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Quais os principais fatores que detiveram o avanço dos incêndios no Pantanal nos últimos dias?

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Imagem: Acervo Ecoa.
  • Existe a possibilidade de os incêndios voltarem no município de Corumbá (MS) e outras regiões?

O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, através da ministra Marina Silva, e o Corpo de Bombeiros do Mato Grosso do Sul, nas palavras da Tenente-coronel Tatiane Inoue, divulgaram que, nesse momento, os incêndios no Pantanal estão próximos da extinção, avaliação com a qual concordamos com base nas ‘ferramentas’ que manejamos: imagens de satélite, informações vindas de diferentes regiões enviadas pela rede de contatos que a Ecoa tem, incluindo 23 Brigadas Comunitárias voluntárias, ribeirinhos, pescadores e várias organizações locais.

No processo de análise e avaliação desta semana, entendemos por bem apresentar os principais fatores que conduziram o recuo dos incêndios com o objetivo de contribuir para o necessário planejamento das ações dos próximos meses.

Clima

A frente fria que entrou no País a partir do Sul e alcançou o Pantanal reduziu a temperatura drasticamente nas regiões onde ocorriam os principais focos de incêndio, em partes dos municípios de Corumbá e Miranda, ambos no MS. A queda na temperatura veio acompanhada de alguma chuva – pouca, na verdade – depois de um longo período de extremo calor e sem nenhuma chuva.

Ações de prevenção

O governo de Mato Grosso do Sul e o Ministério de Meio Ambiente iniciaram os preparativos para o combate ao fogo há alguns meses. O governo do MS destinou 25 milhões de reais para as operações de prevenção e combate ao fogo através do Corpo de Bombeiros, muito antes dos incêndios tomarem a proporção que tomaram. Medidas corretas foram adotadas, dentre elas o estabelecimento de bases avançadas, inibidoras de incendiários e facilitadoras de pronta ação de combate; a proteção da Estrada Parque Pantanal e suas pontes; o trabalho educacional nas Escolas das Águas e aquisição de equipamentos.

O Ministério do Meio Ambiente trabalhou desde o inicio do ano na preparação de um plano que, na sua execução, mobilizou várias forças governamentais para trabalharem de modo convergente para a contenção do fogo. A alta direção do MMA envolveu-se diretamente. Deve-se ter em conta o trabalho de articulação realizado pelo MMA com os governos estaduais, situação que não ocorreu em governos anteriores.

Brigadas Comunitárias voluntárias, o apoio do Ministério Público do Trabalho e as organizações não governamentais

Hoje as Brigadas Comunitárias voluntárias são 23, e as privadas, em fazendas, outras tantas. Desde o surgimento dos primeiros focos nos municípios de Ladário, Miranda e Corumbá, todos em MS, várias brigadas atuaram para impedir que focos se transformassem em incêndios – inclusive no interior de fazendas, a convite de proprietários. Uma Área de Proteção Ambiental (Baía Negra) foi salva até agora pela atuação conjunta da Brigada Comunitária e dos brigadistas do PrevFogo Ibama. Está em andamento um trabalho de reaparelhamento de algumas das brigadas, com apoio do Ministério Público do Trabalho.

Treinamento de duas brigadas comunitárias no Pantanal: Aldeia Morrinho e APAIM. Foto: Victor Hugo Sanches.

Identificação e investigação sobre os responsáveis por iniciar incêndios

O trabalho do Ministério Público de Mato Grosso do Sul, em conjunto com a Polícia Militar Ambiental, para identificação dos responsáveis e eventual responsabilização certamente foi um fator importante para intimidar eventuais propagadores de fogo no Pantanal. Contribui para esse ‘efeito’ a determinação do Ministério da Justiça que a Polícia Federal iniciasse investigações sobre os responsáveis pelos incêndios.
Aqui vale o registro de que levantamentos indicam que a quase totalidade dos focos tiveram início em propriedades particulares.

O importante papel da mídia de um modo geral

A mídia no geral, tanto grandes publicações quanto as menores, fizeram o acompanhamento de maneira correta, mostrando a gravidade das condições climáticas e os danos do fogo, além da necessidade de ampliação das intervenções dos órgãos governamentais. Um momento importante, por exemplo, foi quando O Globo publicou matéria sobre os Guardiões do Pantanal a partir da defesa que a comunidade da APA Baía Negra realizou na unidade de conservação.

E os próximos dias?

A frente fria derrubou a temperatura na parte do Pantanal, porém não trouxe chuvas para toda a região. Levantamento feito pela Ecoa indica que mais ao norte de Corumbá, na Serra do Amolar, não choveu. Chuvas insuficientes em algumas partes e continuidade da seca em outras indicam que o quadro de incêndios pode ocorrer novamente.

A frente fria derrubou a temperatura em Corumbá, chegando possivelmente à mínima de 8°C durante o final de semana. A partir de quarta-feira (17/07) as temperaturas devem voltar a subir, alcançando máximas de até 40°C, sem chuvas previstas. Condições propicias para o fogo. Prevenção é a palavra-chave no momento.

 

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