André Siqueira de 22 anos, membro da equipe da Ecoa, tem seu trabalho reconhecido ao ganhar uma bolsa para “Capacitação de Lideranças para o Desenvolvimento Ambiental” da Both Ends – organização de fomento à pesquisa e ações para o desenvolvimento socioambiental ecologicamente sustentável.
Desde 2006, o estudante de biologia trabalha com comunidades do Pantanal por meio dos projetos da Ecoa. No final de 2007, André participou da seleção e conseguiu a bolsa que irá propiciar seu aperfeiçoamento profissional.
“Não acreditei quando vi o meu nome no site deles da internet. Isso não teria sido possível se não fosse pelo Alcides (Faria) e pela Rafaela (Nicola)”, explica André, se referindo ao diretor executivo e a diretora de projetos da Ecoa.
Primeiro curso
A partir do dia 16 de junho, André participa do curso “Ecologia Humana e Conservação”, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que se refere a um campo de investigação sobre a relação entre a espécie humana e o meio ambiente, ou seja, que se atenta para a importância da cultura, das relações sociais, ao se tratar da conservação do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável.
A coordenadora do curso, a ecóloga Alpina Begossi, trabalhou com comunidades de pescadores da Amazônia e Mata Atlântica por meio desta vertente da ecologia. Serão seis dias de curso nos quais André poderá discutir e conhecer iniciativas que seguem a perspectiva da ecologia humana. “Pretendo, também, formar uma rede de pessoas que trabalham com isso e, principalmente, aprender”, diz André.
Dessa visão de compartilhamento entre duas instâncias aparentemente separadas e separáveis (biologia e cultura), está a possibilidade de se resolver conflitos em comunidades pantaneiras, como é o caso da comunidade Barra de São Lourenço, onde ele atua pela Ecoa, e que sobrevive da pesca de iscas no Pantanal sul-mato-grossense. “É um processo muito novo dentro das diretrizes de conservação do país e que pode ser uma chave para resolver problemas em comunidades tradicionais”, acrescenta Siqueira.
Todo esse aprendizado servirá para delinear estratégias de ações nas comunidades pantaneiras, principalmente na Barra de São Lourenço que, segundo ele, é uma zona de conflito, entre a cultura tradicional e a pressão para o “progresso” e a venda de terras para grandes produtores e empresários.
Esta é a primeira das três viagens previstas por André. A próxima será em setembro para o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, na Amazônia, e no final do ano, para fora do país, em local ainda não determinado.
A descoberta
Depois do sonho de ser bombeiro, que se esvaiu aos 11 anos de idade, a única convicção de André era a de ser biólogo. Porém, seu primeiro grande encontro com a biologia se deu em uma manifestação contra queimadas. Há três anos, em uma das edições da campanha Queimada Mata!, promovida pela Ecoa e Rede Pantanal, André conheceu Alessandro Menezes, atual presidente da Ecoa, e logo, por insistência e capacidade, conseguiu fazer parte da equipe da organização.
Antes de trabalhar na Ecoa, André já havia feito parte da ONG Neotrópica, que também atua no Pantanal sul-mato-grossense. Na faculdade sempre buscou mobilizar seus colegas, para impedir descumprimetos de leis que visam à conservação ambiental.
Agora está mais próximo de realizar ações com maior credibilidade e que, de fato, mobilizem comunidades para a relação consciente e de equilíbio com o meio em que compartilham a vida.