Via ClimaInfo
COMISSÃO DA CÂMARA AMEAÇA LIBERAR CARROS A DIESEL, MAIS UMA VEZ
A Comissão Especial sobre Motores a Diesel para Veículos Leves (sim, ela existe e foi criada por Eduardo Cunha) pode votar hoje o parecer favorável do deputado Evandro Roman (PSD-PR) ao projeto que autoriza a fabricação e a comercialização de veículos leves movidos a óleo diesel (PL 1013/11). O projeto é criticado por cientistas, médicos, especialistas em poluição do ar, ONGs, empresários e ex-ministros do meio ambiente, que em junho assinaram um manifesto de repúdio à ideia. O deputado Bruno Covas disse que “a Europa discute a restrição de carros movidos a diesel, e nós debatemos a legalização. Ficaremos com o lixo tecnológico que vai ser proibido lá fora”.
http://www.observatoriodoclima.eco.br/sociedade-diz-nao-a-lei-do-carro-a-diesel/
É HOJE: FÓRUM DESENVOLVIMENTO E ECONOMIA DE BAIXO CARBONO
Hoje acontece no Insper, em São Paulo, o imperdível “Fórum Desenvolvimento e Economia de Baixo Carbono” promovido pelo Instituto Escolhas e a Folha de S. Paulo. Os organizadores do Fórum querem discutir os caminhos que o Brasil precisa percorrer para construir uma economia de baixo carbono, a partir da análise da conjuntura econômica e industrial que o país atravessa e as perspectivas da transição para uma economia limpa.
A programação completa está no link http://www.insper.edu.br/agenda-de-eventos/forum-desenvolvimento-e-economia-de-baixo-carbono/?platform=hootsuite
O fórum será transmitido ao vivo a partir das 9 horas da manhã no link https://livestream.com/insper/events/6619821
AS PREVISÕES DO GREENPEACE PARA NOSSO FUTURO MAIS QUENTE
Na semana passada o Greenpeace lançou seu “E agora José” mostrando os possíveis impactos no Brasil do aquecimento global. A intenção foi trazer o tema das mudanças do clima para nosso dia a dia e diminuir a aura de tema complicado que é discutido por cientistas e políticos. De cara, mostra que um Brasil mais quente aumenta ainda mais a desigualdade social por conta do aumento do preço dos alimentos e da energia. É possível que a Bacia do Amazonas perca mais de 70% da sua vazão, o Velho Chico e Itaipu, quase 40%. Para continuar tocando o país, entram as térmicas a gás, talvez até as a carvão, que, além custarem mais caro, aumentam as emissões numa ciranda perversa. Junto, vem o Aedes e outros vetores espalhando doenças tropicais para a região sul. E não esquecer do aumento do nível do mar forçando o deslocamento da população.
A vidinha cotidiana dia não vai ser fácil.
OPEP ESPERNEIA PARA ELEVAR OS PREÇOS INTERNACIONAIS DO PETRÓLEO
Entre 2014 e janeiro de 2016 os preços internacionais do barril de petróleo caíram de US$ 100 para US$ 25. A OPEP trabalha agora em um acordo de limitação da produção que quer elevar estes preços. Para isto está convidando países não-membros para sua reunião de novembro, Rússia em particular. O Brasil participou da última reunião da organização realizada em outubro, quando sinalizou que uma decisão governamental de limitação da produção não encontra amparo nos marcos legal e regulatório do país.
Em artigo no Infopetro, o professor de economia da UFRJ Helder Queiróz mostra porque será difícil a reunião terminar com um acordo de cortes de produção crível. E diz que um “acordo possível” seria limitar a expansão da exploração, o que poderia manter a faixa de preços praticada nos últimos seis meses (entre US$ 40 e 50 por barril).
OBAMA CONGELA A EXPLORAÇÃO E PETRÓLEO NUM ÁRTICO MAIS QUENTE
Obama está assinando o que pode antes de seu Trump chegar. Na semana passada, assinou a um plano que na prática vai proibir, até 2022, a exploração de petróleo nas águas no Mar de Beaufort e de Chukchi no norte do Alaska.
