Tradução e Texto por Iasmim Amiden (Ecoa – Ecologia e Ação)
Iasmim é jornalista, graduada pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e coordena o Programa Oásis de proteção aos polinizadores, da Ecoa
Texto originalmente publicado em 22 de março de 2018.
Uma animação feita com base em um conjunto de dados mostra a migração de 118 espécies de populações de aves terrestres no Hemisfério Ocidental. Cada ponto representa a localização estimada do centro de cada população para cada dia do ano. Estas estimativas são resultado das milhões de observações provenientes do banco de dados do eBird, uma ferramenta de Ciência Cidadã. O eBird é online e funciona em tempo real, lançado em 2002 pelo Laboratório Cornell de Ornitologia e pela organização National Audubon Society, que permite aos observadores de pássaros enviarem seus dados de observação.
As cores presentes na animação representam a média diária da temperatura do ar na superfície, calculada por observações feitas de 1981 a 2010. O amarelo e o vermelho representam temperaturas mais quentes, enquanto o azul representa as áreas com temperaturas abaixo de zero.
Padrão de migração das aves
Um estudo recente que explorou as trajetórias dessas aves, publicado na revista científica “Proceedings of the Royal Society B”, encontrou grandes semelhanças nas rotas utilizadas por grupos específicos de espécies. Uma das principais conclusões do estudo é que as espécies de aves que voaram sobre o Oceano Atlântico durante a migração no outono para passar o inverno no Caribe e na América no Sul, seguiram uma trajetória repetitiva no sentido horário e tomaram um caminho mais para o interior em sua jornada de retorno durante a primavera. Entre as espécies que seguiram tal padrão estão: as aves Bobolinks, os cucos amarelos e de bico preto, toutinegras de Connecticut e Cape May, turdidae de Bicknell e aves limícolas, como a tarambola dourada americana.
Esses caminhos repetitivos ajudam os pássaros a aproveitarem mais os ventos favoráveis durante a migração da primavera e outono. Para espécies que não voam sobre o oceano aberto, o estudo aponta que muitos usam as mesmas rotas de migração na primavera e no outono. Recursos geográficos que moldam esse padrão incluem cadeias montanhosas ou canais que levam os migrantes por rotas estreitas.
Pantanal – Um destino de migração
Um estudo feito pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) mostra as aves migratórias ocorrentes no Pantanal, lugar com abundância de alimento para as espécies e propício à sua conservação. Por estes e outros fatores, a Ecoa lançou em 2016 o Programa Oásis de Conservação de Polinizadores com o objetivo de promover a proteção das espécies em regiões do Pantanal ainda não atingidas pelos efeitos dos pesticidas, desmatamento e queimadas – alguns dos causadores das mortes de polinizadores pelo mundo.
Na animação feita com dados do eBird, também é possível perceber a ocorrência de migração de espécies de aves para a região pantaneira.
Mais informações sobre a migração das 118 espécies podem ser encontradas em: All about birds.
*Com informações do Science On a Sphere