Enquanto governos e sociedade civil se unem globalmente em protestos e iniciativas contra com o avanço do desmatamento e das queimadas na Amazônia, uma outra emergência ambiental de grandes proporções está em andamento e ameaça a maior área úmida continental do planeta.
Neste ano, o avanço descontrolado do fogo sobre o Pantanal atingiu níveis críticos:
– Em território boliviano, foram afetados mais de 825 mil hectares.
– De agosto a setembro, mais de 175 mil hectares foram destruídos pelas chamas em áreas de preservação no Paraguai.
– Entre janeiro e agosto, ao redor de 647.200 hectares do Pantanal brasileiro foram queimados – um aumento de 455% em relação à 2018; 126% em comparação com a média dos últimos 3 anos e 96% quando comparado à média dos últimos 10 anos (INPE, 2019).
Para dar mais visibilidade à essa situação, entidades ligadas à causa ambiental nos três países, assinaram nesta quinta-feira (18/09) uma Carta para cobrar união de esforços e medidas efetivas de proteção ao Pantanal.
A iniciativa foi articulada pelo Observatório Pantanal, uma rede internacional que reúne ONGs e, entre elas, a Ecoa, movimentos sociais e pesquisadores/as dos três países.
Um dos trechos dessa carta diz que:
“(…) As ações e desenvolvimentos humanos têm aumentado a intensidade e a frequência dos incêndios e de seus impactos adversos, culminando em incêndios incontrolados que colocam em perigo as áreas prioritárias para a conservação, bem como a capacidade de resiliência ecológica do Pantanal”.
O documento é resultado da Assembleia Geral do Observatorio Pantanal, que reuniu mais de 30 entidades da Bolívia, Paraguai e Brasil, entre os dias 27 e 29 de agosto, em Campo Grande/MS.
Além de dados e informações que ressaltam a importância que tem o Pantanal para a conservação da biodiversidade, são elencadas propostas para que se tomem medidas preventivas às queimadas. Entre as ações sugeridas ao poder público, estão a retomada de compromissos firmados em 2018, pelos ministérios do Meio Ambiente dos três países, durante o Fórum Mundial da Água, realizado em Brasília/DF. Na ocasião, os governos concordaram em promover 32 medidas conjuntas que incluíam controle da poluição e o investimento em pesquisa.
A Carta também menciona a necessidade de formação de brigadas e o monitoramento, fiscalização e restauração das áreas afetadas.
Confira aqui o documento completo.
Foto de Capa: Queimadas no Pantanal (Jean Fernandes, 2009)