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Diário da Crise Hídrica – 1 a 10 de setembro de 2021 – Brasil, Paraguai e Argentina e mais

36 minutos de leitura
Localização da Bacia do rio Paraná na América do Sul. Mapa desenvolvido pela Ecoa.

10 set. 2021

Crise na geração de energia também no rio Xingu

O grande problema na geração de energia na bacia do rio Paraná, com alta concentração de hidrelétricas, tem somado o do rio Xingu.

A publicação Poder360 informa que a usina de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará, está gerando muito menos que o esperado: 3% da energia projetada. Sua capacidade geradora é de 11.233 MW, mas gerou apenas 244 MW na quarta, dia 9 de setembro. A água é suficiente para mover apenas uma das 18 turbinas desde 4 de agosto.

 

9 set. 2021

Crise hídrica na bacia do rio Paraná é destaque do The New York Times de ontem (8).

Lucas Micheloud, membro da Associação Argentina dos Advogados Ambientalistas, foi um dos entrevistados. A Associação acredita que é preciso “avanzar hacia una gestión de cuencas con mirada de justicia social y ecológica, evitando el ecocidio de nuestros ríos.”.

9 set. 2021

Paraguai – Menos água, menor orçamento

O jornal paraguaio ABC Color informa que o Paraguai perderá recursos com a menor geração de energia das usinas de Itaipu (Brasil – Paraguai) e Yacyretá (Paraguai-Argentina). O País não terá problemas de abastecimento, mas o orçamento do país terá impacto.

O Paraguai recebeu de Itaipu entre janeiro e agosto 311,9 milhões de dólares, valor 5,5% menor que o do mesmo período do ano passado. A queda maior foi no item compensação: o preço pago pelo Brasil ao Paraguai pela energia não consumida. De janeiro a agosto de 2020, Itaipu pagou US$ 162,2 milhões; este ano, US$ 138,9 milhões, 14,5% menos.

No outro grande rio do Paraguai, o Paraguai, o problema do nível baixo também é grave.

As perdas monetárias de Argentina, Brasil e Paraguai com a menor quantidade de água na bacia do rio Paraná é enorme, principalmente na geração de energia e na navegação.

Informações: Abc Color e H2Foz.

 

9 set. 2021

Nível das represas que armazenam 70% das águas geradoras de energia está abaixo de 20%

Jornal Nacional (JN), da Rede Globo, informou ontem, dia 8 de setembro, que “de acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico, o nível médio de água nos principais reservatórios está hoje abaixo de 20%. Por medida de segurança, recomenda-se o desligamento das usinas quando a concentração de água chegar a 10%.”

O JN mostra que o “Sudeste e Centro-Oeste, que concentra 70% de toda a água armazenada no Brasil”, o que, basicamente, para o caso das hidrelétricas, trata-se das bacias dos rios Paraguai e Paraná.

Segue o JN: De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico, o nível médio de água nesses reservatórios está hoje abaixo de 20%. Uma das mais importantes, que é a de Furnas, tem apenas 16%. Outros reservatórios estão com o nível de água ainda mais baixo: é o caso de Ilha Solteira, Nova Ponte, Marimbondo, Emborcação e Itumbiara.

Professor Luiz Pinguelli Rosa, ex-presidente da Petrobrás, criticou a lentidão do governo: “A crítica que eu faço é que isso demorou, com os indícios de que não estava bem a hidrologia já desde o ano passado. As curvas mostram que a afluência de água já mostrava um declínio e seria prudente que medidas fossem tomadas com antecedência”.

