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Diário da Crise Hídrica – de 20 a 24 de setembro de 2021 – Situação crítica no rio Iguaçu, aumento da oferta de eletricidade por parte do governo, crise agravada em São Paulo e mais

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ponte Jose Richa em União da Vitória Foto Gilson Abreu

24 set. 2021

Cidades do estado de São Paulo e a crise da água

A Companhia de Saneamento de São Paulo (Sabesp) informa que na região atendida por ela, o município de Franca passa por rodízio de água desde o dia 2 de setembro. A medida foi ampliada no último dia 18/9. Antes o rodízio era de um dia sem água a cada três e agora é de um dia a cada dois. O G1 trouxe de Alex Veronez, gerente distrital da Sabesp, classificou a situação como “histórica”: “Historicamente, nós não temos uma vazão desse nível, não. Desde que a gente tem o acompanhamento das vazões, nunca chegamos a esse ponto, não. É histórico, mesmo”

– A região metropolitana de São Paulo “aponta níveis satisfatórios dos reservatórios com as perspectivas de chuvas do fim da primavera e início do verão, quando a situação será reavaliada. Não há risco de desabastecimento neste momento”. Sabesp.

Outras regiões de SP:

– Rio das Pedras, na região de Campinas (SP), com cerca de 36 mil habitantes, com as chuvas em menor quantidade em 2020 e 2021, a cidade foi levada ao racionamento.

– Valinhos intensificou o racionamento nesta semana. Os moradores ficam sem água duas vezes na semana. “Valinhos faz parte da bacia dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, conhecida como PCJ”

– Nas bacias dos rios Piracicaba, Jundiaí e Capivari outros quatro dos 76 municípios vivem racionamento. 12 estão em estado de alerta.

– São José do Rio Preto, na região Noroeste, onde a estiagem é pior no Estado, o racionamento já dura quatro meses, sem data para acabar. Não chove na região há mais de seis meses.

A Sabesp informa que a região metropolitana de São Paulo “aponta níveis satisfatórios dos reservatórios com as perspectivas de chuvas do fim da primavera e início do verão, quando a situação será reavaliada. Não há risco de desabastecimento neste momento”.

Fonte: Valor, G1 e Folha de São Paulo.

 

23 set. 2021

Valor mostra que crise em São Paulo se agrava – Sabesp reduz pressão na tubulação à noite

A escassez de água provocada pela estiagem fez com que a Sabesp aumentasse em duas horas o intervalo em que reduz a pressão nos dutos que abastecem a cidade de São Paulo e a Região Metropolitana durante o período noturno. Até o mês passado, a redução na maior parte dos bairros ocorria de 23h às 5h e, agora, tem sido feita das 21h às 5h.

Os números segundo o Valor

“O chamado sistema integrado, composto por sete reservatórios, entre eles o Cantareira, que atende 21 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo e está hoje com 39,8% de sua capacidade, nível considerado crítico. O Cantareira estava com 32,4% do volume total.

São volumes menores que os que precederam a crise hídrica de 2014, quando o chamado volume morto (água que fica abaixo do sistema de captação) do Cantareira teve que ser acionado. Em 22 de setembro de 2013, o nível de água do Cantareira estava em 42,3% do total e o sistema total tinha 52,8%.”

 

23 set. 2021

Primavera não alivia a crise

Com a chegada da primavera a previsão das instituições que analisam o quadro climático é que a estação trará chuvas mais concentradas no oeste da região norte do país, no leste de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul e em uma parte do Nordeste, o que indica uma continuidade da crise de água onde se manifesta com intensidade, a bacia do rio Paraná (MG, GO, DF, MS, SP, PR e uma mínima parte de SC). A recuperação dos reservatórios das hidrelétricas deve demorar ou mesmo não ocorrer a contento. Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e o Climatempo apontam que setembro terminará com chuvas abaixo da média.

