Por Iasmim Amiden (Ecoa – Ecologia e Ação)
Iasmim é jornalista, graduada pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e coordena o Programa Oásis de proteção aos polinizadores, da Ecoa
Sabemos que o declínio de polinizadores e, principalmente, de abelhas é um dos problemas mais graves enfrentados atualmente pela humanidade. O chamado Colapso das Colmeias coloca algumas espécies sob o risco de extinção. Isto porque seus espaços são devorados pelos agentes químicos, desmatamento e queimadas. A polinização é de extrema importância para a sobrevivência do ser humano, pois o cultivo agrícola é dependente deste papel ecossistêmico desempenhado pelas abelhas.
Com o desaparecimento das polinizadoras, os impactos também são negativos na economia, porque o mel contribui para geração de renda de milhares de famílias. A região Sul do país é a principal produtora de mel e já declarou que o problema de mortandade das abelhas está generalizado.
Pesquisadores e também os amantes das abelhas buscam alternativas para sua sobrevivência, seja no campo, ou nas cidades. Em Curitiba, por exemplo, surgiu a ideia de implantar Jardins de Mel, que serão, a partir de setembro, locais com caixas de colmeias e mudas de plantas melíferas, para estimular a presença dos insetos. O projeto tem o objetivo de oferecer maior polinização para a cidade, no Paraná. Além disso, tem o intuito de promover a educação ambiental sobre os benefícios proporcionados pelas abelhas.
Os locais escolhidos para implantação dos jardins são os principais parques de Curitiba: Jardim das Sensações, no Jardim Botânico e o Bosque Reinhard Maack, no bairro Hauer. O projeto é viabilizado em parceria pelas secretarias municipais do Meio Ambiente e da Educação, a Fundação Cultural de Curitiba e o Instituto Municipal de Administração Pública (Imap) e chega junto a primavera – estação escolhida para dar início a inauguração dos Jardins de Mel.
A proposta remete também a ideia do “oásis urbano“, uma prática já adotada em cidades americanas e do Reino Unido. Estes são espaços nas cidades, como os terraços, com colmeias para promover a polinização. Há algum tempo, a Ecoa criou a proposta de aplicar oásis ao Pantanal, ou seja, oferecer espaços nas regiões mais selvagens – onde não se utilizam agrotóxicos e onde o desmatamento e queimada são menos intensos – para conservação de polinizadores. Neste contexto, além de preservar as espécies, comunidades tradicionais do Pantanal, principalmente as ribeirinhas, podem ter uma alternativa rentável com a produção e venda do mel.