 

9 set. 2021

Conta de luz é a 1ª prestação do prejuízo causado pelo desmatamento (Climainfo)

O desmatamento da Amazônia contribui duplamente para a seca no Sudeste e no Centro-Oeste: menos água é transportada do Atlântico pelos ciclos de evapotranspiração até as nascentes do rios voadores nos Andes e, ao emitir quase 1 bilhão de tCO2e por ano, ajuda a tornar o clima mais seco nesta região. Pedro Cortês, da USP, explicou ao El País que “o que está sendo precificado na conta de luz é o desmatamento da Amazônia”. Cortês também diz que “em agosto de 2020, já sabíamos que a estiagem viria”. A pouca chuva no último verão só aguçou a situação dos reservatórios. Roberto Araújo, do Ilumina, disse ao UOL que “a gente vem assistindo, desde 2014, um esvaziamento constante dos reservatórios. Já estávamos avisados de que teríamos problemas”. O governo, por sua vez, insiste na narrativa de que foi pego de surpresa. Se bem que, lentamente, ela está mudando. O ministro Bento disse ao O Globo que a crise não termina este ano e que será preciso monitorar os próximos anos. Sobre a relação entre o desmatamento da Amazônia e a crise hídrica, vale ver a matéria de Naiara Albuquerque na Galileu.

A consultoria PSR estima em 20% o risco de racionamento e acredita que o risco de blecaute é maior do que o de racionamento. Eles sugerem que o governo tenha pronto um plano de contingência: “A preparação destas medidas não significa que elas serão utilizadas, e sim uma questão de prudência”. O Canal Energia traz mais informações da publicação da PSR, o Energy Report. A MetSul, em consulta com vários meteorologistas, avisa que é grande a chance de que as chuvas de outubro e novembro fiquem abaixo da média histórica. Ao Poder 360, o senador Eduardo Braga disse que também acha que há um risco “seríssimo” de ser preciso decretar um racionamento já no mês que vem.

O impacto da crise na economia e, em especial, na inflação é objeto de duas matérias na Folha: uma sobre a reação das empresas e outra sobre o entendimento do Banco Central. Inflação e economia também são os focos de matérias do Correio Braziliense, CNN Brasil, Colabora. A CNN Brasil publicou outra matéria sobre a reação das empresas.

Manoel Ventura, n’O Globo, conta uma Medida Provisória permite às distribuidoras adiar o pagamento de impostos até o final do ano para aliviar a pressão no caixa da entrada das caras termelétricas fósseis.

Ainda em junho, o governo autorizou aumentar a importação de eletricidade dos vizinhos. O problema, segundo matérias n’O Globo e no Jornal Nacional, é que ela custa 12 vezes mais do que as eólicas e fotovoltaicas no país.

 

6 set. 2021

Argentina: 60 cidades com escassez de água

Gabriel Fuks, chefe de uma equipe do governo argentino que coordena a resposta a emergências no país afirmou ao The New York Times que nunca imaginou que o nível do rio chegaria ao que chegou agora: “Não estávamos preparados para esta emergência”. Fuks informa que a maior prioridade do governo é ajudar as cerca de 60 cidades ao longo do rio que estão enfrentando uma perigosa escassez de água. Na cidade de Paraná, às margens do rio, uma bomba que fornece 15% da água para uma cidade de 250.000 habitantes deixou de funcionar porque o nível da água estava muito baixo.

As poucas chuvas desde 2020 já derrubaram o Produto Interno Bruto (PIB), do agronegócio, em 2,8%. Matéria da Folha de S. Paulo do dia 3 de setembro diz que a “falta de chuva prejudica a produção na agropecuária, eleva custos na indústria, pressiona a inflação e, assim, atinge o consumo das famílias.”.

 

6 set. 2021

O New York Times tratou da situação extrema do rio Paraná produzindo matéria com o título “El Paraná se marchita y com él seca un pilar económico de Sudamerica”.

No texto o jornal mostra que “o segundo maior rio da região está ficando sem água em meio à pior seca em 70 anos, colocando em risco os ecossistemas, o comércio e a subsistência.”

Segue o NYT: “Numa região que depende fortemente dos rios para gerar energia e transportar os produtos agrícolas que são o sustentáculo das economias nacionais, o recuo do segundo maior rio do continente também prejudica as empresas, ao aumentar os custos de produção de energia e transporte marítimo.” – com tradução livre.