Os franceses tinham se adiantado em uma semana e pressionam seus grandes fundos de pensão para apoiar uma moratória nas atividades de óleo e gás no Ártico, parando de investir em empresas que continuarem a fazê-lo.
CANADÁ SE LIVRANDO DO CARVÃO
O governo canadense lançou um programa para eliminar o carvão da matriz de energia até 2030. Quatro das províncias canadenses dependem do carvão para gerar eletricidade e calor e o programa prevê eventuais e pontuais alongamentos deste prazo. O plano prevê mais renováveis e aposta na introdução de estações que capturam e enterram o CO2 que sai das chaminés das usinas térmicas (CCS – carbon capture and storage, no jargão). Este programa anda de mãos dadas com a intenção do governo de implantar um preço mínimo para a emissão de CO2 a ser introduzido nos próximos anos. Em tempo, como no Brasil, a maior parte da eletricidade canadense é gerada em hidrelétricas e em térmicas a gás. Só que lá as usinas nucleares e a carvão pesam bem mais do que aqui.
http://www.reuters.com/article/us-canada-energy-coal-idUSKBN13G1EK
TRUMP “DE MENTE ABERTA” DIZ QUE HUMANIDADE TALVEZ ESTEJA INFLUENCIANDO O CLIMA
O presidente eleito Donald Trump disse ontem que “manterá a mente aberta” em relação a tirar ou não os EUA do Acordo de Paris. A um jornalista que perguntou se ele acha que a atividade humana está ligada à mudança climática, Trump disse que “há alguma conectividade. Alguma, algo. Depende de quanto”.
Como Trump é figura de destaque no mundo da pós-verdade, convém guardar os rojões para quando descobrir o quanto e começar a agir. Melhor ainda seria não queimar os fogos que aumentam a concentração de CO2 na atmosfera.
http://www.nytimes.com/reuters/2016/11/22/us/politics/22reuters-usa-trump-climatechange.html
http://www.nytimes.com/2016/11/22/us/politics/donald-trump-visit.html?smid=tw-share
TRUMP 2: VOU CRIAR MILHÕES DE EMPREGOS ELIMINANDO AS RESTRIÇÕES AMBIENTAIS AO CARVÃO LIMPO (SIC) E AO FRACKING
Trump fez sua primeira mensagem quase-presidencial via Youtube. Entre as ações executivas para ‘make America great again‘, que devem ser tomadas no primeiro dia com a caneta presidencial na mão, diz que vai cancelar as restrições que matam empregos no setor de energia, incluindo aí o xisto e o carvão limpo (isso existe?), “para criar muitos milhões de empregos de alta remuneração”.
Parece que no seu staff ninguém sabe ninguém viu que só a energia solar gerou mais empregos do que toda a indústria de carvão, petróleo e gás no ano passado nos EUA.
TRUMP 3: DON DONALD QUIXOTE
Don “Donald” Quixote e Sancho “Niguel Farage” Pança se uniram no combate aos moinhos de vento. O Mirror diz que o time de Donald pagou 20 libras por hora a estudantes que participaram do protesto contra uma fazenda de geração de energia eólica na Escócia.
http://www.mirror.co.uk/news/uk-news/donald-trump-paid-students-20-9274811
DE DUAS UMA PARA OS EUA
A chefe da agência de proteção ambiental dos EUA, Gina McCarthy, disse que seu país tem uma escolha a fazer: liderar os esforços pela energia limpa no século XXI ou ser deixado para trás.
CHINA 1: VEM AÍ UM ENORME MERCADO DE CARBONO
A China está preparando o lançamento de seu mercado de carbono para 2017. O mercado é uma componente chave das negociações feitas entre Obama e o presidente chinês Xi Jinping e sua escala será muito maior que a do EU-ETS.
