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Diário da Crise Hídrica – 27 a 30 de setembro de 2021 – tempestade de poeira, baixa histórica em Assunção, destaque da seca no The Guardian e mais

21 minutos de leitura

30 set. 2021

Itaipu perto de fechar?

Rio Paraná sem peixes e as perdas do Paraguai com a venda de energia ao Brasil.

O The Guardian, como informamos, publicou matéria sobre os efeitos da crise de água para o Paraguai, tratando mais da bacia do rio Paraná. O país tem no Paraná e no Paraguai seus dois grandes eixos econômicos.

 

O Guardian mostra que os pescadores estão fazendo viagens cada vez mais longas na esperança de resultados melhores na pesca, mas está difícil.

Mostra também que a produção de eletricidade “na poderosa barragem de Yacyretá, que o Paraguai compartilha com a Argentina, também está afetada. Yacyretá e Itaipu – uma barragem ainda maior no Paraná compartilhada com o Brasil – produzem quase toda a eletricidade paraguaia e de acordo com o governo, Itaipu está perto de fechar devido à vazante” (com tradução livre)

Segunda a publicação, Mercedes Canese, consultora de energia e ex-vice-ministra da Energia, afirma que o Paraguai embora não sofra com a escassez de energia – usa apenas uma pequena parte de sua energia das duas barragens gigantes – está perdendo US$ 1,57 bilhão nas exportações anuais de excesso de energia para Argentina e Brasil. Segundo Mercedes, com a disparada dos preços de energia no Brasil, “muitos paraguaios dizem que uma injustiça histórica está se aprofundando. O Paraguai é obrigado por tratado a vender energia excedente da barragem de Itaipu ao Brasil a preço de custo, uma condição que o economista Miguel Carter calcula ter custado ao Paraguai US $ 75,4 bilhões de 1985 a 2018. Os preços no Brasil estão nas alturas, mas o Paraguai não pode vender sua energia a preços de mercado. Estamos falando de uma perda de centenas de milhões de dólares.”

 

29 set. 2021

Situação do reservatório de Furnas escancara o falido modelo de gestão da água no Brasil

A represa de Furnas, localizada em Minas Gerais no rio Grande, um dos rios formadores do rio Paraná, é responsável pela regulação de 21 barragens, sendo responsável pela geração de 17,71% de energia do país. Agora com a crise hídrica escancara-se uma crise muito mais ampla, com a destinação restrita para geração de energia e não consideração dos outros usos. Segundo a Alago (Associação dos Municípios do Lago de Furnas) e o comitê da bacia hidrográfica cerca de 50 atividades foram prejudicadas. “Está péssimo e piorando a cada dia. Turismo com prejuízo acima de 50%, piscicultura teve queda de mais de 70% na produção de pescados e pequenos agricultores, com suas plantações nas margens do lago, estão sem irrigação”, afirmou Fausto Costa, secretário-executivo da Alago e vice-presidente do comitê da bacia para a Folha de São Paulo. Costa continua: “Se houvesse outra política de geração de energia, outro pensamento, de tentar ao máximo reter a água no lago de Furnas nos últimos anos, ele estaria dando condições de uso múltiplo, de várias outras atividades e hoje, na escassez hídrica, estaria garantindo o país com geração de energia”.

O presidente de Furnas, Clóvis Torres, pediu desculpas aos moradores do Sul de Minas pela seca que atinge os municípios banhados pelo Reservatório de Furnas e anunciou medidas para tentar amenizar danos. Entre as medidas anunciadas está a construção de diques em alguns municípios, a revitalização de nascentes, a reabertura do escritório da empresa em Minas Gerais e a renovação das balsas que fazem o transporte de moradores de cidades banhadas pelo lago.

A “revitalização de nascentes”, anunciada somente agora com a crise e a pressão dos municípios como medida salvadora, deveria ser parte de política permanente da empresa de recuperação das microbacias

 

29 set. 2021

O site Metsul noticiou sobre uma tempestade de areia e pó no Paraguai, na manhã do dia 28 de setembro, muito parecido com o que aconteceu em várias regiões do estado de São Paulo no dia 26, domingo. A tempestade, que escureceu o céu, ocorreu na localidade de Caapucu, no departamento de Paraguari, no Sul do território paraguaio.

No ano passado uma tempestade de cinzas e poeira cobriu os céus de uma parte do Pantanal, na região da Serra do Amolar. A região havia sido devastada pelo fogo nos dias anteriores.

