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Estação Ecológica de Taiamã, um refúgio no Pantanal

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Foto: Daniel Kantek / ICMBio

Numa ilha no meio do rio Paraguai, fica a Estação Ecológica de Taiamã. O local é considerado um verdadeiro refúgio pantaneiro: são 11.555 hectares de área protegida que abrigam imensa variedade de espécies características da região. 

Criada em 1981, no município de Cáceres (MT), a estação é considerada extremamente importante para a conservação. É também um local relevante nos cenários nacional e internacional para a realização de pesquisas científicas. 

Constituída principalmente por campo inundável, na Estação Taiamã é possível observar lagoas permanentes e temporárias, corixos e baías. Assim como outros pontos do Pantanal, a reserva é fortemente influenciada pelo ir e vir das águas e do regime hidrológico do rio Paraguai. Com a seca que perdura há três anos, a paisagem da reserva também foi impactada.

Por sua importância ambiental, em 2018 recebeu o título de ‘Sítio Ramsar’, conferido internacionalmente com objetivo de garantir melhorias e ações de proteção em áreas úmidas. 

Foto: Daniel Kantek / ICMBio

A Estação possui altos níveis de biodiversidade, além da ocorrência de espécies vulneráveis ​​ou ameaçadas de extinção.  Um dos seus aspectos mais interessantes é presença expressiva de grandes vertebrados brasileiros, não encontrada em nenhum outro lugar do continente.

Nos rios que fazem fronteira com a UC, foram identificadas 131 espécies de peixes, o que representa 48,33% do total de espécies do Pantanal. A UC também é caracterizada pela grande abundância de aves, sendo que o local é rota de para espécies migratórias. Além disso, a reserva é abrigo para diversas espécies de mamíferos e répteis.

As visitas à Taiamã possuem restrições visando a proteção do local. Não é permitido apetrecho de pesca ou armas, assim como é fundamental estar acompanhado de guias que conheçam bem a região. A estação é acessível por via fluvial ou estrada de terra e via pluvial. Uma das vias de acesso parte de Cuiabá, pela rodovia BR 364, num percurso de 230 km até Cáceres. Da cidade, é preciso descer 198 km pelo Rio Paraguai.

Apesar do percurso longo, turistas que visitam a reserva costumam ser recompensados. Por se tratar de uma das áreas mais intocadas do Pantanal, é possível avistar aves, capivaras, jacarés, ariranhas, e quem sabe, até onças-pintadas.

Foto: Daniel Kantek

Lar das onças pescadoras

A Reserva Taiamã abriga a maior densidade de onças-pintadas conhecida no mundo: estimativas apontam que existam 12,4 animais por 100 quilômetros quadrados. Por isso, a região é considerada crucial para a conservação desse felino.

Recentemente, pesquisadores fizeram uma descoberta inédita no local: uma comunidade de onças que pescam peixes e jacarés para se alimentar. Tal hábito fazem esses indivíduos se diferenciarem de outros da espécie que, em geral, se alimentam de mamíferos terrestres. 

Há ainda outra peculiaridade no comportamento dos indivíduos que vivem na reserva. Diferentemente do que se afirma sobre o comportamento desses felinos, tidos como solitários e territorialistas, as onças da Estação Taiamã são mais sociáveis, inclusive pescando juntas e brincando uns com os outros. 

A grande variedade e quantidade de presas é uma das explicações para a alta densidade de onças. Além disso, a variação do nível da água na região permite que as onças-pescadoras habitem o local durante períodos úmidos e secos.

A Ameaça do Porto  

A Reserva Ecológica Taiamã é um dos locais ameaçados pela construção do Porto Barranco Vermelho, em Cáceres, MT. 

Em janeiro deste ano, o porto recebeu licença prévia para sua instalação, concedida pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema) de Mato Grosso. A unidade portuária tem como objetivo o transporte de soja para o sul através do Rio Paraguai.

Foto: Daniel Kantek

Para o funcionamento do porto, será necessário a retificação das margens do Rio Paraguai (abrir uma linha reta), além da dragagem do leito em diversos pontos cruciais. Alguns desses pontos estão localizados nas áreas da Reserva Ecológica Taiamã e do Parque Nacional do Pantanal Matogrossense, ambos considerados refúgios importantíssimos para a biodiversidade pantaneira e duas das áreas mais intocadas e conservadas do Pantanal

 

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