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O Centro da Crise: a bacia do rio Paraná I

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Represas hidrelétricas na bacia do rio Paraná. Fonte: Agência Nacional de Águas.

Por Alcides Faria, diretor executivo da Ecoa.

 

Com 87,98 milhões de hectares e uma população de mais de 60 milhões de habitantes, predominantemente urbana (93% do total), a unidade ambiental “bacia do rio Paraná” abarca estados populosos e centrais na economia brasileira nas áreas de serviço, indústria e agricultura. São eles: São Paulo com 25% da bacia; o Paraná 21%; Mato Grosso do Sul 20%; Minas Gerais 18%; Goiás 14%; Santa Catarina 1,5% e o Distrito Federal 0,5%. O estado de São Paulo sozinho é responsável por 33,9% do Produto Interno Bruto do Brasil, sendo que toda a bacia ultrapassa os 50% do PIB.

 Essa distribuição do território da bacia do Paraná entre os estados brasileiros é um elemento importante para entender as causas para que um período de menor precipitação de chuvas espalha crises por setores dependentes da qualidade e quantidade de água, casos da geração de energia, abastecimento humano, da navegação, da pesca, piscicultura, irrigação e turismo.

A parte mais visível da crise é a da falta de água para geração elétrica, forçando medidas como acionamento das caríssimas usinas geradoras a óleo e gás, fechamento da hidrovia Tietê- Paraná para reter água nos reservatórios de usinas e, o mais mostrado, o aumento brutal nas contas de energia elétrica. No horizonte a possibilidade de racionamento.

Uma das razões principais da construção da crise é a existência de grande número de hidrelétricas na bacia do rio Paraná – são mais de mil. De maior porte são 57, com grandes reservatórios, responsáveis pelo fornecimento de 54 % da energia elétrica consumida no país. No leito do rio são 5. Em sequência: Ilha Solteira, Jupiá, Porto Primavera, Itaipu e Yacyretá. Itaipu, compartida entre Brasil e Paraguai, é a última em território brasileiro e Yacyretá opera entre Paraguai e Argentina.

Represas para geração elétrica na bacia do rio Paraná no Brasil. Imagem: Agência Nacional de Aguas (ANA).

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Folha de São Paulo “Entidades setoriais e donas de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) têm intensificado o contato com parlamentares para derrubar os vetos do presidente Lula a artigos da lei das eólicas offshore. Esses artigos preveem a contratação obrigatória dessa fonte de energia por parte do governo, independentemente de haver demanda da iniciativa privada. Lula vetou a contratação de 4,9 GW (gigawatts) de PCHs em janeiro, mas esse veto será analisado neste mês –com reais possibilidades de ele ser derrubado. O artigo também prevê a contratação compulsória de usinas termelétricas movidas a gás e a carvão.” Anotando; 4,9 GW é uma barbaridade. Nessa toada a área de energia vai no caminho da desestruturação.