Para Lucas Micheloud, membro da Associação Argentina de Advogados Ambientais, a situação é muito mais do que um problema hidrológico. A autora do texto ouviu Lincoln Alves, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, que afirmou que fenômenos extremos, como a seca que atinge grande parte da América do Sul, estão se tornando “mais frequentes e intensos”. Lincoln trabalhou no último relatório do Grupo Intergovernamental de Especialistas. sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas.

Para o governo argentino a prioridade é resolver os problemas de abastecimento de 60 cidades que dependem das águas do rio.

 

6 set. 2021

Falta de água “seca” a economia e estragos são previstos para 2022

As poucas chuvas desde 2020 derrubaram em 2,8% o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio entre abril e junho de 2021, ante o trimestre imediatamente anterior. Informação divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no dia 2 de setembro. Em matéria de 3 de setembro, a Folha de S. Paulo diz, após ouvir consultorias econômicas, que a “falta de chuva prejudica a produção na agropecuária, eleva custos na indústria, pressiona a inflação e, assim, atinge o consumo das famílias. Se não bastasse isso, uma parte dos analistas demonstra preocupação com os riscos de racionamento obrigatório de energia elétrica e eventuais apagões devido à seca.”

 

3 set. 2021

Meteorologistas alertam para chuvas abaixo da média (Climainfo)

A dança da chuva do Planalto não deve estar funcionando. O Cemadem (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) avisou que teremos mais uma estação chuvosa com menos chuva, o que irá piorar a já grave crise hídrica. Em agosto, já havia a quase certeza de que aconteceria um novo La Niña ainda este ano, trazendo menos chuva para o Sudeste e o Centro-Oeste. O Globo reproduz um gráfico do Cemadem com a variação das chuvas em relação à média histórica. Não é crível alguém dizer que foi pego de surpresa – pelo menos desde 2002, chove menos em quase todo o país. E não há dúvidas de que a Amazônia, desmatada, não transfere mais tanta água para o sul.

Ontem, as represas do Sudeste/Centro-Oeste estavam com 21% de sua capacidade, segundo o site Metropoles e o ONS. Apesar disso, não há risco de as usinas hidrelétricas pararem, ao contrário do que disse o presidente outro dia – a Folha comentou a fala de Bolsonaro. O risco cada dia mais agudo é não ter água suficiente para suportar os picos de demanda que começam no meio da tarde quando os aparelhos de ar condicionado funcionam a plena carga, o que pode provocar apagões.

Elena Landau, ex-presidente do Conselho de Administração da Eletrobras, falou à UOL. Ela usou a palavra “grave” repetidas vezes para se referir à crise e falou da péssima gestão e comunicação por parte do governo na condução da economia, o que está nos levando de volta a uma inflação de dois dígitos, penalizando, como sempre, os mais pobres. “Pagar mais pela energia por questão climática, tudo bem, mas por incompetência, não”.

Numa live do Valor, Fernando Barbosa, do Bradesco, entende que estamos em “um nível bastante desconfortável. Não parece prudente do ponto de vista da segurança do setor que se opere ao redor de 10%.” Mas, talvez para não desmentir o ministro Bento, completou: “Nossa conta é que vai bater na trave, mas não entrar no gol. Ou seja, ficaremos próximos de ter racionamento.”

Empresários que conversaram com a Exame estão pedindo a volta do horário de verão, extinto em uma das primeiras medidas do governo Bolsonaro. O argumento era o de que a mudança de horário economiza pouca energia. Diante do quadro atual, qualquer pequeno bocado faz diferença.

 

2 set. 2021

Economista fala sobre efeito da crise hídrica na economia – Reuters

“O que me deixa mais preocupado é para a frente, quarto trimestre, ano de 2022. Se o risco hídrico, se concretizar, o PIB do ano que vem tem uma possibilidade de caminhar para zero. Não é nosso cenário base, mas tem que se levar em consideração. Reservatórios em baixa não é algo que se resolva rápido. O que aprendemos é que o risco é pequeno, mas está aumentando”. Diretor de pesquisas para América Latina do BNP Paribas, Gustavo Arruda.

