Os pesticidas junto a crise do clima e a perda de habitat, foram culpados pelo declínio dos polinizadores. Em um novo estudo publicado na terça-feira, 3 de março de 2020, cientistas examinaram exatamente como as abelhas são afetadas pelos pesticidas, escaneando seus cérebros e testando suas capacidades de aprendizado.
Os cientistas descobriram que as abelhas recém-nascidas conseguem sentir os efeitos da comida contaminada trazida pelas outras abelhas para a colônia, fazendo com que elas fiquem fracas para desempenhar suas tarefas mais à frente.
O Dr. Richard Gill, professor sênior do Departamento de Ciências Biológicas da Imperial College London e autor do estudo, comparou como um feto pode ser danificado por uma substância nociva no útero.
“As colônias de abelhas agem como superorganismos, portanto, quando qualquer toxina entra na colônia, elas têm o potencial de causar problemas no desenvolvimento das abelhas”.
“É preocupante neste caso, quando as abelhas jovens são alimentadas com alimentos contaminados com pesticidas. Isso faz com que partes do cérebro cresçam menos, levando as abelhas a possuírem cérebros menores e com problemas funcionais; um efeito que parecia ser permanente e irreversível”.
Os pesquisadores também examinaram o cérebro de cerca de 100 abelhas envolvidas em seu estudo usando a nova tecnologia de varredura por micro-CT e descobriram que aquelas que foram expostas a pesticidas tinham um volume menor de uma parte importante do cérebro de insetos, conhecida como “corpo de cogumelo (mushroom body em inglês)”.
Sabe-se que o “corpo do cogumelo” está relacionado à capacidade de aprendizado dos insetos, e o baixo desempenho na tarefa de aprendizado se correlaciona com o menor volume corporal do cogumelo, apoiando a sugestão de que a exposição à pesticidas é a causa do mau desempenho das abelhas, segundo o estudo.
Gill afirma que a pesquisa mostra que o papel que os pesticidas podem ter desempenhado no declínio das abelhas e outros polinizadores podem ter sido subestimados, quando comparados a crises climáticas e perda de habitat.
Imagem de capa: Dylan Smith/ Imperial College London