CHINA 2: REFORMA DOS SUBSÍDIOS AO SETOR ENERGÉTICO
Pela primeira vez o governo chinês propõe explicitamente um mapa do caminho para a reforma dos subsídios ao setor de energia, contendo direções e calendário de ações. A proposta é baseada no relatório peer-reviewed pelos EUA.
https://chinadialogue.net/article/show/single/en/9396-China-to-reform-fossil-fuel-subsidies-
EVO MORALES: BOLÍVIA PRECISA SE ADAPTAR À MUDANÇA DO CLIMA
O governo boliviano declarou na segunda feira estado de emergência por conta da escassez de água provocada pela pior seca em 25 anos. Estima-se que já foram afetadas 125 mil famílias, 290 mil hectares de cultivos agrícolas e 360 mil hectares de pastagens. Ao anunciar o estado de emergência, Evo Morales disse que os bolivianos têm que se “preparar para o pior” e que a crise “é uma oportunidade para o planejamento de grandes investimentos para a adaptação aos efeitos das mudanças climáticas sobre o sistema de suprimento de água do país”.
http://www.reuters.com/article/us-bolivia-drought-idUSKBN13G1P4
DEZ PASSOS PARA O AUMENTO DA TEMPERATURA PARAR EM 1,5°C
O Climate Action Tracker propôs 10 passos de curto prazo para manter o aquecimento do planeta abaixo de 1,5°C. O trabalho feito pela Ecofys, Climate Analytics e New Climate mostra porque estes passos são imprescindíveis e, possivelmente suficientes.
- Manter a penetração da geração com fontes renováveis ou com fósseis de baixa emissão até 2025 e atingir 100% da matriz até 2050;
- Nenhuma nova usina a carvão e cortar 30% das emissões das existentes até 2030. Nenhuma usina a carvão operando em 2050;
- Vender o último carro a combustível fóssil antes de 2035;
- Aviação e navegação: se comprometer e cumprir uma visão compatível com 1,5°C
- Todos os edifícios novos livres de fósseis e quase autossuficientes em energia (lembrando que nos países desenvolvidos, o inverno exige calefação);
- Taxa de renovação de edifícios de 5% em 2020. Até 2050, todos os prédios existentes hoje renovados ou demolidos;
- Plantas industriais novas de setores intensivos em emissões cortam metade das emissões e produzem materiais mais eficientes. Aço, cimento, amônia e petroquímicos com baixíssima pegada de carbono antes de 2050;
- Até 2030, reduzir as emissões de uso da terra para 95% menos do foi emitido em 2010. Parar o desmatamento líquido até 2020;
- Na agricultura comercial, reduzir a intensidade de emissões, disseminar melhores práticas, aumentar o passo das pesquisas;
10. Pesquisar, desenvolver, planejar e implantar emissões negativas, removendo CO2 da atmosfera.
http://climateactiontracker.org/assets/publications/publications/CAT_10_Steps_for_1o5.pdf
CARRO ELÉTRICO DE TODO LADO
A Toyota criou uma nova empresa para produzir carros elétricos. O mercado prevê os primeiros lançamentos para 2020, provavelmente usando a plataforma do seu Prius.
Já os chineses lançaram mais um. Desta vez um superesportivo com 1.360 CV e aceleração brutal – 0 – 200 ikm/h em 7,1 segundos. Tem um motor elétrico em cada roda e uma bateria que carrega em 45 minutos e tem autonomia de mais de 300 km.
E a Tesla, do visionário Egon Musk, anunciou um lucro de US$ 22 milhões no último trimestre – o artigo compara com o prejuízo de US$ 37 BILHÕES das petroleiras por conta da Arábia Saudita ter forçado o preço para bem baixo. O faturamento da Tesla vem, por enquanto, da venda de seus carros elétricos. Mas contam com a receita das baterias de parede e da linha de telhados fotovoltaicos.
http://www.team-bhp.com/news/toyota-set-new-electric-vehicle-company
http://g1.globo.com/carros/noticia/2016/11/start-lanca-superesportivo-eletrico-com-1360-cavalos.html
CHERNOBYL SOLAR
Lembram da usina nuclear de Chernobyl na Ucrânia que explodiu vazando a maior quantidade de radiação da história da indústria nuclear (história breve, esperamos)? A área em torno da usina é considerada inabitável e imprópria para qualquer atividade agropastoril e industrial. Agora vêm duas firmas chinesas querendo construir uma usina solar. Não há detalhes de tamanho, tipo e localização, mas os chineses estão confiantes a ponto de começar a construção no ano que vem.