Comentário: os efeitos já estão à vista. Exemplo: reservatórios que abastecem a grande São Paulo estão muito baixos, o que a partir de 2013 teve efeito desastroso na economia.

 

2 set. 2021

Grande São Paulo com reservatórios em níveis críticos

– A Folha de São Paulo publicou matéria no dia 1/9/21 mostrando que estão com menos água do que 2013, ano de início da outra grande crise.

– A população da Grande São Paulo é de cerca de 21,6 milhões de habitantes.

“Os reservatórios que abastecem a Grande São Paulo estão atualmente com níveis de armazenamento inferiores aos que tinham em 2013, um ano antes da pior crise hídrica do estado, que durou de 2014 a 2015.

Em alguns casos, a diferença do volume total armazenado supera 14 pontos percentuais, na comparação com o nível de com oito anos atrás.

Nesta quarta-feira (1º), por exemplo, o Sistema Cantareira, principal fornecedor da região metropolitana de São Paulo, tem 37% do volume operacional, com 363,07 hm³ de água. Em 2013, o nível era de 47,1% e 462,61 hm³ (um hectómetro cúbico equivale a 1 milhão de metros cúbicos).

Já o reservatório do Alto Tietê, outro sistema importante para a Grande São Paulo, apresenta 44,5% e 249,44 hm³, ante 58,5% e 304,70 hm³ em 2013.”

 

2 set. 2021

Perdas de bilhões na navegação com a crise da água no rio Paraná

Com a crise da água na bacia do rio Paraná e com baixo nível do caudal dos rios é noticiado perdas de bilhões na Argentina, Paraguai e no Brasil, por condições deficientes de navegação ou fechamento de via, como ocorreu a partir de 27 de agosto de 2021 com a hidrovia Tietê-Paraná. A situação é agravada pela retenção de água em reservatórios de represas para geração de energia.

Na Argentina, a Bolsa de Comercio de Rosario calcula o prejuízo com o transporte limitado pelo rio Paraná alcança já 315 milhões de dólares.

Em 2020 as perdas também foram altas, ultrapassando os 220 milhões. No Brasil, o fechamento da Tietê-Paraná gerará perdas de R$3 bilhões – aproximadamente US$ 600 milhões – para o setor hidroviário, cálculo do Sindicato dos Despachantes Aduaneiros.

 

2 set. 2021

A crise e os custos da energia elétrica

(Climainfo)

Governo anuncia nova bandeira tarifária, mais cara, e vê demanda elétrica totalmente atendida ao menos até novembro
A Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (CREG), criada pelo governo federal para lidar com os efeitos da crise hídrica na geração elétrica, anunciou a criação de uma nova bandeira tarifária para conter o consumo de energia elétrica pelos consumidores brasileiros. A partir de hoje, a bandeira de escassez hídrica cobrará R$ 14,20 a cada 100 quilowatts-hora (kWh), um aumento de 49,6% em relação à bandeira vermelha 2 (R$ 9,49), a mais cara até então. Por ora, o novo valor vai vigorar até o final de abril de 2022. A estimativa é que a conta de luz fique, em média, 6,78% mais cara nos próximos meses. Estadão, G1, UOL e Valor deram mais informações.
A CREG também validou a análise feita pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) um dia antes, que concluiu que as medidas tomadas para minimizar o impacto da crise hídrica na capacidade elétrica nacional tiveram efeito positivo e que a demanda elétrica será plenamente atendida sem a necessidade de ações adicionais (como racionamento), ao menos até novembro, a despeito dos cenários sombrios do Operador Nacional do Sistema (ONS) e da consultoria PSR.
Já Anne Warth explicou no Estadão a “surpresa” embutida na proposta de bonificação anunciada pelo governo para premiar os consumidores que reduzirem voluntariamente sua demanda elétrica. O desconto será de R$ 0,50 por cada kWh do volume de energia economizado dentro da meta de 10% a 20% na comparação com a média mensal de consumo entre os meses de setembro, outubro e novembro de 2020. Pela matemática financeira do governo, o bônus será pago pelo próprio consumidor por meio de aumentos diluídos na conta de luz de todos os consumidores.