No caso de São Paulo e do Paraguai as causas básicas são o solo descoberto, limpo, sem vegetação, e prolongado clima seco e com ventos fortes.

 

 

29 set. 2021

Nuvem de poeira: desmatamento e mudança do clima aumentam risco de desertificação no Brasil

A junção de desmatamento em alta, a maior seca em nove décadas e a chegada das primeiras nuvens de chuva da primavera criaram o “cenário perfeito” para a nuvem de poeira que cobriu cidades no interior de São Paulo e Minas Gerais no último domingo (26/9). O fenômeno, conhecido como haboob, é bastante comum em países desérticos, mas no Brasil não é tão frequente. Sua ocorrência causa preocupação não apenas pelo tamanho, mas também pelo clima cada vez mais seco no Sudeste e Centro-Oeste, o que pode favorecer fenômenos desse tipo.

“A série de 20 anos de predomínio de períodos secos sugere uma alteração no clima, que pode ter relação com alguma mudança natural, mas também com o aquecimento global”, explicou Giovanni Dolif, do CEMADEN, a’O Globo. “O desmatamento na Amazônia compromete a fonte de umidade desse ar que vem para o Sudeste e Centro-Oeste”. O Metrópoles também fez a associação entre destruição florestal, seca e a tempestade de poeira no Sudeste. A reportagem do Estadão destacou a situação hídrica do norte paulista, que já convive com um racionamento de água em razão do esvaziamento dos reservatórios hídricos da região.

Falando em crise climática e seca, Cleide Carvalho explicou n’O Globo como a mudança do clima está aumentando o risco de desertificação no Brasil, especialmente no Nordeste. De acordo com análises da Universidade Federal de Alagoas, o estado alagoano é o que possui maior proporção de solo degradado em relação a seu território na categoria de maior risco para desertificação (10%). Na lista também estão Rio Grande do Norte (9,2%), Paraíba (7,1%) e Pernambuco (5,3%). O Globo fez uma lista de eventos extremos registrados recentemente no Brasil, como a cheia do Amazonas neste ano, os incêndios históricos no Pantanal e as tempestades que inundaram Belo Horizonte e São Paulo em 2020.

Em tempo: O clima extremo no Brasil também foi destaque na Bloomberg. A reportagem abordou os impactos da seca, dos incêndios florestais e das fortes ondas de calor e frio sobre a agricultura brasileira, uma das principais produtoras mundiais de alimentos. Com a colheita prejudicada, os preços de produtos como café, laranja e açúcar subiram no mercado global nos últimos meses, contribuindo para o aumento na inflação internacional de alimentos. De acordo com a ONU, os preços médios tiveram alta de 33% no último ano.

 

29 set. 2021

Militares argentinos atuarão como brigadistas no combate a incêndios florestais

O Ministro do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Argentina, Juan Cabandié, e o ministro da Defesa, Jorge Taiana, anunciaram a criação de uma “ unidade de coordenação interministerial para o manejo do fogo”. O objetivo é capacitar integrantes das Forças Armadas como membros da Brigada Florestal. Foi inaugurado formalmente o curso para brigadistas.

O ministro do Meio Ambiente anunciou que será assinado um convênio entre os Ministérios do Meio Ambiente e da Defesa “para a formação dos integrantes das diferentes Forças Armadas”

A informação é do site Era Verde.

 

29 set. 2021

Tempestade de areia no Paraguai

O site Metsul noticiou sobre uma tempestade de areia e pó no Paraguai, na manhã do dia 28 de setembro, muito parecido com o que aconteceu em várias regiões do estado de São Paulo no dia 26, domingo. A tempestade, que escureceu o céu, ocorreu na localidade de Caapucu, no departamento de Paraguari, no Sul do território paraguaio.

No ano passado uma tempestade de cinzas e poeira cobriu os céus de uma parte do Pantanal, na região da Serra do Amolar. A região havia sido devastada pelo fogo nos dias anteriores.

No caso de São Paulo e do Paraguai as causas básicas são o solo descoberto, limpo, sem vegetação, e prolongado clima seco e com ventos fortes.

https://twitter.com/i/status/1442835895082799112

 

28 set. 2021

Brasil esvaziou suas represas para gerar energia e rio Paraná subiu na Argentina, mas quadro de alta não se manteve.

