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Matriz energética 30% mais suja

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O Ministério do Meio Ambiente começa a estudar novas medidas para reduzir as emissões de gases estufa da indústria e energia. Estimativas apresentadas no dia 27 de agosto ao ministro Carlos Mic dão conta de que o crescimento do setor industrial e da geração e consumo de energia está levando os dois setores a ter um peso mais expressivo no total de emissões.

O Brasil está caminhando para um perfil de emissões similares aos dos países desenvolvidos, mesmo que em proporções diferentes, revela a estimativa de emissões de dióxido de carbono nos setores de energia e de processos industriais apresentada.

Até o final do ano, pretende-se estimar as emissões dos demais setores e Minc acredita que indústria e energia juntas devem saltar de 18% do total de emissões de CO² para cerca de 30%, enquanto as emissões por desmatamento apresentam quedas sucessivas.

O estudo compara os dados de emissões de 1994, do inventário nacional, e de 2007 que teve como base fontes oficiais tais como Empresa de Pesquisa Energética, ligada ao Ministério das Minas e Energia, IBGE e anuário de indústrias, e aponta como um dos vilões a ampliação do número de termoelétricas. Em 1994 para cada gigawats consumido, emitia-se 42 toneladas de CO². Agora, esse número pulou para 54 devido a maior participação de termoelétricas.

Para o caso do setor de transporte, outro segmento que aumentou as emissões, a saída, segundo o ministro, será o governo e a sociedade adotarem medidas como dar ênfase ao transporte coletivo, investir em hidrovias, exigir a inspeção de emissões anualmente dos veículos e, no caso do setor elétrico, incentivar a geração de energia limpa, limitando a expansão das termoelétricas que passaram a emitir 122% a mais.

Só o setor de transportes passou a jogar 50 milhões de toneladas de CO² a mais na atmosfera. São 30 milhões pelo consumo de diesel, 15 milhões pela queima de gasolina e 5 milhões de gás natural. Isso, segundo o ministro, implica repensar a matriz brasileira de transportes que, segundo ele, valorizou o “rodoviarismo, que já era grande e aumentou ainda mais”. Mais carros flex, biodiesel e investimentos no transporte hidroviário é o que propõe Minc para diminuir o impacto dos combustíveis fósseis. “A meta é buscarmos uma economia de baixo carbono”, afirma.

Em 1994, os setores de energia e indústria emitiam 243 toneladas de CO² e em 13 anos esima-se um total de 444 mil toneladas somente na geração de energia. Isso representa 71% a mais e liga o sinal de alerta no MMA para os padrões atuais de desenvolvimento.

“Temos de atuar junto a esses setores para reverter a curva ascendente de emissões”, avalia Suzana Kahn. “Queremos crescer emitindo menos carbono”, defende o ministro.

Foto: Paul Gilmore

 

Leia a matéria publicada na Folha de São Paulo:
Energia no país ficou 30% mais suja, diz ministério
Emissão de carbono do setor cresceu mais do que geração entre 1994 e 2007. Entrada em operação de usinas termelétricas explica aumento; na indústria, CO2 cresceu 22% mais que o PIB, devido à construção civil

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