios a cada ano, envolvendo órgãos públicos, sociedade em geral e, particularmente, as comunidades pantaneiras.

Atenciosamente.

 

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