O nível do rio Paraná em Rosário, na Argentina, subiu a partir do começo de setembro da crítica situação de -0,29 centímetros para 0,82 no último 21 de setembro trazendo um certo alívio, mas hoje, dia 28, o nível do rio já está em apenas 0,29 centímetros e com tendência de queda. A elevação do nível do rio tem relação, pelo menos em parte, com a liberação de água de reservatórios brasileiros para garantir geração de energia. No leito do rio Paraná em território brasileiro estão 4 grandes hidrelétricas: Ilha Grande, Jupiá, Porto Primavera e Itaipu. A primeira delas, Ilha Grande, já alcançou o limite de seu volume útil.

 

28 set. 2021

O site G1 produziu matéria sobre a situação da represa de Furnas, localizada no rio Grande, um dos formadores do rio Paraná

O G1 informa que “Furnas é responsável por regular 21 barragens e é responsável pela geração de 17,71% de energia do país, além de ser considerada uma das principais represas do sistema Sudeste/Centro-Oeste, que é responsável por 70% da energia fornecida no país.”
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), com uma geração média em torno de 280 MW, o que corresponde a 23% da sua capacidade instalada de 1.216 MW.

Desculpas e medidas tardias

O G1 informa ainda “que no dia 14 de setembro, o presidente de Furnas Centrais Elétricas, Clóvis Torres, pediu desculpas aos moradores do Sul de Minas pela seca que atinge os municípios banhados pelo Reservatório de Furnas e anunciou medidas para tentar amenizar danos. Entre as medidas anunciadas pelo presidente da empresa está a construção de diques em alguns municípios, a revitalização de nascentes, a reabertura do escritório da empresa em Minas Gerais e a renovação das balsas que fazem o transporte de moradores de cidades banhadas pelo lago.”

A “revitalização de nascentes”, anunciada somente agora com a crise e a pressão dos municípios como medida salvadora, deveria ser parte de política permanente da empresa de recuperação das microbacias, pois esta é a maneira da empresa garantir a produção de seu “insumo água”. Itaipu, por exemplo, desde 2003 desenvolve o Cultivando Água Boa (CAB), visando a segurança hídrica de sua região.

 

28 set. 2021

O Paraguai e a seca no The Guardian

“Paraguay on the brink as historic drought depletes river, its life-giving artery”

Matéria do The Guardian, uma das mais respeitadas publicações do mundo, publicou matéria mostrando que a “seca que começou no final de 2019 continua castigando a região” e que as mudanças climáticas e o desmatamento são apontados como intensificadores do fenômeno.
A abordagem do Guardian é a partir da situação do rio Paraná: “O rio experimentou uma elevação temporária enquanto o Brasil liberava água de reservatórios hidrelétricos para a produção urgente de eletricidade, mas os níveis estão caindo rapidamente.” Na bacia do rio Paraná são 57 represas em território brasileiro, sendo a ultima delas no curso do rio a de Itaipu, compartida com o Paraguai.

O The Guardian afirma que a seca ameaçou o abastecimento de água na Argentina, elevou os preços da energia no Brasil e ajudou a impulsionar incêndios florestais galopantes na região e lembra que o Paraguai, que não tem costa e depende de seus rios para inúmeros serviços sociais, ambientais e comerciais, enfrenta grandes tensões. O Paraguai que tem a “terceira maior frota fluvial do mundo” tem 96% de suas importações e exportações internacionais realizada ao pôr suas hidrovias: a do Paraná e a do Paraguai.

Juan Carlos Muñoz, diretor do Órgão Nacional de Navegação e Administração de Portos (ANNP) afrma na matéria que o setor de transporte enfrenta uma perda de 20% da receita – US $ 100 milhões – pelo segundo ano consecutivo, apesar das dragagens.

 

27 set. 2021

Rio Paraguai em situação Crítica. Capital do Paraguai atinge baixa histórica no nível do rio

A crítica situação do rio Paraguai, hoje 27 de setembro de 2021, segundo a Dirección de Meteorologia e Hidrologia do Paraguai. Tomam como ponto de partida a régua de Ladário (MS). O rio nasce na Chapada dos Parecis, no Mato Grosso, corre na borda oeste do Brasil até Porto Murtinho (MS); atravessa o Paraguai e encontra o rio Paraná na localidade de Ilha del Cerrito, na Argentina. A consequência econômica mais visível do baixo nível do rio é a interrupção da navegação ou a realização do transporte pelo rio em menor escala. O quadro leva a projetos “loucos” como dragar e explodir rochas na parte brasileira e no Paraguai para aprofundar o leito do rio.

 

27 set. 2021

A falta de cobertura vegetal e o tempo muito seco leva a essa situação apocalíptica. Franca (SP), uma das cidades atingidas pela tempestade de poeira, está sob racionamento de água.

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