 

1 set. 2021

Por Luiza Rosa.

 

O Diário da Crise Hídrica é um trabalho de monitoramento feito pela Ecoa para  trazer ao público as várias faces e causas da falta de água que afeta principalmente a bacia hidrográfica do rio Paraná (Brasil, Paraguai e Argentina). Este território é o centro econômico desses países e a falta de água tem efeitos sobre várias atividades, até mesmo sobre o abastecimento humano. Curitiba (PR), por exemplo, está sob emergência hídrica desde 2020. A Hidrovia Paraná-Paraguai, na Argentina, tem problemas desde o ano passado e a Tietê-Paraná deixou de funcionar no dia 27 de agosto de 2021. Na bacia do rio Paraguai, onde está o Pantanal, a crise é gravíssima, o que pode ser medido pelos incêndios de 2020.

Localização da Bacia do rio Paraná na América do Sul. Mapa desenvolvido pela Ecoa.

Somente no Brasil, a região hidrográfica do rio Paraná, cuja vegetação nativa é o Cerrado, tem uma área de 879,86 Km, quase 88 milhões de hectares, 10% do território brasileiro. Mais de 60 milhões de brasileiros vivem nela, é o centro da economia do país. Fazem parte da bacia os estados de São Paulo (25% da região); Paraná (21%); Mato Grosso do Sul (20%); Minas Gerais (18%); Goiás (14%); Santa Catarina (1,5%) e o Distrito Federal (0,5%).

O Cerrado é a “caixa d’água” do Brasil: é a origem de oito das 12 bacias hidrográficas brasileiras. O iminente colapso do bioma, em decorrência do desmatamento, e o agravamento das secas acarreta menos água para as populações rurais e urbanas e para a agricultura. A menor vazão dos rios também afetará a geração de energia hidrelétrica, com provável escassez.

Entenda o que vem ocorrendo em cada país da bacia do rio Paraná e Paraguai, de julho até hoje.

 

Argentina

A crise hídrica no país, já havia sido anunciada por movimentos ecologistas, segundo o advogado ambientalista Jorge Daneri, que declarou, no dia 13 de julho, que o país está planejando um Comitê da Bacia para gerenciamento da crise.

No dia 9 de julho, houve um chamado urgente para que fosse vedada a pesca na bacia do rio Paraná enquanto se mantivesse as condições hidrológicas de seca. O governo argentino decretou, no dia 28 de julho, “emergência hídrica” por 180 dias.

Não há água nem para navegar no rio Paraná, muitos navios cargueiros estão saindo do maior polo agroexportador da Argentina, em Rosário, com menos carga do que o normal devido ao baixo nível do rio Paraná.

A represa Yacyretá está com operação em 50% e o Centro de Monitoreo Meteorológico (SAT) emitiu um informe especial que aponta para baixa possibilidade de chuvas durante a primavera e o verão em toda a bacia do rio da Prata (rios Paraná, Uruguai e Paraguai).

A baixa histórica do rio Paraná, na Argentina, pode ser vista pela imagem produzida pela Comisión Nacional de Actividades Espaciales (CONAE), reproduzida abaixo, que compara a condição do rio em 2014 e em 2021.

Imagem gerada por DEFIS/Comissão Europeia. Fonte: Metsul.

O advogado ambientalista Enrique Viale publicou em seu twitter imagens chocantes da seca no rio Paraná, que podem ser vistas abaixo:

 

Paraguai

O Paraguai está em chamas e a temperatura chega aos 40°C.