http://www.reuters.com/article/us-china-solar-chernobyl-idUSKBN13G0DM
A SECA NA CALIFORNIA JÁ MATOU MILHÕES DE ÁRVORES
A seca braba no Nordeste já dura cinco anos. A da Califórnia, dura seis. Nestes seis anos, estima-se que morreram mais de 100 milhões de árvores. Só neste ano morreram mais de da metade. Numa área de 31.000 km2 (mais de 3 milhões de hectares), as árvores morrem por falta de água, por ficarem mais vulneráveis a besouros e outros insetos e, secas, por incêndios. Mesmo voltando as chuvas, os florestais americanos preveem que a mortandade vai continuar por mais tempo, anos talvez.
http://www.ecowatch.com/dead-trees-california-drought-2103497094.html
E NA LOUISIANA DO KATRINA, ENCHENTES E DESLIZAMENTOS
Os cenários para uma Louisiana depois que Trump revitalizar o carvão e o fracking americanos é perder parte da costa americana para as águas do Golfo do México. A previsão é de ter que mudar Nova Orleans para um lugar mais alto. Seria a primeira vez na história que alguma coisa do México conquista terras americanas.
UM JEITO DE MEDIR O AQUECIMENTO GLOBAL: COMPARAR O NÚMERO DE DIAS MUITO QUENTES COM OS MUITO FRIOS
Até pouco tempo atrás, o número de dias muito mais quentes do que a média era aproximadamente igual ao número de dias muito mais frios do que a média. Hoje, nos EUA, os quentes batem os frios por 2 a 1. Os modelos climáticos preveem que, se o aquecimento global chegar a 2,5 °C, os quentes vão dar de lavada: 15 a 1. Cientistas da National Center for Atmopheric Research acham que este é um jeito mais fácil de comunicar e das pessoas entenderem o que significa aquecer a atmosfera. Fazem um paralelo com a gente que percebe que está com febre (muito quente), mas nem percebemos quando nossa temperatura subir de 36 °C para 36,5 °C
MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO OCEANO ANTÁRTICO
Os oceanos são uma “espécie de ar condicionado do planeta” e o oceano Austral (ou Antártico) – sem barreiras e com correntes intensas em resposta a ventos fortes – é peça fundamental nas mudanças do clima. A oceanógrafa da USP Ilana Wainer diz que “o oceano Austral é a principal conexão entre as maiores bacias oceânicas e é também responsável pela comunicação do oceano profundo com a atmosfera, permitindo que sinais de anomalias na temperatura, por exemplo, sejam carregados das camadas superficiais para maiores profundidades. Em suma, o oceano Austral tem um papel importante nas mudanças do clima”. E algumas mudanças detectadas pela pesquisadora na Corrente Circumpolar Antártica afetam, por exemplo, o nível do mar, a temperatura dos oceanos, o sequestro de carbono e as funções ecossistêmicas.
http://agencia.fapesp.br/mudancas_climaticas_tem_grande_impacto_no_oceano_austral/24342/
MARES AFETADOS PELA ACIDIFICAÇÃO PROVOCADA PELO AUMENTO DA CONCENTRAÇÃO DE CO2
Pesquisa publicada na Nature Climate Change compila dezenas de estudos existentes para entender o impacto da acidificação nos oceanos. O trabalho analisa como a acidificação afeta os habitats mais complexos e importantes do mar, como corais, prados de ervas marinhas e florestas de algas. Nos recifes de coral, a diversidade e a complexidade da vida marinha diminuem à medida que a acidificação aumenta. E os pesquisadores comprovaram que as espécies que usam carbonato de cálcio para construir suas conchas e esqueletos, como mexilhões e corais, são particularmente vulneráveis à acidificação. Já nos leitos de ervas marinhas, não se observou o esperado aumento da biodiversidade sob níveis crescentes de CO2.
http://exame.abril.com.br/geral/a-quimica-dos-oceanos-esta-mudando-e-isso-nao-e-nada-bom/