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Mulheres do Cerrado: Pela terra, pela vida e por um futuro justo

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Nós, mulheres do Cerrado, nos unimos neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, para levantar nossas vozes em defesa da terra, da vida e do futuro que queremos construir. Somos assentadas, quilombolas, indígenas e extrativistas, guardiãs do Cerrado, que defendemos seus ecossistemas com nossa luta e sabedoria ancestral.

Nossas Reivindicações:

1. Justiça Climática

O Cerrado, nossa casa, está sendo devastado e degradado por atividades agrícolas que visam o ganho econômico de alguns. Exigimos o fim da destruição de nossas nascentes, como as dos rios Miranda e Aquidauana, que têm sido contaminadas pelo uso de agrotóxicos e pela expansão de monoculturas. A luta pelo Cerrado é também a luta pela preservação de nossas águas e pela garantia de um futuro mais seguro para as próximas gerações. Os incêndios, cada vez mais frequentes, representam graves riscos ao Cerrado, comprometendo a biodiversidade e o equilíbrio ecológico necessário para a sobrevivência de todos os seres vivos, incluindo nós mulheres, nossas famílias e nossas atividades econômicas. Exigimos apoio urgente para o combate a essas ameaças.

2. Soberania Alimentar

Somos defensoras da agricultura familiar, da sociobiodiversidade e dos saberes tradicionais. A soberania alimentar é fundamental para garantir a nossa autonomia e a preservação de nossos modos de vida. Defendemos políticas públicas que favoreçam o acesso a mercados justos, como os programas PNAE e PAA, que devem garantir que nossos produtos cheguem a mais pessoas e sejam reconhecidos e valorizados.

3. Justiça, Igualdade e Valorização de Gênero

Diante da alarmante realidade de violência contra as mulheres em Mato Grosso do Sul, estado que detêm a segunda maior taxa de feminicídios do Brasil, é imperativo que nos unamos para exigir ações concretas. A falta de respeito à equidade de direitos; a urgente necessidade de efetivação e implementação de políticas públicas para todas, nas cidades, nos campos, nas águas; e a perpetuação de uma sociedade que objetifica a mulher como propriedade são raízes dessa tragédia. Reivindicamos o direito de ser quem somos, de estar onde escolhemos e, principalmente, de sermos respeitadas em nossas decisões. Não podemos mais fechar os olhos nem calar diante de uma sociedade que molda o futuro de nossas filhas e netas com violência e desigualdade.

4. Saúde Mental e Física das Mulheres

O peso das responsabilidades recai sobre os ombros das mulheres do campo, que cuidam da terra, da família e de sua saúde, muitas vezes sozinhas. O adoecimento físico e mental é um reflexo de um sistema que negligencia nossas necessidades e nossa resistência. Exigimos políticas públicas de saúde mental, apoio ao autocuidado e reconhecimento da carga de trabalho invisível que carregamos diariamente.

5. Fortalecimento da Articulação em Rede

Acreditamos que a união entre as mulheres do Cerrado é o caminho para resistir e prosperar. Por isso, é necessário fortalecer redes como a Rede de Mulheres Produtoras do Cerrado e Pantanal – Cerrapan para ampliar nossas lideranças, trocar conhecimentos e fortalecer nossa articulação política e econômica. Somente juntas podemos transformar a realidade que nos é imposta.

6. Valorização da Bioeconomia e Mercados Sustentáveis

A bioeconomia é uma alternativa sustentável para fortalecer a identidade e a autonomia das mulheres do Cerrado. Exigimos o reconhecimento da importância das nossas práticas de manejo sustentável e da comercialização de produtos que respeitam o meio ambiente e geram renda justa. Queremos mercados que reconheçam o valor do nosso trabalho, nossa história e dos produtos que saem da terra que manejamos e cultivamos com respeito.

7. Apoio à Comercialização Justa e à Precificação dos Produtos

O preço justo para nós é um dever com as mulheres extrativistas e suas famílias e queremos que seja nosso direito durante a venda. Comercialização justa e garantia de que nossos produtos sejam valorizados de acordo com seu verdadeiro valor é uma maneira eficiente de apoiar nossas iniciativas, além da necessidade de se garantir políticas públicas que incentivem o acesso a mercados mais inclusivos.

Semear Novos Futuros

Hoje, 8 de março de 2025, Dia Internacional da Mulher, reafirmamos nossa união na luta por um futuro mais justo e sustentável. Fortaleceremos nossas vozes, nossa autonomia e nossa capacidade de transformar realidades. Reafirmamos nossa luta pela justiça climática, pela soberania alimentar, pela saúde e pela dignidade das mulheres que, ao longo da história, têm sido as guardiãs do Cerrado. Nossa luta não é apenas por nós, mas pelo Cerrado e por todas as formas de vida que dependem dele.

Mulheres do Cerrado, pela vida, pela terra, pela justiça climática!

Assinam mulheres do Cerrado em luta pela preservação de seus territórios e pela valorização de seus saberes e de sua história.

1 Comment

  1. Muito linda a homenagem obrigada ecologiaecao somos mulheres buscando equilíbrio entre a natureza e eu saber plantando criando pescando vivendo para ter uma vida melhor buscando o bem da comunidade e do mundo

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