Os rios Paraguai e Paraná encontram-se em seca histórica nunca vivida e está ocorrendo um desmatamento record.

A COVID-19 segue deixando rastros terríveis.

 

Brasil

A crise da falta de água na bacia do rio Paraná não começou em 2021, mas agora se agravou muito em algumas regiões e vai muito além de problemas para a geração de energia. O lago da usina hidrelétrica de Furnas, em Minas Gerais, no rio Grande, um dos formadores do rio Paraná, recuou 8 kms e os usos da água como irrigação, a piscicultura, os clubes náuticos, a hotelaria, passam por grandes dificuldades em vários municípios.

O uso de usinas termelétricas por conta da escassez nos reservatórios das principais hidrelétricas deve custar R$13,1 bilhões até novembro deste ano aos consumidores. Devido à crise hídrica, o governo autorizou o uso de todas essas usinas, até mesmo as mais caras, para garantir o abastecimento de energia no País. A despesa bilionária será embutida nas tarifas de energia no próximo ano.

Oito das vinte turbinas de Itaipú estão desativadas em decorrência da estiagem. O nível dos reservatórios do sistema Sudeste/Centro-Oeste continua caindo e, no dia 27 de julho, bateu o recorde histórico. Segundo Lauro Jardim, n’O Globo, foi menor até do que o ponto mais baixo registrado durante o Apagão de 2001. O sistema segue vulnerável e pode comprometer a retomada da economia pós-pandemia, seja pelo alto custo de operar as térmicas, seja pela necessidade de deslocar o consumo do horário de ponta.

A Hidrovia Tietê Paraná está paralisada desde o dia 27 de agosto, por falta de água.

Brasil pode ter a energia mais cara do mundo no fim do ano. País ocupa 2º lugar no ranking da tarifa mais alta, atrás apenas da Alemanha, cujos recursos hídricos são muito inferiores ao do Brasil.

Dezenas de municípios de cinco Estados brasileiros racionam água: problema está concentrado nas bacias do rio Paraná e do rio Paraguai.

No Paraná a capital, Curitiba e mais 28 cidades da região metropolitana enfrentam racionamento de água, com 36 horas com abastecimento e outras 36 sem água. Em julho, choveu 14,6 milímetros na região, diante da média histórica de 92,4 mm no mês. Curitiba enfrenta problemas e está sob emergência hídrica há mais de um ano.

No Pantanal, a cidade de Corumbá (MS) enfrenta problemas para captar água do rio Paraguai, pois o nível está muito baixo, comprometendo a ponte de captação, o que leva a necessidade de uso de bombas móveis e outras medidas. Já em Coxim (MS) município que tem parte de seu território no Pantanal, o problema está no abastecimento na zona rural, pois rios secaram e a administração trabalha com caminhões pipa.

O problema também alcança Minas Gerais, onde a Grande Belo Horizonte está sob risco. O Rio das Velhas, “responsável por abastecer 60% da região, entrou em estado de alerta no dia 3, segundo o Comitê da Bacia Hidrográfica”.

O prejuízo estimado para o PIB brasileiro é de ao menos R$ 60 bilhões, decorrente da safra menor no campo; do aumento da tarifa elétrica e seus efeitos nos setores industriais e de serviços; e do crescimento da inflação. Sem os impactos adversos do clima, a economia brasileira poderia crescer 5,5% neste ano; no entanto, por causa do clima extremo, o crescimento projetado do PIB é de 4,7%.

Cresce o risco de apagão e o governo dá sinais da possibilidade com medidas como redução na vazão das hidrelétricas, incentivos à indústria para a redução do consumo de energia nos horários pico e flexibilização nas margens de segurança na transmissão de energia. Em setembro novas medidas virão. É o que diz o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Traçarão metas de redução do consumo para clientes residenciais e pequenos empreendimentos em troca de bônus. Como pode-se deduzir, são medidas frágeis diante da gravidade da crise hídrica.

 

1 set. 2021

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