 

23 set. 2021

Governo aposta no aumento da oferta para não enfrentar problemas da redução de demanda por eletricidade

Para o enfrentamento dos efeitos da crise hídrica sobre o setor elétrico, o governo tem priorizado aumentar a oferta de eletricidade por meio da antecipação da entrada de térmicas e do acionamento de novas linhas de transmissão para trazer eletricidade do Nordeste e do Norte para o Sudeste. Por exemplo, nunca as térmicas em operação geraram tanto, com recordes em julho e, de novo, em agosto. Vale ver as matérias da CNN, UOL, Estadão.

Do lado da demanda, o governo recém lançou programas para redução voluntária de consumo, com resultados ainda desconhecidos.
Ontem, Miriam Leitão moderou uma live do Valor sobre a crise hídrica. Os dois representantes do governo – Luiz Carlos Ciocchi, diretor-geral do ONS, e Christiano Vieira, secretário do Ministério de Minas e Energia (MME), descartaram o racionamento e disseram que o governo está de parabéns pela qualidade da comunicação da crise. Além disso, os dois disseram que o governo vem tomando medidas desde o ano passado, sem especificá-las.

Mais uma vez o físico Paulo Artaxo lembrou dos avisos recorrentes dados a décadas pela ciência segundo os quais o clima ficaria cada vez mais seco exatamente onde estão os principais reservatórios. Falta, para Artaxo, uma governança energética de Estado, e não do governo de plantão. O caminho é aproveitar o imenso potencial eólico e solar para se depender menos das chuvas e, claro, dos fósseis. O Globo também disponibilizou um link para quem quiser ver a live.

Os professores José Goldemberg e Cristiane Cortez, na Folha, criticaram o governo por não ter poupado água nos reservatórios no último verão. Também criticaram a prioridade dada ao aumento da oferta e não ao controle da demanda, o que tem feito a conta de luz das famílias e do setor produtivo não parar de aumentar.

Em tempo 1: A chegada da primavera não representará um alívio para a maior crise hídrica em mais de nove décadas no Brasil. De acordo com INMET, a “estação das flores” será marcada por precipitações irregulares nas principais áreas de produção agropecuária do país, sendo que algumas delas podem registrar chuvas abaixo da média histórica. Por outro lado, os termômetros deverão começar a subir com força a partir de outubro, completando um cenário que pode intensificar as incertezas quanto à possibilidade de “apagão” por problemas na geração de energia elétrica. Agência Brasil, Exame, g1 e Valor destacaram essas informações.

 

20 set. 2021

A estatal chinesa China Three Gorges Corporation (CTG), responsável pela hidrelétrica de Ilha Solteira, no rio Paraná, emitiu nota sobre o fato de o reservátório da usina chegar a ZERO% de volume útil.

“Em função da crise hídrica instalada no país, a CTG Brasil vem acolhendo na sua integralidade as determinações recebidas, cumprindo rigorosamente a legislação, procedimentos e normas do setor elétrico brasileiro, bem como a Política de Operação definida pelo ONS para as usinas hidrelétricas sob sua concessão, e colaborando com o ONS e demais instituições”.

No site da empresa ela informa que está em 40 países e tem capacidade instala de 124 GW: “A China Three Gorges Corporation (CTG) é um grupo de energia limpa focado no desenvolvimento e operação de hidrelétricas de grande porte. A CTG também atua em negócios de energia renovável, incluindo energia eólica e solar. Presente em mais de 40 países, a empresa é hoje a maior produtora de energia hidrelétrica do mundo, com capacidade total instalada (incluindo éolica e solar) de aproximadamente 124 GW, tanto em operação como em construção.”

 

20 set. 2021

Rio Iguaçu, afluente do rio Paraná, está com sua maior hidrelétrica também em situação crítica

No dia 19 de setembro, o reservatório da usina Foz do Areia (Gov. Bento Munhoz) apresentava 12,87% de volume útil e uma defluência de apenas 113 m3/s. A vazão natural para o período, indicada pela Agência Nacional de Águas (ANA), é de 682,88 m3/s. A expectativa é que as últimas chuvas mudem esse quadro. Outras represas também estão em situação crítica dentre elas a Ilha Solteira, no rio Paraná, e a de Manso, no rio Manso, bacia do rio Paraguai.

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